53 - Manhãs de Natal, Atrevimentos e Notícias Importantes

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Acordei um pouco antes das nove da manhã. Relativamente cedo para alguém que tinha ficado até altas horas assistindo tevê — sim, nós assistimos Esqueceram de Mim até o final. Não resisti a tentação de observar o Christopher dormindo — ainda que eu já o tivesse feito de madrugada, uma vez que ele pegou no sono antes de mim. Dei uma olhada ao redor e vi que o Darth Vader estava esparramado no sofá. Era mesmo um milagre que ele ainda não tivesse me acordado para alimentá-lo.

Rastejei para fora do edredom sorrateiramente. Eu não queria acordar o Christopher. Até porque ele tinha conseguido não acordar aos gritos naquela noite. Levantei. O Darth abriu os olhos para me fitar, se espreguiçou e saltou do sofá, me acompanhando quando me dirigi pé ante pé até a porta.

Depois de tomar banho, pentear os cabelos em uma trança e trocar de roupa — por uma roupa normal, não o uniforme, já que ainda era feriado —, desci para tomar café. Encontrei apenas o Heitor na cozinha. Ele foi simpático. Fiquei surpresa em perceber que ele não queria comentar nada a respeito da minha proximidade com o príncipe no dia anterior. Na verdade, foi ele que sugeriu, quando terminei de comer, que levasse café-da-manhã para o Chris.

Não era algo que eu faria normalmente. Mas por que não? Não era nada demais. O próprio Heitor montou uma bandeja com café, suco, pão de queijo, torrada, mamão e provavelmente mais algumas coisas que eu tinha certeza que o Christopher não comeria. Antes mesmo de alcançar o final da escada, eu já começava a mentalizar que aquilo era uma ideia péssima. E se ele ainda estivesse dormindo? Ou se não quisesse comer nada ou ser incomodado?

Perigosamente equilibrando a bandeja em uma mão só, dei uma batidinha de leve na porta da antessala. Escutei a voz dele vindo de algum lugar no interior do quarto. Dei meu jeito para continuar equilibrando a bandeja com uma mão e girar a maçaneta com a outra. Surpreendentemente não derrubei nada.

Com um olhar ao redor, constatei que ele não estava por ali. Ele também já tinha tirado as tralhas que tínhamos espalhado pelo chão.

— Chris? — Chamei, descansando a bandeja sobre a mesa, que estava outra vez no centro.

Ele apareceu à porta que ligava ao quarto um segundo depois, usando jeans, uma camiseta escura e tênis. O cabelo molhado despontava para todos os lados. Isso não o deixava menos bonito. Nem impedia meu coração de disparar, como sempre. Eu devo ter ficado analisando-o por tempo demais.

— Você trouxe café — ele falou, parecendo não notar o meu olhar fixo. — Obrigado. Admito que estava mesmo com fome. — Ele atravessou a sala e sentou no sofá, servindo-se de uma xícara de café com leite. — Mas não pense que te perdoo. Isso não muda o fato de que me deixou aqui sozinho.

Ergui as sobrancelhas, atarantada com a acusação repentina. Demorei quase um minuto a mais para perceber que algo nos olhos dele indicavam que não passava de uma brincadeira.

— Ora, alguém precisava alimentar o seu gato — respondi, com um falso ar de censura na voz. Depois, mais séria, acrescentei: — À propósito, coloquei as vasilhas de ração e água do Darth Vader na área de serviço. A caixa de areia também. — Ele assentiu. — Não se esqueça que agora é você que vai cuidar dele.

Ele conteve um sorriso.

— Entendido.

Eu tinha ido até o quarto, mas, para minha surpresa, ele já tinha mesmo guardado tudo que tínhamos usado na antessala na noite anterior.

— Você trouxe somente uma xícara — ele observou, quando voltei.

— Eu já comi.

— E, no entanto, há comida o bastante para duas ou três pessoas.

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