27 - Cartas Ameaçadoras, Descobertas e Smokings

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Eu o segui enquanto ele atravessava objetivamente todo o caminho de volta do pomar. Ele entrou pela porta lateral, por onde tinha vindo. Ao chegar à porta e encontrar com um dos guardas, ele pediu educada e formalmente:

— Alexandre, você pode guardar isso, por favor? — Ele estendeu a maleta para o guarda.

— Claro, alteza.

Pensei por um instante se ele saberia de cor o nome de todos os funcionários do palácio. Era possível. E espantoso, diga-se de passagem. Eu até gostaria de lembrar o nome de cada guarda no palácio de Veritas, mas era basicamente impossível para mim. O Alexandre pegou a maleta e se afastou imediatamente sabe-se lá para onde.

Continuei seguindo o Christopher por toda a área leste do palácio e indo até e área particular da família real. Se alguns guardas olharam curiosos quando passamos? Sim. Mas eles disfarçaram muito bem. Ele entrou no corredor da biblioteca, mas abriu a porta do escritório. Ele fez um gesto para que eu entrasse primeiro — como um perfeito cavalheiro, claro, embora eu não esperasse nada assim — e entrou logo depois fechando a porta atrás de si. Talvez eu devesse me preocupar.

Sem dizer nada, ele se dirigiu até a mesa e abriu uma gaveta, vasculhando seu interior. Certo, agora, com certeza, eu devia me preocupar se ele estava novamente procurando sua pistola com cabo de madre pérola. Mas em vez de sair correndo como uma capivara, eu fiquei parada ali, fitando-o. Sem levantar os olhos, ele falou:

— Pode sentar-se. Fique à vontade.

— Estou bem assim.

Ele deu de ombros, mostrando que estava nem aí para a minha decisão de esticar as pernas. Finalmente, ele tirou uma pasta preta de dentro da gaveta e colocando em cima da mesa, tirou uma folha de papel de dentro dela. Ele deu uma olhada mais que fugaz e a estendeu para mim.

— O que é isso? — Perguntei, desconfiada.

— Leia.

Hesitante, peguei o papel. Enquanto lia e compreendia do que se tratava, eu acabei sentando de qualquer jeito na cadeira em frente à mesa. Era nada mais, nada menos que um tipo de ameaça de que declararia guerra caso o território não fosse devolvido à Veritas. E, sério, era uma correspondência oficial. Enviada pelo governo de Veritas. Ou seja, meu pai.

Só posso dizer que fiquei completamente estarrecida. Porque, tipo assim, aquela ameaça tinha sido enviada pelo meu pai ou qualquer um dos representantes dele... dava na mesma. Ele estava ameaçando declarar uma guerra contra Nova Germânia. Não o contrário, como eu — e provavelmente a maior parte da população do país — acreditávamos. Meio que queria dizer que meu pai estava mentindo há um tempão. Levantei os olhos e o Christopher estava me fitando pacientemente com os braços cruzados sobre o peito.

— Isso é de verdade? Não é uma falsificação ou algo assim, quero dizer? — Não sei porque eu perguntei isso, já que, se ele estivesse falsificando aquela carta certamente não me diria a verdade.

— O que acha?

Bem, eu não sou nenhuma especialista em falsificação nem nada. Não é como se eu fosse protagonizar o próximo Prenda-me Se For Capaz. Mas para mim parecia bem autêntico. Não disse nada, apenas olhei outra vez para a carta, descrente.

— Por que eu declararia guerra contra Veritas, Sarah?

— Não sei... — Encolhi os ombros.

— Exatamente — ele respondeu. Seus olhos cintilaram e ele disparou a falar: — Veja, eu não tenho nenhum interesse em Veritas. Bem, pelo menos, nenhum pelo qual eu entraria em um conflito armado. Sim, eu adoraria poder manter uma relação comercial com seu país, mas não posso obrigá-los a nada. — Ele parecia estar divagando sobre a última frase, mas mesmo assim, escutei atenciosamente. Ele prosseguiu, voltando à questão: — Contudo, o rei de Veritas — ele me lançou um olhar significativo: —, assim como o seu antecessor e o antecessor deste sempre deixaram bem claro que querem o antigo território de volta.

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