Era um barco de madeira, pouco vulgar nos tempos que vivemos. Mas não estava muito danificado, o que era estranho. Aparentava ter uns 500 anos de idade, do tempo dos descobrimentos.

“Sabes que navio é este?” Perguntei a Renee.

“Cutty Sark.” Ela lê no respetivo sítio do barco.

“Mas ele estava em Greenwich!” Exclamei. Tinha lá ido no ano passado com os meus pais e o meu irmão.

“Parece que já não está mais.”

Entrei para dentro do barco.

“Transportava chá. No tempo dos Descobrimentos.” Falei.

“O que chá?” Renee perguntou. Pois é, já me esquecia, ela não é humana.

“São plantas.”

“Tipo algas?” Sorriu.

“Não, que horror. Chá bebe-se e é bom. Blhac algas.” Fiz uma expressão enojada.

“Como é que se faz o chá?”

“Aqueces água e depois deitas umas folhas lá para dentro. As folhas deitam o sabor para a água quente e tens um chá quentinho para beber ás cinco da tarde.” Sorri ao lembrar-me do meu melhor amigo a pôr carradas de açúcar no chá.

“Água quente? Que maravilha.”

“Imagino que já estejas farta da água fria do oceano.”

“Talvez, nunca saí daqui, não sei o que é chá, não sei o que é poder comer algo senão algas. Não faço ideia.” Ela encolhe os ombros.

“Vem comigo. Hoje á noite vem comigo e eu apresento-te ao Harry. Ele traz-te um copo com chá e uma fatia de pizza.”

“Demasiado perto de humanos.” Renee abana a cabeça e tenta pôr os seus cabelos para baixo. Ela faz isso quando se contradiz a si própria. Ela quer, mas não quer. É estranho.

“Por favor…” fiz beicinho. Eu sei que ela não resiste ao meu beicinho. “E além disso tu estiveste perto de mim. Eu era uma humana naquela altura.”

Ela bufou e revirou os olhos.

“Pronto, okay. Eu vou com uma condição.”

“Fala.”

“Eu estou a pensar seriamente em pedir ao meu pai para me deixar ir a terra como presente de aniversário. Tu não me podes persuadir com as coisas boas da terra, sem falar nas coisas más. Eu quero decidir por mim mesma.” Ela falou e eu gritei de alegria.

“A SÉRIO?” Exclamei e olhei para ela. “MINHA NOSSA, TU ESTAVAS A FALAR A SÉRIO! OH DEUS OH DEUS! NEM SEI O QUE TE MOSTRAR PRIMEIRO!” Dei voltas e voltas sobre mim mesma.

“Mas eu quero que mais alguém saiba que eu sou uma princesa sereia. Apenas tu não me deixa confiante.”

“Obrigada.” Revirei os olhos e olhei seriamente para ela. “Espera lá. Tu queres contar ao Harry. TU QUERES QUE EU CONTE AO HARRY.”

“Eu vou-me arrepender, mas sim quero.”

Eu estava chocada. CHOCADA.

*

“Luna, Luna, está ali alguém.” Renee aponta para o vulto de Harry, andando até nós.

“É o Harry.” Sorri.

“Como é que lhe vais dizer?”

“Com a boca?”

“Quem é essa bela criatura que repousa ao teu lado?” Harry fala e aproxima-se mais de nós.

“Esta é a Renee.” Apontei para ela.

“Sou o Harry.” Ele estendeu a mão para a cumprimentar, mas ela afastou-se dele. “Porque é que estás na água Luna? Vais constipar-te.”

“Pois.” Sussurrei. “Harry, preciso de um favor.”

“Claro, diz.” Ele revirou os olhos com a minha indiferença ao que ele disse e depois sorriu.

“Traz-me duas fatias de pizza e copo com chá, por favor.”

“Okay… porquê?” ele levantou uma sobrancelha.

“Eu tenho algo para te contar, mas só depois de me trazeres aquilo que eu pedi.”

“Está bem.” Ele murmurou e depois levantou-se. “Demoro 10 minutos.”

“Renee, estás bem?” Ela estava branca como a cal.

“Estou… É que se calhar eu tinha demasiado medo. Ele é simpático.”

“Estás a tentar convencer-me que ele é simpático? Eu sei que ele o é!” Ri.

“Não. Estou a tentar convencer-me.” Renee baixa com os olhos e brica com um pequeno peixe que se encontrava perto da rocha.

“Renee ajuda-me. Nem sei o que lhe dizer” Levei os meus dedos polegar e indicador á cana do nariz, apertando-a.

“Com a boca?” Ela riu sarcasticamente.

“Estou a falar a sério.” Cerrei os olhos.

“Sei lá tipo, somos sereias, espero que não te importes.”

“Voltei.” Harry disse numa voz adorável.

“Hum pizza.” Peguei na fatia que Harry me entregara e devorei-a.

Sabe tão bem, depois de três meses a comer o raio das algas.

“Renee, prova só.” Insisti, quando ela viu a fatia de pizza e fez uma cara de nojo.

“Se eu não gostar comes tu?”

“Claro, mas isso é pergunta que se faça?” Ri. E depois lembrei-me que lhe tinha de contar. “Hazz, posso contar-te uma coisa?”

Harry assentiu e sorriu quando ouviu a sua antiga alcunha. Ele chegou perto de mim, pegou nos meus braços e elevou-me para o seu colo. Os olhos escureceram quando ele se apercebeu que o sítio onde costumavam estar as minhas pernas, já não era ocupado por elas. Depois olhou para mim com uma expressão que jurava a mim mesma que nunca mais a veria.

TANTANTAAAAAAM

GOSTARAM? 

PS-PARA QUEM LÊ A STRONG... VAI SAIR O PRIMEIRO CAPÍTULO DA FLAWS (sequela) AMANHÃ OU DEPOIS <3

ESPERO QUE GOSTEEEEEEEM <3

♒ MERMAID ♒ || h.s.Where stories live. Discover now