angelic ･ jikook

7 ･ sensitivity

Meu estômago embrulhou quando eu visualizei a imagem da minha mãe e do meu irmão sem se alimentarem por dias.

Eu não ia deixar acontecer de novo.

Corri até o meu quarto indo em direção ao colchão. Por debaixo do lençol estavam escondidos os Wons que eu tinha recebido no dia anterior. Eu tinha que escondê-los agora, não ia deixar que meu pai botasse as mãos neles para gastar em bebida ou em prostitutas novamente.

Com a barriga roncando e uma decisão na mente eu saí pela porta da frente. Coloquei o dinheiro dentro de um dos bolsos do casaco e saí em direção ao mercado.

Quando cheguei ao local pude sentir o cheiro característico de peixe e frutos do mar. Ainda que muitas pessoas não gostassem daquele ambiente eu passei a adorar.

As cores das verduras e frutas dispostas nos tabuleiros, a infinidade de carnes e as mais diversas pessoas passando de um lado para o outro e falando alto demais passaram a me atrair.

Quando eu era pequeno e ia às compras com a minha mãe em Busan eu sempre ficava chateado pois achava bem melhor ficar brincando no parquinho a ir a uma feira e comprar comida, mas com o passar dos anos a minha visão mudou.

Com a dificuldade financeira que começamos a passar, eu aprendi a agradecer por cada vez que eu podia ir no mercado e comprar alguma coisa. Se eu estava lá e tinha dinheiro para comprar comida significava que a minha família não passaria fome. Eu tinha o privilégio de poder pagar quando muita gente não tinha condições nem de comprar um punhado de arroz.

— Não tem como baixar o preço? Eu já compro aqui a tanto tempo. — Pechinchei para a senhora na barraquinha de verduras.

— Como eu vou negar com você fazendo essa carinha? — Ela riu já colocando os produtos que eu tinha escolhido dentro da sacola.

Continuei caminhando pela área em busca de mais alguma coisa. Eu já segurava sacolas que continham peixes, carnes, verduras e temperos.

Parei em frente ao espaço destinado às frutas. As maçãs brilhavam em um vermelho vibrante.

Maçã era a fruta preferida de Junghyun. Toda vez que ele encontrava alguma em casa ele devorava sem pensar duas vezes.

Caminhei até o senhor que as vendia.

— Quanto é o preço das maçãs? — Perguntei apontando para a mesa ao seu lado.

— 7200 Wons. — Ele respondeu com a expressão fechada. Definitivamente ele não estava de bom humor.

Coloquei a mão no bolso em busca do dinheiro.

2.000. 3.000. 3.200. 3.400 Wons.

Eu só tinha 3.400 Wons. Não era nem metade do valor.

— Eu tenho 3.400. É tudo que eu tenho. O senhor poderia dar um desconto? É para o meu irmão pequeno. Ele adora maçãs. — Perguntei pensando na carinha de felicidade de Junghyun toda vez que ele comia sua fruta favorita.

— Eu não dou desconto pra moleques. — Sua expressão mudou para raiva rapidamente e ele se levantou andando na minha direção. — Saia da minha barraca. Eu não quero nenhum espertinho por aqui.

E com um empurrão que fez com que eu caísse no piso de concreto ele me expulsou.

Levantei juntando as sacolas. Algumas pessoas já tinham parado para ver o que tinha acontecido, mas, como sempre, nenhuma tinha  me ajudado.

Voltei para casa sem as maçãs de Junghyun e com um joelho ralado.

As sacolas estavam pesadas e eu já começava a me sentir tonto devido a longa caminhada e a barriga vazia.