Capítulo 25 - Conecer

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Talvez fosse pelo medo que aumentava gradativamente durante o último ano de que eu perdesse minha família, isso com certeza me trouxe lembranças dolorosas que, se fosse possível, eu com certeza apagaria da minha mente. Depois, o encontro com a garota do mercado com o sobrenome Morgado, não era realmente incomum, mas também havia feito com que outras lembranças voltassem a tona. Então, finalmente, as fotografias que que Samantha havia encontrado e a saudade que eu senti ao contar algumas coisas de meu passado a Camila.

Decidindo esquecer esse assunto por algum tempo, eu peguei o pequeno estojo preto, quebrei o lacre do frasco com o hormônio de testosterona e preparei a agulha, injetando em minha coxa. Eu preferia aplicar a injeção em um lugar onde poucas pessoas veriam as pequenas marcas feitas pelas agulhas ao longo dos anos.

Não sentia vergonha destas marcas, de modo algum, porque foi através delas que eu finalmente me libertei de mim mesmo. Por elas, hoje consigo olhar no espelho e sorrir. Por elas, finalmente posso andar pelas ruas e ser visto pelas outras pessoas como sempre me enxerguei, um homem.

Sorrindo, eu guardei cuidadosamente tudo de volta dentro do estojo e o coloquei na gaveta, para mantê-lo ali até daqui a algumas semanas, que hoje é espaço de tempo em que levo entre as injeções. Depois sai do banheiro como estava e segui por entre os cômodos do apartamento de minha noiva, estranhando o fato de ela estar tão silenciosa e ausente desde que acordei. Isso era bem incomum, eu sempre acordava primeiro que ela, que amava "dormir mais do que a cama".

Segui alguns sons abafados que me levaram direto para a cozinha, onde a latina se mantinha concentrada em preparar um desejum farto. Eu sorri, escorando o ombro contra o batente da porta e cruzando os braços em frente ao corpo.

Se havia uma coisa que ninguém no mundo poderia contestar, era o fato de que minha noiva é uma deusa.

Ela poderia ter sido Afrodite, da mitologia grega, deusa do amor, da beleza corporal e do sexo. Poderia ser June, deusa grega da bondade. Até mesmo Terpsícore, deusa e musa da dança, foi uma das nove musas da mitologia grega. E ela com certeza era metade Ftono, retirando a inveja e deixando o ciúme.

Tudo isso misturado no pequeno corpo latino formava a metade da mulher que eu amava, porque sua outra metade era única, e nenhum deus grego poderia sequer chegar aos pés de minha Camila.

Acho que nunca serei capaz de entender perfeitamente o amor insano que sinto por essa mulher. A necessidade de sua presença, de seu toque... a satisfação incontida de acordar ao seu lado todos os dias e observar aqueles lindos olhos chocolates despertarem confusos e preguiçosos. O revirar em meus estômago quando ela sorria em minha direção com a língua entre os dentes, apertando os olhos de modo involuntário... nem tão pouco serei capaz de acalmar as batidas frenéticas de meu coração todas as vezes em que ela me dirige alguma palavra de carinho ou seus 'eu te amo' em momentos tão inesperados.

Suspirando, eu me desencostei do batente da porta e caminhei em sua direção, abraçando sua cintura por trás e pressionando meus lábios em seus cabelos. Ela virou o rosto em minha direção, sorrindo com um expressão surpresa e relaxando o corpo contra o meu.

- Bom dia cariño, você me assustou. - Ela virou-se entre meus braços e descansou suas mãos em meu abdômen. Eu levei um dedo para uma mecha de seu cabelo que caia para fora de seu coque, colocando-a atrás de sua orelha.

- Bom dia, minha linda. E me desculpe se assustei você, não era a intenção. - Ela negou com um aceno de cabeça, colocando-se sobre as pontas dos pés e pressionando nossos lábios em um beijo suave. Eu me senti contorcer em satisfação. - Acordou cedo hoje, senti sua falta.

- Estou um pouco nervosa, então decide me levantar e fazer algo que me manteria com a mente ocupada. Venha... - Ela se desvencilhou de meu abraço, entrelaçando nossos dedos e me puxando para sentar-me em frente a mesa. Quando ela se moveu para sentar-se ao meu lado, eu a detive e a fiz sentar-se de lado em meu colo. - Aqui, café doce, como você prefere. - Eu sorri em sua direção, deixando a xícara em cima da mesa logo após dar alguns goles e a agradecer.

Propuesta Indecente - CamrenWhere stories live. Discover now