O Questionador [bônus]

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Já parou para pensar sobre a vastidão do universo? Como cada um é único em seu devido estado? São horas de reflexão para chegar a uma resposta mínima, de que não há conclusão alguma.

Um senhor sentado em uma poltrona pensa, se questiona. As perguntas são infinitas, não cabem em apenas uma vida. Conta uma centena, um número que por si só já é grande, então respira profundamente, mas e quando não puder mais respirar? Continuará a ser mais um ou menos um? Ainda viverá em memória, mas não em corpo.

O que torna as coisas ainda mais grandiosas. A todo momento novas coisas surgem, só acrescenta, nunca para. O conhecimento se torna vasto, as áreas são das mais diversas possíveis, sua mente não alcança tudo isso, o universo é que suporta tudo isso. É como uma rede sem limite de dados. São inúmeros assuntos para serem desvendados, e retoma o pensamento de que não cabe em apenas uma vida.

Sempre há um começo para uma mente aberta que se permite questionar, mesmo diante de todos os sentidos que a vida pode ter, é provável aceitar que é melhor sem ter algum sentido.

O que realmente importa? Pessoas, coisas. Cada um pode ter uma relevância diferente na perspectiva de cada um, mas e para si? Quem se importa com si mesmo?

Que lugar você ocupa em sua vida? Olhar para o espelho e se desvendar pode ser uma das tarefas mais difíceis diante de todas as questões que irá se deparar ao longo de sua trajetória. Fitar seu próprio olho e adentrar na mente com uma profunda meditação de autodescoberta.

O rapaz se autoquestiona, tudo que já foi feito em seu próprio exercício. Por quantas ruas já passou e quais delas realmente foram relevantes? Quantas vezes os olhos encheram de lágrimas por felicidade, tristeza ou apenas por lembrar de momentos?

No final tudo o que se passa são momentos na vida dele que apenas existe, as lembranças de nada adiantam, tudo passou, não é uma foto que vai o ajudar a retornar ao que já aconteceu.

Quando foi a última vez que fechou os olhos sentiu que nada lhe falta? Isso já ocorreu?

Algo genuíno que jamais será explicado ou exemplificado, algo que já lhe esgotou as palavras pelo simples fato de existir, ou então encarar uma situação que te exploda por dentro com borboletas no estômago que precisavam ser sentidas e compreendidas.

Algo que causou um nó na garganta e não só na mente. Teve tempo de prezar por cada voz que grita por ajuda em sua mente. Ao escolher cada decisão que poderia arriscar e levar ao melhor caminho ou cair do abismo forjado por sua mente.

É então que tudo pode falhar, que o pensar pode destruir até que não haja nada. Permanecer no vazio e fixar somente nisso. Parar com cada ato. É preciso se dar espaço, se permitir a refletir.

Ele sempre buscou por algo, e se questionava por não saber o que realmente era, isso era tão decorrente que deixou de dar passos importantes em sua vida. E não poderia saber, afinal quem sabe dos resultados que irá encontrar no final?

E qual o sentido de se preocupar com o final e esquecer da jornada? Dos passos importantes que há no meio, e o que te fez começar.

De cada singularidade que foi necessária para uma grandeza, qualquer esforço e recompensa que mesmo sucinta lhe acrescentou como ser. Qualquer aprendizado que se torna conhecimento útil ou ao menos interessante.

Um simples dia ou até mesmo um segundo pode ser definitivo para todos os outros segundos. Uma simples palavra ou ato pode mudar toda trajetória. O grande impacto que um segundo pode ter.

Algo tão pequeno pode ter uma razão enorme. Mesmo que para alguém que se sente menor ainda.

São ocasiões que pensa em ligar o automático, onde nada disso faz mais sentido, ou uma diferença ao tentar buscá-lo. Apenas se deixa levar e desconsidera todas suas causas, como tal sorriso surgiu ou começou. Passa a tudo ignorar já que se encontrar é uma missão difícil mesmo que intrigante e prazerosa. Esquece de se dar atenção, e quando se vê já passaram momentos que se foram. Momentos que foram apenas momentos. Momentos.

Era preciso dar sentido a vida, e como isso era possível sem saber o que realmente ela é, quem realmente é. Seu sentido poderia ter se perdido, ou nunca fora encontrado, ou ao menos lhe ocorreu procurar por algo incerto.

E agora se questiona coisas sem resposta, que poderiam não levar em lugar algum, ou o levar em uma viagem de minucias desse universo, que cada um é uma questão independente, ninguém é ninguém. Como ele, muitos se questionam, muitos não se dão o trabalho de perguntar o porquê de viver, apenas se deixar existir.

Já havia lhe passado boa parte da vida e agora sem tempo, não é o momento. Nunca foi.

Dizem que nunca é tarde demais, mas sempre exageram no nunca, pois os segundos passam e a vida se vai junto a eles. É um piscar de olhos para perder a magnitude que pode existir no interior e ao redor. Tudo acontece e sempre vai passar. Dizem também que sempre é muito tempo. Mas todos gostam de dizer, e quem são todos? Quem realmente acredita? Diante disso cabe somente a si interpretar e atribuir uma pertinência.

Retomando a importância, como deixá-la para alguém que não se dá ao menos esse significado? Ao menos relevou, não se sabe do próprio ser. O controle e o sentido vão se perdendo, a existência continua evidente para uns, mas e a vida? Ela significa algo para si?

Já buscou respostas no âmago? Já deixou as palavras vagarem pela boca e as emoções comandarem?

Os momentos continuam sendo decorrentes e não há tempo que determine quando irá valer a pena a ocasião. Ninguém sabe. Não há um controle, um sentido ou significado.

Quando se deu conta de que os momentos estavam passando para que pudesse apreciar?

Realmente tentar compreender seu significado, tornar de saber sua essência. Ao invés de ignorar e finalmente poder viver. Pela primeira vez parou para se questionar.

Quando foi que sua vida realmente começou?

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