Assassin's Creed - Odyssey (28/01/2019)

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Uma novidade, que era bem mais sútil em Origins, trata-se da Ubisoft ter abraçado de vez a fantasia histórica e incluído elementos da mitologia grega convivendo, no mapa, com elementos reais. Assim, enfrentamos criaturas como o Minotauro, a Medusa, a famosa Esfinge que lançou enigmas a Édipo, vários ciclopes... Dentro da lógica interna do universo do game, subentende-se que esses elementos advenham da tecnologia avançada da Primeira Civilização, vista como magia divina pelos povos antigos – embora a razão de tais criaturas terem sido criadas ou possuírem suas características jamais ser explicada (não joguei as DLCs lançadas até agora, então pode ser que alguma explique isso – se alguém quiser me corrigir, à vontade). Além disso, há uma subtrama – pequeno spoiler – envolvendo Atlântida, mas que no final torna-se vazia por ser pouco explorada e não compreendermos bem a relevância da cidade perdida à humanidade, embora seja o ponto de conexão com o enredo do presente iniciado no Origins, ainda um tanto perdido e sem rumo e não tendo a continuidade mais relevante da saga do Desmond, finalizada em Assassin's Creed III.

VOCÊ DECIDE

Desde os primeiros trailers do jogo, anunciou-se a implementação de um sistema de escolhas nos diálogos (característica marcante de RPGs), que influenciaria profundamente o gameplay da aventura. De início, achei apenas ser uma mudança cosmética a um game que parecia um grande MOD de AC Origins, apenas para me enganar redondamente: as escolhas afetam MUITO a jornada de nosso(a) protagonista. Recorrendo à Teoria do Caos, pequenas decisões, vistas como irrelevantes "bateres de asas de borboleta", podem causar severas consequências mais adiante no enredo, e inclusive determinar qual final o jogador alcançará. Apesar do sistema de autosave, o jogo cria uma lista de salvamentos para permitir carregar um registro mais antigo caso haja arrependimento por alguma escolha – e inclusive encoraja isso. Algumas repercussões de decisões demoram missões e missões para surgir, no entanto, tornando certas escolhas definitivas – e, convenientemente, aumentando e muito o fator replay do game. Algumas quests têm até três ou quatro soluções possíveis dependendo das opções do jogador, e o fato de tudo isso estar dividido entre dois personagens diferentes (embora a estrutura básica dos diálogos e missões seja, sim, a mesma) faz Odyssey ser o Assassin's Creed com maior potencial de envolvimento até aqui – sem contar outras decisões que, mesmo não afetando diretamente o enredo, existem para ampliar a interação do(a) protagonista com o mundo que o(a) cerca, desde cobrar ou não por uma missão, libertar ou não um homem acusado de atos violentos (a causa foi justa?), atender ou não o pedido de um paciente por eutanásia (uma das missões de Hipócrates), e, continuamente, decidir por se envolver em relacionamentos hetero ou homoafetivos – ou também simplesmente não se envolver com ninguém.

NÃO SÓ OS DEUSES GUIAM SUA ESPADA

Em questão de jogabilidade, Odyssey é um Origins aprimorado. Nitidamente a engine do game é a mesma (até mesmo em fatores estéticos, como fontes e menus), mas há, sim, diferenças. Além do sistema de escolhas já descrito, o combate está mais difícil e estratégico. Não há mais escudo para defesa do jogador (decisão a ser questionada, devido ao amplo uso de escudo no período histórico retratado e por praticamente todos os inimigos e NPCs, mas OK), e é preciso planejar bem as brigas em que se entrará pensando a sobrevivência do(a) misthios com que jogarmos.

As habilidades compradas conforme subimos de nível estão mais relevantes do que nunca. O combate não é uma simples coreografia de ataca/esquiva, principalmente com grupos grandes de inimigos. É preciso adquirir sabiamente "power ups" para quebrar defesas, causar mais dano, restaurar vida, dentre outros. Isso leva a um planejamento minucioso dos combates que enriquece a experiência, sendo um dos pontos fortes da dificuldade ter aumentado. Destaque para a habilidade "Chute espartano", de longe a mais divertida do game e talvez de todos os Assassin's Creeds: um chute indefensável que lança o oponente alguma distância para trás, gerando "one hit kill" se ele cair de uma distância considerável, como o topo de uma muralha ou borda de um penhasco. Antes, no entanto, torna-se necessário atrair o inimigo até essa localização vulnerável. Apenas esse exemplo demonstra como o combate funciona em Odyssey, requerendo mais cérebro do que músculos.

GOLDFIELD - Nerdices e análisesWhere stories live. Discover now