Na mitologia.

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Há muito tempo atrás, em um reino distante existia um rei que possuía uma filha. Seu nome era Psique e sua beleza era tão grande que enfeitiçava todos os homens que a vissem. Isto no começo, era o que orgulhava o poderoso rei e com o tempo se tornava um martírio. Nenhum homem que surgia conseguia ama-la pela sua perfeição. Reis, guerreiros, príncipes, todos não se achavam dignos de tanta beleza. 

Assim a cada dia que se passava, Psique se tornava mais triste e só. O que seus pais acreditavam ser uma dádiva dos deuses, agora se tornava um castigo para a bela moça. O rei, sem nunca desistir da felicidade de sua filha, consultou mestres, magos, viajantes, mas nunca conseguiu algo que trouxesse um fim para infelicidade de sua filha. 

Numa noite, Psique teve um sonho. Ouviu seu nome sendo entoado por uma bela voz que vinha de um mundo distante, se viu voando pelos céus, sendo protegida e amada por alguém muito especial. Psique logo ao acordar, contou aos seus pais sua feliz visão. Agora ela acreditava que seu destino jamais seria a solidão e acreditava que um dia encontraria aquela paz e felicidade tão sonhada. 

Psique passou a sorrir quando ouvia a voz de seu coração e um belo dia sentada num campo de flores, se viu sendo erguida e levada aos céus por um fio dourado. 

Psique voou por mundos distantes, por céus, por mares, até chegar num castelo muito rico e belo. Lá Psique foi atendida por inúmeros criados que já a conheciam e a tratavam como se já a esperassem há muito tempo. 

Psique perguntou de quem seria tão bela casa e para sua surpresa, os criados responderam que aquela era sua casa e que logo que o sol se fosse, conheceria Eros, seu marido.

Marido? Psique sorriu, mas aguardou o encontro já que seu coração a tranqüilizava e dizia que aquilo era a coisa certa. 

Ao anoitecer Psique fora levada para um dos mais belos quartos do grandioso castelo. Estranhamente o quarto não possuía nenhuma luz ou janela. A medida que a noite cobria aquele belo lugar, o quarto de Psique se mergulhava na mais completa escuridão. 

De repente, Psique sentiu a presença de Eros, e se virou para conhece-lo. Mesmo sem se verem, em meio a escuridão, os dois sentiram a mesma sensação. Sentiram o Amor fluindo dentro de seus corpos, sentiram um ao outro, se tocaram e se amaram pela primeira vez, sem ao menos poder se conhecer. 

No dia seguinte, Psique acordou só e assustada. Teria sido um sonho? Não! ainda podia sentir o calor das mãos de Eros. Psique correu pelo castelo chamando Eros. Entrou em salas, salões, quartos, perguntou aos criados, mas todos se emudeciam quando ouvia o nome de Eros. Desesperou-se frente a situação. O que estava acontecendo? Chorou, amaldiçoou aquele lugar e adormeceu... 

Ao anoitecer seus criados a levaram novamente para seu quarto e a deixaram só, como haviam sido instruídos há muito tempo atrás, antes mesmo de Psique ter chegado a aquela casa. Segundos apos o ultimo raio de luz deixar aquele quarto, Eros retornou e tocou o rosto de Psique. A moça então despertou e se imaginou sonhando. Sim, ela sorria. Eros não havia a abandonado. Eros jamais a abandonaria. Mas ele com uma dor tão profunda em sua voz, contou a Psique que eles eram fruto de uma maldição muito antiga. 

Uma maldição que dizia que um dia nasceriam duas pessoas perfeitas, perfeitas em seus atos, em suas palavras, perfeitas em corpo e espírito. Um seria o complemento do outro. Um sorriria nos momentos tristes do outro, ou dividiriam as lagrimas. Um sentiria a presença do outro. Se amariam inconscientemente. Se ajudariam tão longe estivessem. A perfeição seria tanta que jamais haveria uma união que os satisfizesse, a não ser a deles mesmo. A união só aconteceria com uma condição: eles jamais poderiam se ver.

E assim nasceu Eros e Psique. 

Muito anos se passaram, depois daquela triste noite de revelação. Mas foram anos maravilhosos, recheados de felicidade, de cumplicidade. Tão perfeitos, Psique completava Eros e eles esqueceram aquela triste destino que alguém, algum dia havia lhes reservado. Apesar de jamais se encontrarem durante o dia e jamais poderem se ver, a felicidade plena reinava sobre a vida de Eros e Psique. Um belo dia Psique resolver retornar a casa de seus pais, em meio a tanta felicidade, não havia lembrado o quanto eles poderiam estar preocupados com seu estranho desaparecimento há anos atrás. Psique se despediu de Eros, prometendo retornar dentro de alguns dias. 

Before We Were YoursWhere stories live. Discover now