Capítulo 51 - Proposta

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~Pov Ioan~

Após um pouco de esforço abro os olhos com dificuldade. Meus olhos ardem por causa da claridade. Diferente de quando desmaiei, estou em um local macio, possivelmente a cama. Um dos meus braços estava preso, algo pesado estava em cima dele, faço força para levantar o outro, porém sinto uma forte dor no peito, barriga e braços, como se estivessem queimando ainda. Mesmo assim me forço a ficar sentado.

— Alguém aí?

Não há resposta.

Meus olhos agora estavam acostumados com a luz. Olhando ao redor vejo o quarto que alugamos, duas camas — uma de solteiro e uma de casal —, a intenção era que eu dormisse sozinho enquanto Alícia ficava com Bianca, porém não deu certo, o que estava segurando meu braço era a pequena garota. Bianca dormia sozinha na cama de solteiro.

— Fico feliz que esteja bem — falo soltando-a de meu braço levemente para que não a acordasse.

Estou usando as mesmas roupas de antes, mas as ataduras em meus braços foram trocados, provavelmente por Bianca. Dessa forma parece apenas que estou machucado, quem iria imaginar que tenho marcas de poder demoníaco por baixo delas?

— Sei o que está pensando... — Ouço uma voz feminina.

Olho em volta por instinto, mas sabia que não iria encontrar ninguém. Era o único acordado no cômodo, a voz era familiar, tenho um sentimento de déjà vu, entretanto não consigo lembrar quem era a dona.

— Quem está aí?

Uma lenta risada como resposta.

— Já esqueceu da sua querida amiga Nahemah?

Quando fala consigo notar um estranho movimento perto da janela. A luz, que entrava, formava uma sombra no chão, esta que agora havia começado a se mover.

— Isso me deixa um pouco triste.

A sombra parece torna-se líquida e logo em seguida começa a subir, como se alguém saísse de dentro. Da escuridão surge alguma cor, em poucos segundos estava uma mulher, seus cabelos eram cinzas, mas seus olhos negros pareciam me hipnotizar.

As memórias de nosso primeiro encontro retornam, como se nunca houvessem desaparecido.

— Mexer com a memória das pessoas é um pouco rude. — Levanto da cama, ela está à poucos metros. — Então, isso é um sonho?

— Não me lembro de dizer que só poderia falar com você por meio de sonhos. — Ela caminha, ficando a pouco mais de um metro de mim. — Você ainda tem muito o que aprender, fofinho.

Olho para as garotas, se entrarmos em combate aqui será muito problemático.

— Não se preocupe, não irei fazer mal algum à vocês — diz sentando-se na cama, próxima as pernas de Alícia. — Estou bem decepcionada, sabia?

— O que quer dizer?

— Sua luta contra os homens-besta. — Ela suspira. — Esperava mais de você.

Lembro-me do combate, minha concentração estava em seu pico, mesmo assim não a notei.

— Você estava na floresta?

— Estou sempre te observando, fofinho. — Sua forma de falar realmente me irrita, como se sempre estivesse tentando me provocar. — É o meu trabalho, embora não possa negar que tenha um interesse particular em você. — Ela dá uma risadinha.

Suas palavras me revelam algumas coisas interessantes.

— E qual seria seu trabalho?

Pergunto, mesmo pensando que não irá contar tão fácil assim.

O Recomeço em um mundo de RPGOnde as histórias ganham vida. Descobre agora