Obrigado, Jungkook

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Jungkook

No dia seguinte acordei cedo, mais cedo que o normal. Me arrumei rapidamente e depois de incluir um petisco extra em minhas coisas, parti para o píer.

   Eu não acreditava que ele realmente iria estar lá assim que eu chegasse, principalmente por ser cinco da manhã. Mas Jimin estava deitado encolhido na beira do píer, porém não o suficiente para que caísse na água por acidente. Ele tinha as mãos unidas embaixo do rosto e o boné sobre seus olhos. Jimin estava dormindo. No píer. Quando cheguei mais perto notei o quanto sua pele estava gelada. Tratei logo de acordá-lo.

—Jimin?!— ele não tremia mas era perceptível o frio que sentia. —Jimin você dormiu aqui? Seu maluco.

  Aos poucos ele abriu os olhos e logo se levantou e tirou meu chapéu. Somente depois de ver meus cabelos ele pareceu relaxar.

 
   —Oi pescador... desculpe, me esqueço de rostos mas nunca de cores. — deu um sorriso preguiçoso. — mesmo que eu não ache que seja possível esquecer o seu.

Me senti um pouco afetado com sua fala, mas resolvi seguir com o principal.

—Jimin você dormiu aqui?— ele assentiu. — Sem nem um cobertor? A gente se conheceu ontem mas você devia ter me dito, não devia ter dormido aqui! Vem, você precisa descansar um pouco num lugar decente.

  Levantei e puxei seus braços para cima. Jimin ainda estava um pouco sonolento, mas o caminho até minha casa era curto. Ao chegarmos lá indiquei o sofá para ele. Busquei um travesseiro e um lençol para que pudesse se cobrir da forma mais apropriada. Voltando lá, ele já estava enroscado numa das almofadas e todo encolhidinho. Aquele cara era realmente adorável.

—Jimin —disse baixinho— coloca a cabeça nesse travesseiro ou você vai ter dor.

  Ele abriu os olhos minimamente e levantou apenas o suficiente para que eu passasse o travesseiro por baixo. Tratei de colocar o lençol sobre seu corpo encolhido. A imagem dele deitado ali fez com que eu me sentisse solitário por um momento. Meu pai e eu não éramos exatamente próximos, eu já morava sozinho há dois anos quando ele se foi. Mas ele era tudo que eu tinha e perdê-lo foi difícil.

—Eu volto no almoço ok? Fique aqui.— ele apenas concordou com os olhos ainda fechados. Antes que eu pudesse me afastar ele esticou um dos braços e segurou minha mão com a sua.

—Obrigado Jungkook.

  Ele disse bem baixinho, mas foi o suficiente para me arrepiar inteiro. Não resisti e ajeitei sua franja negra e sedosa. Se eu fosse ser sincero, aquele garoto-não-tão-garoto-assim, me fazia querer sentar ali e fazer cafuné em seus cabelos até que acordasse. Mas eu não podia desistir do trabalho.

  Coloquei as coisas de maior valor dentro do meu quarto, afinal ele ainda era um desconhecido, e o tranquei. Em seguida deixei uma garrafa d'água e um saquinho de algas secas, para caso ele tivesse, fome em cima da mesa a frente do sofá. Peguei minhas coisas e fui pescar.  
  

    Dessa vez não houveram tantos peixes, mas não foi nada fora do comum. Vendi meus peixes e passei num mercado para comprar algo mais reforçado para o almoço. Fazia muito tempo que não almoçava com alguém em minha casa então fazia questão de ser algo bom.

    Não porque ele era bonito.

   Acho que se eu dissesse isso o suficiente pra mim mesmo talvez eu me convencesse.

   Chegando em casa, Jimin ainda estava no sofá, porém sentado. Ele estava com a garrafa d'água nas mãos e a encarava como se fosse um desafio.

   
     —Tá tudo bem aí, garoto azul?

    Jimin se assustou, pulando no sofá e finalmente notou que eu já estava na casa. Soltou a garrafa e virou-se para mim com olhos arregalados.

   —Azul? Porque disse azul?

    Ele realmente parecia assustado. Coloquei as coisas que havia comprado na cozinha e me aproximei dele devagar.

  —É só porque toda sua roupa é dessa cor. Você tem algum problema com ela?

  Não custava perguntar, existem todos os tipos de traumas.

  —Não, pescador. É que...— ele parecia perdido— cores significam muito pra mim, sabe?

  —Sei... — não fazia ideia mas não ia questionar aquilo, pelo menos não no momento. — está com fome? Eu trouxe almoço o suficiente pra nós dois.

  —Almoço? Ah!, a refeição do meio do dia né?

  —É, dá pra chamar assim... Eu trouxe Kimbap, gosta?

   Jimin pareceu envergonhado por um momento, mas logo recuperou a feição risonha como se nada houvesse acontecido.

  —O que é Kimbap, pescador?

  —São algas, arroz, alguns legumes e carnes. Esse tem carangueijo, porco, pimentão e alface. Você tem alguma alergia?

  —Alergia é quando a pele fica vermelhinha sem ser do sol né? — assenti. Parecia que eu estava falando com uma criança, me fazia bem. —Acho que não tenho, cabelo de sol. Mas eu nunca comi o segundo que você falou.

  —Porco?

—Sim! Lá no...— ele parou no meio da frase e depois de quase trinta segundos pensando completou— lá no lugar onde eu morava não tinha esse tipo de coisa.

   —Certo, vamos comer.

[...]

Jimin me observou comer por um tempo. Era meio assustador a concentração que ele tinha nas minhas mãos manuseando os pauzinhos mas tudo fez sentido quando ele foi tentar comer e não conseguiu levar nem um único pedaço de kimbap a boca. Depois de cinco minutos tentando seguidamente e não conseguindo resolvi que havia uma maneira melhor para nós dois.

  —Jimin? — ele levantou o rosto em minha direção — vamos comer com as mãos, ok?

  Ele concordou mas só depois que larguei meus hashis e passei a comer com as mãos ele repetiu o gesto. Na primeira mordida seu rosto já se acendeu.

  —Isso é muito bom! Onde vocês pegam porcos?

Certo. Estranho. Fiz o que qualquer um faria, dei risada.

  —Esse eu comprei pronto, mas depois de resolver seu celular posso te explicar melhor. —ele concordou com a boca adoravelmente cheia e me lembrei de algo mais importante. — Jimin, porque estava dormindo no píer?

Ele só abaixou a cabeça e ficou quieto.

  —Você não tem pra onde ir?

 
  Mais silêncio.

Amansei a voz o máximo que podia e perguntei com todo cuidado que consegui:

  —Jimin... Isso é por causa da sua mãe?

  Ele não emitiu som, mas levou suas mãos ao rosto e vi seus ombros tremendo. Ele estava chorando. De novo.

E  a culpa era minha.

Levantei da cadeira e me agachei ao seu lado. Um pouco inseguro pousei minha mão em seu braço tentando acalmá-lo.

 
—Jimin, não tem problema... nós falamos sobre isso quando você se sentir confortável, sim? Minha casa não é muito grande mas você pode dormir aqui por um tempo se quiser, realmente não me inco...

  —Jungkook, eu sou um tritão.

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Oi kkk tudo bom com vocês?  Como foi a semana? Comeram direitinho?

Espero que estejam bem🧡

Me digam o que estão achando da fic, eu amo feedback^^

Beijinhos e até  aproxima laranjinhas💞

Blue Boy - Jikook - HIATUS Onde as histórias ganham vida. Descobre agora