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Era muita coisa para enfrentar de uma vez. Uma variação da mesma história que já vivera e pior, sabia muito bem como aquilo acabava.

Harry fugira para pensar. Agora tudo fazia sentido, cada maldita coisa. A atitude do pai. A forma como eles ficavam juntos. Deixou o quarto buscando reencontrar o próprio equilíbrio.

Atravessou a casa e saiu insensível ao vento congelante lá fora. Inspirou profundamente, sentindo as vias respiratórias reclamarem do ar frio. Deveria acabar com aquilo e dar um jeito de ir embora. Ninguém o culparia. Louis não poderia culpá-lo, pois não lhe deu escolha entre estar ali ou não.

Por quê? Era tudo o que conseguia se perguntar.

Refez mentalmente cada pequena coisa que lhe aconteceu nos últimos dois dias. A surpresa, o medo, o desejo... Deu-se conta de que não queria nada diferente. Se pudesse mudar, não mudaria nada. Era como ser um adolescente inconsequente que de fato ele nunca fora.

Lembrou que havia um homem lá dentro. Poderia abrir mão dele e acabar com aquele jogo de uma vez?

A resposta cresceu em seu íntimo: não. Amor nunca fora algo para Harry, logo, aquilo ia acabar mal, mas ele sabia, havia se apaixonado uma quarta vez, agora por um homem completamente diferente: real, não o fruto de uma fantasia juvenil. Cheio de defeitos, humano e que sangrava como ele. Desiludido com a vida e descrente com o amor.

Não queria e nem podia abrir mão do que lhe era ofertado. Entendia as implicações de deixar Louis entrar em sua vida. Mas era tarde demais: ele já entrara. Invadira na verdade.

A decisão se fazia urgente: fugir ou ficar e se jogar de cabeça naquilo tudo.

Não era preciso resposta.

Refez o caminho de volta para o quarto sabendo que naquele momento sua vida tinha mudado para sempre.

Foi apenas quando o menor caminhou até o guarda-roupa que Harry recordou-se de sua travessura. Era como ser criança outra vez e estar com Zayn pregando uma peça em alguém. Com infantil satisfação, posicionou-se para assistir em primeira mão a expressão de Louis quando descobrisse o que ele havia feito. Não controlou a gargalhada ao vê-lo chocado por não encontrar roupa alguma. Como era doce o sabor da vingança.

Louis procurou as roupas por todos os cantos possíveis da casa. Desconfiava que Harry as houvesse escondido na floresta, mas com o frio que estava fazendo lá sem chance de colocar sua bela bunda nua para fora.

Até mesmo as roupas dele haviam desaparecido, a exceção da que estava usando no momento.

Depois de muitas e infrutíferas buscas pela cabana, Louisse conformou: teria as roupas quando ele quisesse.

Agora estava na cozinha, fazendo pão, completamente nu. Inspirou fundo. E de novo. De novo. De novo. Estava tentando afastar os pensamentos que associavam a cabeça de Harry a uma frigideira. Ou uma tábua de carne. Um pedaço da lenha do fogo. E outras coisinhas da cozinha. A lista era extensa.

Seu querido parceiro sexual estava lá fora olhando o penhasco. O rapaz estava muito quieto e pensativo. Apesar de brincalhão, havia um brilho estranho no olhar. Louis, furioso demais para pensar nisso, voltou a socar massa. Com força.

Horas depois estava inclinado para retirar a forma do pão do forno, quando sentiu uma mão acariciar o seu bumbum. Quase derrubou tudo.

— Harry! — gritou. Segurou com firmeza a fôrma, antes de jogá-la sobre a pia — você quase causa um acidente.

— Ora, quem manda você ficar exibindo essa bunda deliciosa por aí?

Obviamente Harry não tinha noção alguma do perigo. Louis pegou uma faca.

Thirty Days With LouisTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang