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Jota

- Baza à praia? Aproveitar os últimos cartuchos de sol - o Gonçalo pergunta já farto do atraso da professora - O mais provável é ela nem aparecer - estávamos há mais de vinte à sua espera para ter aquela que era a nosso única aula da tarde.

- Não acredito que ela já tenha começado a faltar e ainda só estamos na segunda semana de aulas - o Tomás queixa-se.

- Ai, meu, não sejas cortes. Aliás, tens é de agradecer aos santinhos por ela ter faltado - a Matilde fala descontente com a conversa do rapaz.

- Exatamente. Agora vamos curtir. Baza à praia? - o Gonçalo volta a pronunciar-se.

- Não gosto muito de praia - a Clara contrapõe, captando a nossa atenção - Quer dizer, eu vou muito mais à praia na altura do inverno, do que propriamente no verão. Não sou grande fã de apanhar banhos de sol, ter areia onde não devia e desfilar de bikini para estranhos - explica - Vou lá mais para ouvir o mar e ver o pôr do sol, para refrescar as ideias, entendem? - é uma pergunta retórica, presumo.

- Nem me importava de te ver desfilar de bikini - o Gonçalo brinca, piscando-lhe o olho, mas eu e todos percebemos que sem qualquer segunda intenção.

- E tu que não fosse um porco, não é, Gonçalito? - a Inês mete-se, como em quase todas as intervenções do Gonçalo. Ele manda-lhe um beijo no ar, como que em forma de provocação. A faísca entre estes dois é inegável.

- Mas podemos ir para minha casa, para a piscina - a Clara volta a falar.

- Nós não queremos incomodar, Clara. E os teus pais não têm o dever de aturar a criancice da malta - respondo-lhe. Não queria mesmo dar-lhe trabalho, além disso só nos conhecíamos há uma semana e a sua família podia não achar piada à invasão do seu espaço.

- O meu pai trabalha até tarde. A única pessoa que podem incomodar é o Ricardo, mas tenho a certeza que assim que ele vir um certo alguém vai ficar logo muito menos incomodado - brinca e a Matilde solta uma gargalhada, não mostrando qualquer embaraço, o que nos faz rir também.

- Mas espera! - a Inês chama a nossa atenção, sobressaltada - Eu não tenho bikini vestido! - fala como se o mundo fosse acabar.

- Eu posso emprestar-vos. E os rapazes podem vestir alguma coisa do Ricardo, a não ser que prefiram ir a casa e perder mais duas hora, porque sabemos que é o que vai acontecer, não é, menina Inês? - mete-se com a rapariga e ela revira o olhar.

- Para exagerada também pouco te falta, Clara. Mas sim, por mim é na boa, se também estiver bom para vocês - fala para o grupo.

- Acho que estamos todos de acordo, então - o Tomás concluí - E como é que vamos? - questiona.

- A Isabel está de folga esta tarde, portanto telefonar-lhe não é uma opção. Não se importariam de ir de autocarro? - a Clara sugere com receio.

- Eu e o autocarro já somos melhores amigos, Clara - a Matilde responde sorridente.

- Então do que é que estamos à espera? - o Gonçalo fala apressado - Dás-me a tua morada, Clarinha? Eu vou na mota - diz e é isso que a rapariga faz.


- Realmente tem tudo no sítio - o Gonçalo comenta, mirando a Clara, o que faz o Tomás rir e a mim revirar os olhos. As raparigas estavam na piscina a jogar volley, enquanto nós os três apanhávamos sol, deitados nas espreguiçadeiras.

- Não sabes pensar noutra coisa? - acuso e o rapaz olha-me surpreendido com o meu comentário.

- A sério, JP? Se não te conhecesse tão bem até podia pensar que eras gay - solta para o ar.

 - Não é nada disso, é só que... Estás a falar das nossas amigas! - explico.

- Sim, estou. E temos umas amigas bem giras, essa é a verdade - argumenta - Não quer dizer que queira alguma coisa com uma delas - volta a falar, não fosse nenhum de nós ficar com uma ideia errada. Só que já todos sabíamos que tal coisa não correspondia à realidade - Não me olhes assim, é verdade - tenta defender-se.

- Claro, conta-me histórias - gozo e pouco depois o rapaz levanta-se e atira-se para a piscina, molhando-nos propositadamente.

- Daqui a nada a piscina ficava sem água - ouve-se a Inês falar e o rapaz acaba por lhe fazer o dedo do meio, começando a percorrer a piscina de uma ponta a outra.

Minutos depois ouvimos um portão fechar e o Ricardo aparece à nossa beira, bem-disposto, cumprimentando-no a todos, em especial à Matilde.

- Emprestei-lhes roupa tua, espero que não te importes - a Clara apressa-se a admitir.

- Na boa - sorri depois de nos ver com os seus calções - Já se comia era qualquer coisa, maninha - comenta, fazendo festas na sua barriga.

- Estão com fome? - pergunta para o geral.

- Já pesticava, sim - o Gonçalo responde sem qualquer vergonha.

- Ajudas-me a preparar alguma coisa? - pergunta ao irmão, enquanto sai da piscina e pega na toalha, enrolando-a no corpo.

- Aish, ainda agora cheguei, Clara. Estou cansado - refila enquanto se deita na espreguiçadeira onde antes se encontrava o loiro.

- Eu ajudo-te, não há problema - levanto-me, calçando os chinelos.

- Obrigada - ela sorri-me, fazendo-me sorrir também - Alguém decente no meio desta gente - atira para o ar e puxa-me até ao interior da casa.

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Não sei se têm reparado, mas esta história tem bastante diálogo. Não sei porquê, sai-me tudo assim, mas acho que até estou a gostar. E vocês? Gostava de saber opiniões.
Beijocas 😘

P.S. - 3 A 3, RUMO AO MARQUÊS! 😉

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