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Era hora do almoço e estávamos na esplanada do bar da escola, a aproveitar o sol de verão que não tardaria a desaparecer brevemente.

- Ainda bem que só temos aulas à tarde à segunda feira, seria melhor era se não fosse Português - a Inês comenta.

- E tu que não arranjasses alguma coisa para refilar, não é, Inês? - o Gonçalo goza com a rapariga e recebe uma língua de fora como resposta.

- Ninguém no seu perfeito juízo gosta de Português - ela volta-se para mim - Por favor, diz-me que não gostas de Português, Clara.

- Não é a minha disciplina preferida, não, mas acho que podia ser pior - respondo e recebo um revirar de olhos da rapariga.

- Nem todos temos de gostar das mesmas coisas, Inês - o Jota fala sério para a amiga.

- Eu só acho que é completamente desnecessário. Eu já sei falar, ler e escrever em Português, não preciso de aprender mais do que isso.

- As tuas notas não dizem o mesmo - a Matilde goza e todos nos rimos, exceto a pessoa para a qual a boca era dirigida, que mostra cara feia e nos faz rir mais.

- Mudando de assunto... Jota, sempre nos arranjas os bilhetes para o Benfica? - o Tomás dirige-se ao amigo e, de seguida, ouve um "Claro que sim" - Sabes que o Jota joga no Benfica? - desta vez dirige-se a mim e mostro-me surpresa.

- Era suposto? - olho para o rapaz com medo da sua resposta.

- Não - ele ri-se - Eu jogo nos Júniores e faço uns quantos jogos pela Equipa B, não é como se fosse um Pizzi, ou um Luisão - fala simplesmente - Tu gostas de futebol?

- Não desgosto - respondo e percebo que ficam à espera de mais informação - O meu pai é Sportinguista ferrenho o que, basicamente, faz de mim Sportinguista portanto, os únicos jogos que vejo são, ou do Sporting, ou da Seleção - explico.

- Uma lagarta - o Gonçalo fala - Tinhas de ter algo defeito - diz e eu rio envergonhada - Acho que esta relação não vai funcionar - brinca e eu finjo-me ofendida.

- Tinhas de comer muita papinha para chegares aos calcanhares da Clara, Gonçalito - a Inês aproveita para gozar com o amigo que lhe fez o mesmo pouco tempo antes.

- Sempre ouvi dizer que quem desdenha quer comprar, Inêzita - continua a provocação.

- Ew. Mil vezes ew. E eu sempre ouvi dizer que mais vale só, do que mal acompanhada - riposta e o Gonçalo consegue roubar-lhe um beijo na bochecha, mas logo é empurrado.

- Eu só sei que quero ser madrinha do vosso casamento - a Matilde brinca, mas o casal parece não achar piada à brincadeira. Segundos depois ouvimos o primeiro toque da entrada.

- Acredita que foste salva pela campainha - a Inês responde à amiga e começa a andar a passos largos para dentro do pavilhão.

- Se não fosse verdade ela não reagia tão mal - a Matilde comenta comigo enquanto nos levantamos e nos encaminhamos até à sala de aula - Não achas?

- Eu acho que ainda não tenho voto na matéria para falar sobre o assunto - respondo.

- Oh, não digas isso - ouvimos a voz do Tomás e depressa o rapaz se coloca entre nós, com os dois braços à volta dos nossos ombros - Agora fazes parte do grupo e acredita, não vamos largar uma preciosidade como tu - fala e dá-me um beijo na bochecha, fazendo-me corar.

- Não lhe ligues, ele é um garanhão, mas é um ótimo rapaz - desta vez é o Jota que aparece do meu lado direito e que recebe um calduço do amigo - Mas é verdade que agora és uma de nós e se precisares de alguma coisa, já sabes onde procurar - sorri para mim e eu respondo com outro sorriso.

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Mais um. Estão a gostar? Gostava muito de saber.
Beijocas

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