Capítulo 17

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"Esta é a maneira que o mundo acaba. Não com um estrondo, mas com um soluçar." (T.S. Eliot)

Ali estava o meu passado e meu presente, num confronto que embrulhava meu estômago. Nada de bom poderia sair dali. Eu não estava pronta para algo daquele tipo, mal conseguia ficar perto de William sem reabrir as dores do passado, imagine tê-las que saturar com o meu menino do lado... O caos vinha com um gosto amargo, logo numa noite tão bonita como aquela...

Noah assumiu uma postura rígida, estava tenso, e fuzilava William com o olhar, este já estava o oposto, parecia relaxado com as mãos nos bolsos e um sorriso contagiante, mas eu o conhecia bem o suficiente para saber que algo estava por vir.

"Você está sensacional Clair", disse voltando-se a mim, fazendo questão de analisar meu corpo inteiro, sem o menor pudor, "senti sua falta na caverna, minha cama não é a mesma sem você.", ele completou com um sorriso de lado.

Noah iria comê-lo vivo, eu tinha que fazê-lo ir, "O que você quer William?", perguntei me colando mais em Noah, tentei pegar sua mão, mas ele não aceitou, então peguei seu braço e coloquei ao redor da minha cintura, e pus o meu sob seu pescoço, o abraçando. William não estragaria esta noite. Meu moço agora não tão doce, foi relutante em aceitar, estava muito tenso, mas vi o alivio espalhando-se em seus olhos.

"Quero uma dança, como nos velhos tempos.", William sabia como começar uma confusão, e aposto que era exatamente o que iria fazer...

Noah nem olhava para mim, fulminava William com o olhar o tempo inteiro, mas não surtia efeito, pois William só o ignorava e tinha os olhos grudados em mim, analisando cada detalhe em minha postura.

"Ela não vai com você, então porque não se vira, e cai fora?", Noah falou num tom de voz controlado e ameaçador. Era tão estranho vê-lo assim... ele apertava minha cintura, numa espécie de conforto, para ter certeza que eu ficaria ali com ele.

"Você é novo nisso, por isso vou te explicar", William sorria o tempo inteiro, "ela é minha, e você, bem, é só um passatempo para entretê-la enquanto eu não estava por perto.", ele ia se aproximando de Noah, sem tirar o sorriso do rosto, "Mas agora eu voltei, e vim busca-la", ele falava como se estivesse explicando algo a uma criança, "então porque não volta para onde estava ?"

As palavras o atingiram, mesmo Noah fazendo o melhor para esconder numa máscara de frieza.

"Não sou de ninguém. Sou minha, não me trate como uma de suas propriedades, sou uma mulher livre e estou com ele, então sai.", falei me colocando entre os dois. Não queria vê-los numa briga, William não jogava limpo, já vi isso antes.

"Ele é seu namoradinho, Clarisse?", Will virou-se para mim, e ao ver minha mão parada no peito de Noah, completou, "que adorável, formam um casal bonitinho até..." Olhou nos olhos de Noah e falou: "Ela já te abocanhou?", meu garoto dos olhos de gelo faiscou, e William deu uma risada cínica, "Porque meu amigo... esses lábios são milagrosos.", falou tocando em meus lábios.

E foi isso, foi assim que o caos se instalou.

Noah deu um soco na boca dele, e o pegou pela garganta, William ria o tempo inteiro, mesmo enquanto tossia buscando o ar, nunca vi tanta ira numa pessoa.

"Noah, solta ele !", eu estava desesperada, tentava fazê-lo soltar, mas suas mãos se fechavam mais. "Por favor Noah, você vai matar ele", comecei a chorar, gritar e puxar suas mãos.

Ele soltou, olhou para mim e disse: "Sejam felizes."

William caiu no chão com tudo, e Noah virou de costas para mim e saiu andando. Eu ainda estava chorando quando vi William virando-se para trás , e dizendo: "Peguem ele e ela."

Só deu tempo de gritar, "Noah, corre!", dois caras me pegaram, consegui nocautear um e chutei as bolas do outro.
Eu lutava desde os 4 anos, e iria usar cada golpe que aprendi se fosse preciso. Noah estava paralisado. Três caras iam para cima dele, e eu me joguei em um, mordendo tudo o que via, chutando, socando, estava desesperada, se o pegassem iriam machuca-lo.

"Por favor Noah, CORRE!", olhei em seus olhos e supliquei, mas ele parecia não me enxergar de verdade, me coloquei em sua frente, para defendê-lo, mas não conseguiria segurar aqueles caras por muito tempo, eram quatro agora, todos vindo na nossa direção, "Noah, por favor, por favor, vai.", eu implorava, mas nada, nem um piscar de olhos vinha dele.

Um dos caras conseguiu me agarrar, "NÃO MACHUQUEM ELA!" William gritou, achei irônico, já que ele me destruiu sem levantar um dedo.

"Noah, vai, por favor...", eu chorava e me debatia nos braços daquele estranho, mas Noah permanecia paralisado.

Vi meus amigos chegando, o cara estava me levando para William. Léo foi o que chegou primeiro, e seu instinto foi ir até mim, mas olhei em seus olhos e balancei a cabeça. Meu amigo entendeu, e mesmo relutantemente foi para cima dos caras que tentavam pegar Noah, logo atrás vieram Rafa, Peu, Lucas, Rodrigo, Celso, Caio e Orlando. Vi o desespero neles, os caras pareciam se multiplicar, e meus amigos tentavam dar conta deles.

Noah só me encarava parado, os meninos tentavam puxa-lo para longe, e quando alguém olhava para mim, eu gritava "ELE. TIREM ELE"

William aproveitou a confusão e me tirou de lá sem que meus amigos vissem, só Noah me viu sair, e foi a única vez que ele se moveu, tentando passar pelas pessoas para ir atrás de mim, mas já era tarde demais, ele não conseguia passar, a briga virou uma confusão enorme, com um monte de gente que nem sabia porque estava brigando.

William desceu as escadas comigo, e vi Milla longe, no bar. Trocamos olhares, e minha amiga começou a chorar ao me ver saindo com ele.

Era o verão passado me atingindo com força, justo eu, que tentei fugir de todas as formas.

Era o verão passado me atingindo com força, justo eu, que tentei fugir de todas as formas

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