Capítulo 9

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Sábado, dez da manhã.

— Certo... — William começou. — A Bernardes pode ser a primeira isca. Ou seja, a que vai atrair o bandido que queremos. Lucy, quero que distraia os amigos dele, sei que você vai se sair muito bem nisso — William mordeu o lábio inferior e piscou um dos olhos. Sabia muito bem do que Lucy era capaz para distrair amigos de bandidos e fazê-los ficarem ocupados demais para se importar com o chefe. — Quero que a Emma e o Ryan investiguem os cantos da boate, ficando de olho em qualquer coisa estranha; tipos de códigos entre eles e tudo o mais; o Ernesto fica comigo no bar de escolta para vigiar a Bernardes já que o cara virá em cima dela e, você, Brian, fica na porta. Dê um jeito de disfarçar e ficar por ali sem deixar nada escapar. O cara vai tentar fugir. Passar pelos seguranças será fácil e por você não... Certo?
— Certíssimo, Bonner — o homem sorriu.
— Ótimo. Todos concordam? — ele perguntou e todos balançaram a cabeça afirmativamente. — Posso passar o plano para Charlie?
— Você sabe que pode — Emma disse dando um meio sorriso. — Já fizemos isso antes.
— Certo, esperem aqui — William disse e saiu da sala.
Caminhou por alguns corredores, ouvindo as mesmas indiretas de sempre e ignorando-as como sempre, e logo chegou a sala de Charlie. Deu duas batidas na porta e esperou a autorização do mais velho, que não demorou muito.
— Vocês já têm uma estratégia pronta? — Charlie perguntou sorrindo debochado.
— Temos — William respondeu dando de ombros e se jogou na cadeira.
— Se for a mesma de sempre, aconselho a melhorar um bocado mais — Charlie disse ainda sorrindo.
— Ele é só mais um bandidinho de merda, Charlie. Não adianta vir com aquele discurso de "esse é totalmente diferente, ele já fez coisas horríveis" e blá blá blá — William o encarou. — Você tá falando comigo, Charlie.
— Tá se achando o gostosão de novo? — Charlie perguntou com um tom brincalhão, fazendo William rir e entrar na brincadeira.
— E desde quando eu deixei de ser e me achar o gostosão? — ele perguntou segurando uma risada.
— Ok, ok — Charlie gargalhou. — Sério agora. Ele realmente é um bandido filho da puta. Ninguém daqui nunca consegue pegar ele e eu nunca quis te ocupar com isso por ter outros caras bons... Mas parece que eu realmente vou ter que apelar pra você de novo.
— Relaxa — William deu de ombros. — Vai ser rápido e até bom já que íamos ficar de bobeira até segunda. Enfim. O plano vai ser o seguinte: a Bernardes para atrair o bandido que queremos, eu e Ernesto no bar de escolta, Ryan e Emma procurando qualquer coisa que nos ajude e reparando nos códigos entre eles, Lucy distraindo os outros caras e Brian na porta.
— Gostei. Só não deixe eles notarem quem vocês são. Agora vamos lá — Charlie se levantou. — Quero falar com todos vocês antes.
— Vamos — William se levantou também e os dois seguiram para o outro lado do prédio.
Caminharam rindo e brincando feito dois idiotas.
— Bom dia — Charlie disse ao abrir a porta, sorrindo.
— Bom dia — responderam todos juntos.
— Hoje o dia será longo para vocês, garotas — Charlie começou indo se sentar na cadeira de William. — Quero todas indo para salão, shopping, seja lá o que vocês fazem quando têm uma festa importante para ir — ele cruzou os braços. — Quero vocês bem bonitas. Os caras têm que cair na de vocês.
— Vamos caprichar, relaxe — Emma disse.
— É, Charlie, deixe com a gente — Lucy disse sorrindo.
— Vocês não estão entendendo. Vocês todos vão para a melhor boate da Inglaterra — Charlie disse e Emma arregalou levemente os olhos. — Eu disse que seria um bocado diferente desta vez...
— Mas não citou que iríamos para a melhor boate da Inglaterra. A mais lotada. A mais complicada de observar! Como vamos achar o cara? — William disse um bocado mais alto e Charlie sorriu debochado.
— O plano de vocês está ótimo. Só preciso que as meninas fiquem ousadas — Charlie deu de ombros.
— Ousadas como, Charlie? — Emma perguntou cruzando os braços e se preparando para o que viria.
— Hum... Ousadas, oras! Roupas mais coladas e curtas... Da forma que esses caras gostam — ele deu de ombros. — Abusem da sensualidade. Eu quero esses caras presos. E o jeito deles caírem na de vocês, é vocês sendo como as mulheres que eles andam.
— Ah, meu Deus — Emma murmurou. — Vamos ter que ser quase vadias?
— Exatamente — Charlie deu um sorriso torto. — E, você, Fátima, principalmente.
— Se está achando que vou quase nua para a melhor boate da Inglaterra está muito enganado — Fátima disse dando uma risada nervosa.
— Fátima, Fátima — Charlie esfregou a testa. — Está começando errado, querida. Eu falo, vocês fazem. Lembra?
— Mas...
— Não, não tem reclamações — Charlie disse devagar, sabia que ela não estava acostumada, mas tinha que colocá-la na linha. Não era porque ele a defendia de Bonner que ela agiria assim, não, jamais!
— É o jeito, Fátima — Emma murmurou e Fátima suspirou, mordendo o lábio inferior em seguida.
— Ainda está em tempo de desistir — William disse em um tom provocativo e piscando um dos olhos, fazendo Charlie lançar-lhe um olhar ameaçador, reprovando suas palavras. William mordeu o lábio segurando um sorriso e levantou as mãos, como se pedisse desculpas.
Fátima o encarou e, lentamente, levantou a mão direita, dando-lhe um sinal feio. William abriu a boca como se fingisse um choque e reitribuiu o gesto, ignorando todos que estavam na sala.
— Já pararam? — Charlie perguntou.
— Foi mal — William disse ainda com um sorriso no canto dos lábios.
— Vocês são dois casos perdidos — Charlie bufou. — Comecem a agitar tudo. Quero todos prontos lá às nove da noite. Boa sorte — Charlie finalizou e saiu da sala, ignorando todo o tipo de dúvida que escapavam dos lábios dos presentes. Agora era com William. A equipe era dele, oficialmente.
— Certo. E agora? — Emma perguntou.
— Sei lá, comecem a se ajeitar — William deu de ombros e sentou em sua mesa. — Nós, homens, ficaremos de bobeira até a hora de irmos para casa nos arrumar.
As três mulheres presentes bufaram e se levantaram, saindo da sala sem dar explicações. Tinham muito o que fazer até às nove da noite.

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