Capítulo 1

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O homem de cabelos enrolados e extremamente bagunçados caminhava pelos corredores da delegacia com pressa. Seu rosto mostrava impaciência, raiva ou qualquer coisa do tipo, seus olhos brilhavam e estavam extremamente vermelhos em volta; estava pernoitado. Fato.
Por onde William Bonner passava, apesar da aparência nada apresentável, arrancava suspiros de todas as mulheres do local. Afinal... Seu rosto mal-humorado e seu cabelo bagunçado apenas o deixava mais... Sexy. Ou na linguagem das mulheres de lá: gostoso.
Bonner dera a última tragada no cigarro que tinha entre os lábios, jogou-o em uma lixeira qualquer e abriu a porta em sua frente, ignorando todos os "não pode fumar por aqui, senhor Bonner" e os "bom dia, senhor" das mulheres atiradas que queriam chamar sua atenção.
Frieza. Típico dos ingleses como Bonner.
— O que é tão importante para vocês me tirarem da minha deliciosa cama justo na minha folga? — Ele fechou a porta atrás de si e continuou a falar: — E, outra, às sete da manhã. Vocês são normais?
— Bom dia pra você também, Bonner — disse uma ruiva revirando os olhos enquanto analisava uns papéis.
— Tanto faz — ele deu de ombros, bufando. — Agora, por favor, respodam: o que diabos estou fazendo aqui às sete da manhã no meu dia de folga? Caso vocês não saibam, eu...
— Passou uma noite inteira bebendo, dançando com essas vadias de boates, depois levou uma pra sua casa, vocês transaram por duas horas e quando você, finalmente, pôde dormir, nós te acordamos — disse um rapaz de cabelos, também, enrolados revirando os olhos.
— Pare de me interromper, Ernesto — William o repreendeu. — Eu gosto de contar essa parte.
Charlie Moore, o chefe do local, revirou os olhos cansado daquelas brincadeirinhas.
— Tente dar uma lida nisso aí, Bonner — ele disse jogando a pasta em cima do moreno. — Ainda hoje. Bêbado ou não, você tem que ler isso.
William abriu a pasta e se sentou ao lado da ruiva que tratou de se levantar, não porque Bonner sentara ali, mas sim porque... Precisava fazer algo do lado de fora.
— Owen Mangor... morta? — ele murmurou devagar, lendo e relendo o mesmo parágrafo.
— Pois é — Charlie caminhou até Bonner. — Pegue quem fez isso antes que ele faça mal a mais alguém importante e eu lhe dou um mês de férias.
— Você disse isso da outra vez, e aqui estou eu trabalhando em mais um dia de folga — Bonner rebateu. — Mas, beleza, vou pegar. Afinal, é o meu trabalho.
Charlie apenas suspirou e saiu da sala, deixando apenas William e Ernesto.
— Resume pra mim o que realmente aconteceu? — William pediu e o amigo riu. — Sério, estou sem saco pra ler o resto disso aqui e minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento.
— O cara matou ela a facadas na casa dela — Ernesto começou —, ele deixou a faca no local para nos deixar "atiçados" — ele fez aspas e continuou: — Mas quando pegamos a faca, não havia digitais nem nada. A faca estava incrivelmente limpa. E, ao lado da faca, deixou um bilhete que dizia: "ela é só a primeira. Se eu fosse vocês ficaria ligado, policiais ingleses. Tenho mais gente na lista. E acho que vocês só vão me pegar depois que eu matar o último." — Ernesto fez um pausa e vasculhou sua mente à procura de mais informações que fosse ajudar Bonner.
— Certo — William interrompeu os pensamentos do amigo. — A gente dá um jeito nesse cara. E nos amiguinhos dele também, porque ele não está sozinho.
— Jura, William? — Ernesto perguntou irônico.
William revirou os olhos. Não queria trabalhar. Ele estava um caco!
— Eu realmente tenho que começar isso hoje? — William perguntou fechando os olhos com força.
— Aham — Ernesto deu ombros. — E se eu fosse você, tiraria essa bunda branca da cadeira agora e ia atrás de mais coisa.
— Tá, tá — William se levantou bufando. — Você vem comigo?
— Não — Ernesto riu. — Mas ela vai — ele apontou para a mulher que abria a porta.
— Opa — William murmurou. — Não vai ser tão difícil assim.
Ernesto riu e não disse nada, apenas fora para o outro lado da sala pegar alguma coisa.
— Olá, garotos — disse a mulher que acabara de entrar.
William olhou-a de cima abaixo novamente, fazendo-a revirar os olhos; não o aguentava mais.
— Olá — William murmurou ainda a encarando.
Ernesto riu.
— Olá, Emma — Ernesto disse e, logo depois, se virou para o amigo. — É bom que comece logo o trabalho — finalizou e saiu rindo da sala.
— E aí, Cobain — Bonner começou, puxando um cigarro e o isqueiro do bolso. Colocou o cigarro entre os lábios e o acendeu rapidamente. Tirou-o da boca, segurando entre os dedos e soltou a fumaça, virando para a mulher. — Você está tão... gostosa hoje.
— Não pode fumar aqui, Bonner — ela disse bufando. — E dá pra parar com isso? Temos que trabalhar.
— Tudo bem — ele levantou as mãos e, logo depois, deu mais uma tragada no cigarro. — E, ah, eu sei que não pode. Mas quebrar as regras é tão legal.
— Você deveria ser um homem da lei — ela riu.
William tirou o casaco de couro que vestia e o deixou jogado em uma das mesas.
Sugou o cigarro novamente e o jogou fora, mesmo estando pela metade. Tinha coisas mais importantes pra fazer. Ou melhor, tentarfazer.
Se aproximou de Emma e ela revirou os olhos.
— William, por favor — ela pediu o empurrando pelo peito. — Pare, tá legal? Vamos só trabalhar.
Ele deu uma risadinha fraca e mexeu nos cabelos, fazendo-a se perder em seus movimentos. Afinal, quem não se perdia?
— Tem certeza? — ele se aproximou mais.
— Absoluta — respondeu ela, séria. — E você ficou na farra a noite inteira. Sinceramente, Bonner, você não cansa?
— Eu sempre tenho umas energias guardadas pra você, querida Emma — ele murmurou de uma forma provocante, aproximando seu rosto do da mulher.
Ela suspirou.
Não o aguentava mais. Mas também não queria mais resistir. Afinal, era William Bonner! E todas as mulheres dali queriam estar no seu lugar. Todas. Até as casadas que não tinham em casa o que William poderia dar.
— William, por Deus! — Ela tirou forças do além e o empurrou, indo para o outro lado da sala. Não conseguia raciocinar em algo melhor.
William mordeu o lábio e caminhou calmamente até o canto que Emma estava, segurou sua cintura firmemente fazendo-a estremecer.
— Você quer tanto quanto eu — ele sussurrou em seu ouvindo e começou a distribuir beijos pela nuca da moça, que se arrepiava mais a cada segundo. Os lábios frios e macios de William passeavam livremente por sua nuca, logo sua língua quente fazia parte da coisa.
Ela fechou os olhos com força e apoiou as mãos na mesa mais próxima.
Se sentia tonta.
William a deixava tonta.
— William... — ela murmurou e ele tirou os lábios da nuca da garota, deixando-a mais aliviada, porém "com gostinho de quero mais".
— Fale — ele sussurrou.
Ela mordeu o lábio.
Não sabia o que fazer.
— Seu cachorro — ela disse um pouco mais alto e se virou para o rapaz, que sorria maroto.
Emma revirou os William William... Afinal, tem trinta e seis anos e William tem apenas vinte e oito.
— Imagina, coração — ele abriu mais seu sorriso e a puxou para mais perto.
Emma revirou os olhos e o afastou, logo girando-o e o encostando na mesa onde ela apoiara antes.
— Eu controlo a situação — ela sussurrou no ouvido do rapaz e desceu os lábios lentamente por todo o rosto e pescoço de William.
— Como quiser — ele murmurou deixando suas mãos escorregarem por todo o corpo da mulher.
Emma, já cansada de joguinhos, puxou-o para um beijo caloroso. William retribuiu à altura, puxando a blusa da mulher que estava por dentro da saia justa de cintura alta.
Bonner levou a mão direita lentamente para os cabelos ainda presos de Emma.
Ela soltou um suspiro pesado ao sentir o rapaz mordendo seu lábio com um pouco mais de força e, sem perder mais tempo, levou as mãos para debaixo da camisa branca do rapaz, puxando-a para cima.
Afastaram-se por dois segundos — tempo pra arrancar a blusa de William — e juntaram seus lábios novamente num beijo muito mais ardente.
Emma sentia seu corpo queimar; como se cada célula sua estivesse explodindo.
William já estava acostumado com aquela sensação. Mas era algo que não o deixava enjoado de sentir. A cada segundo que passava ele queria mais e mais. Emma era a mulher que ele mais desejou e nunca conseguiu no local de trabalho, as outras eram... sei lá, as outras eram bem pouco comparadas à ela. Talvez por ela ser mais velha e mais experiente ou então talvez pela sua beleza juvenil.
Emma desceu uma das mãos e a parou em cima do membro já "animado" de William, que se arrepiou com o toque. Ele, então, sem perder tempo, puxou a blusa de Emma abrindo-a violentamente e arrancando um dos três botões que haviam.
— William, você e a Emma... — Ernesto abriu a porta dando de cara com Emma e William praticamente se engolindo. Arregalou os olhos assustado e engoliu seco.
Emma se afastou de William rapidamente, respirando pesado.
Bonner bufou e pegou a blusa de Emma, que estava próxima a ele.
— Foi mal eu... — Ernesto tentou falar, porém Emma o interrompeu.
— Tudo bem — ela disse rápido vestindo a blusa. — Eu... vou lá pra fora — ela mordeu o lábio. — Tenho que ver umas coisas pra começarmos a achar as provas e... — ela olhou pra o chão e bufou. — Ah! Foda-se — murmurou e saiu da sala.
William passou as mãos pelos cabelos e procurou sua camisa.
— O que você viu fica aqui. Somente aqui — Bonner murmurou tentando se acalmar.
— Relaxa — Ernesto segurou um riso e William o olhou feio.
— Empata foda — William sussurrou e vestiu a camisa, finalmente. — Vamos trabalhar, Bonner, vamos lá — disse pra si mesmo e Ernesto não segurou a gargalhada.
— Você está retardado e eu não tenho mais dúvidas disso — Ernesto disse e riu alto mais uma vez, fazendo William revirar os olhos.
— Vamos trabalhar, Paglia — William disse respirando fundo e olhando para todo seu corpo para ver se tudo já estava em ordem. Deu um sorriso de canto ao ver que todo aquele efeito de excitação já havia passado e saiu da sala, sem nem ao menos esperar Ernesto – que não se importou muito com a saída do amigo, tinha coisas mais importantes para fazer que se preocupar com William.
Ernesto sentou-se em uma das mesas dali e ligou um dos computadores; precisava olhar alguns e-mails, ler notícias, saber o que estavam falando sobre Owen Mangor, aquilo também era importante. Muito importante, vale frisar. Ernesto observava o monitor atentamente. Abriu todas as páginas de Internet que precisava e esperou tudo carregar, o que não demorou muito.
Antes de voltar a observar o monitor, prendeu sua atenção em seu celular; observava uma foto.
Suspirou e deu de ombros, olhando para o monitor. Seus olhos se arregalaram no mesmo momento. Aquilo não podia ser sério.
Agora, William infartaria. De fato.
Ernesto engoliu seco e leu novamente a página que estava.
— Essa garota já era — Ernesto murmurou para si mesmo quando acabou de ler a página. Mordeu o lábio inferior para segurar um sorriso e pegou o celular em cima da mesa. Ligaria para William, claro! Ele tinha que ler aquilo! Afinal, era sobre ele.
— O que é, Paglia? — William perguntou irritado; com certeza acabara de brigar com alguém ou então sua ressaca havia voltado.
— Você precisa subir aqui — Ernesto disse.
— Olha, eu tô ocupado e...
— Sério, William — Ernesto interrompeu. — Você prcisa ler o que aquela jornalistazinha disse sobre o caso da Mangor.
— Eu leio isso depois, Charlie está me irritando demais agora... — o rapaz respondeu bufando.
Ernesto deu uma risada fraca e falou:
— Se eu fosse você subiria agora, William. Você não vai gostar de ler isso tudo em outro lugar.

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