— Então por que não fica aqui vendo desenhos enquanto sua mama e eu fazemos algo pra ti? — sugeri, alterando o canal da TV e rapidamente achando um novo desenho que ele adorava.

Meu filho nem se deu o trabalho de respondeu e apenas pegou o controle, se ajeitando no sofá e tendo toda sua atenção para a televisão. Karla me encarou um pouco confusa mas me seguiu até a cozinha sem questionar.

— Ok, sozinhas. Agora me diga — pedi, notando a compreensão em seu olhar enquanto se escovava no balcão.

— Foi algo que Normani disse — confessou, soltando um suspiro quase dolorido — Sobre como eu tinha feito de propósito. Como se eu tivesse deixado Aus assim de propósito! Como ela sequer pensa algo desse nível? — desabafou, sendo claro notar a dor em sua voz enquanto balançava a cabeça — Por que caralhos ela diria isso? Como ela pode pensar isso de mim? — cruzou os braços e senti meu próprio peito se apertar ao ver lágrimas descendo de seu rosto.

— Ah meu bem — murmurei, a puxando para meus braços, deixando que chorasse em meu ombro.

Doía em mim ver como essa situação machucou e ainda machucava Camila. Principalmente porque eu sabia que ela havia feito seu melhor para deixar o melhor amigo vivo. Como eles, que a conheciam por mais tempo que eu, tinham a capacidade de não entender isso? Eram eles que a defendiam e a consolavam quando eu era uma adolescente estúpida e preconceituosa. Eles eram seus amigos. Não conseguia entender porque agiram daquela forma ano atrás, mesmo com dor, mesmo machucados.

Não justificava.

— Eu estou aqui, Camz — sussurrei, percorrendo meus dedos por suas costas.

— Por que ela diria algo assim? — se lamentou, me apertando com força.

Franzi meu cenho, tentando entender aquilo também. Normani conhecia Camila, por que pensaria que minha esposa faria algo dessa magnitude de propósito? Não era racional. Não é como se minha esposa soubesse o que estava fazendo ou faria novamente e...

Merda.

— Merda — xinguei alto, me afastando de Karla e notando seus olhos confusos — Eu sei porque ela disse isso...

*

— Tem certeza que ela não vai aparecer? — Normani perguntou pela vigésima vez, me fazendo suspirar.

— Não, ela não vai — garanti, olhando rapidamente e notando as horas — Ela quase nunca aparece — dei ombros, tentando soar despreocupada e não demonstrar o quanto aquilo me machucava — Então, como está o Austin? — perguntei interessada, servindo um pouco mais de vinho para as duas.

— Está de volta na casa dos nossos pais — Mani respondeu entre um suspiro, vi quando Dinah abraçou seu corpo, a confortando — Está sendo difícil, ele está depressivo por conta da situação. Não saí. Se irrita com a fisioterapia. Não parece meu irmão — desabafou, negando levemente com a cabeça.

— Ele não estava namorando? Eu lembro da Camila ter comentado isso uma vez — tentei puxar a memória de volta mas desisti quando vi Normani bufar.

— Austin terminou com ele, ele está terminando com tudo, quer até acabar a carreira — reclamou, bebendo o conteúdo da taça em instantes.

— Inclusive as amizades — Dinah murmurou, rolando os olhos levemente.

— Amor... — Normani repreendeu, antes de se inclinar para mesa de centro e se servir de mais vinho por conta própria — Ele está frustrado e com razão.

— Ele tem o direito de se sentir assim. É muito para assimilar e eu nem consigo imaginar como ele se sente. Mas ele está culpando as pessoas erradas — Dinah afirmou seriamente, sua esposa suspirou.

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