Capítulo dois

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Eu tinha sentado na cadeira do meu pai após ele ter saído do escritório junto com o advogado pau mandado do meu futuro noivo. Oliver se encontrava na minha frente jogado na cadeira com uma expressão indecifrável no rosto, e mesmo assim, ele era o homem mais bonito que eu já tinha visto de perto.

- Enfim a sós. - zombou me fazendo revirar os olhos. - Não abro mão do artigo dois, não importa quais são seus argumentos.

Sorri após sua resposta decidida. Se eu perdesse aquilo, ele também sairia perdendo.

- Esse casamento será entre nós dois, nada mais justo que nós dois decidirmos o que vai acontecer nele. - Falei.

- De acordo. - Deu ombros. - Quais são as suas exigências?

- Você tem certeza que nós precisamos dividir um quarto?

- Isso não é negociável, Zoe.

Assenti me indireitando na cadeira.

- Certo, isso é um favor que vou fazer para você. Pode fazer um para mim?

Ele sorriu pelo nasalado antes de responder.

- Não se preocupe, você vai ter um acesso a minha conta. Você vai poder fazer tudo que quiser.

- Não quero seu dinheiro. - Falei com nojo. - Não sou uma prostituta, cuidado com o que você fala para mim.

Seus olhos piscaram rapidamente me fazendo entender que ele estava perdido. Ele era patético. Ele com certeza não me conhecia, não sabia dos meus cinco anos na Havard e não sabia do meu ódio por dependência.

- Eu quero uma entrevista de emprego na Hawthorn. Mas não quero receber nenhum tipo de privilégio por ser sua esposa, nem nada do tipo.

- Entrevista? - sua expressão confusa continuava. - Você pode ser a Editora chefe em dois tempos, Zoe.

Revirei os olhos me levantando da cadeira do meu pai para ficar em sua frente. Ele olhava atentamente para cada passo meu me fazendo andar mais firme antes de finalmente me encostar na mesa de madeira.

- Se eu quisesse privilégios eu trabalharia na Savatti.

- Você não trabalha na Savatti porque não aguentaria a pressão da Helena. 

- Eu e Helena não temos problema nenhum.

- Eu não sou burro, Zoe. Eu sei exatamente quem você e sua família são.

- Meu pai jamaais admitiria, muito menos a Helena. Você tem escutas na minha casa?

- Talvez. - deu ombros. - Mas essa conversa não é sobre isso. Essa conversa é sobre Você, sobre nós. Eu posso te tirar daqui em dois tempos, Zoe. Você ficaria longe disso tudo, da mídia, dos paparazzi e da Helena.

- E o preço iria ser sua posse, alguém que você manda e desmanda?

- Você já é minha. Esse contrato é só para oficializar as coisas. - Disse simples.

- Eu não sou sua.

- Sim, você é. Mas a questão é, aceita ou não?

- Quantos artigos tem?

- Cinco.

- Quais são os outros três?

- Que o casamento seja com comunhão parcial de bens. Você não vai poder trabalhar, e no caso de um filho, ficamos mais um ano juntos.

- Filho? Eu já disse que não vou para cama com você.

- Se você realmente não vai, qual o problema de assinar o contrato?

- O problema é o emprego, Oliver. Eu quero trabalhar, eu vou construir uma vida inteiramente sozinha na África, eu preciso de experiência.

Ele me analisou por alguns segundos parecendo pensar. Eu estava entrando naquela enorme furada pela minha liberdade, eu não podia simplesmente obedecer o que aquele machista dizia. A partir do momento que eu colocasse meus pés na África eu iria me sustentar, começar de baixo e sozinha. Sem nenhum tipo de ajuda, mas, em compensação, sem nenhum tipo de pressão. Eu não queria nem podia abrir mão daquilo, e nem ia.

- Você vai ser minha assistente. - Oliver falou depois de alguns segundos pensando me fazendo torcer o nariz.

- Não vou servir cafézinho para você.

- É um emprego digno.

- Sim, quem não é digno é você. E eu não quero trabalhar para quem eu não admiro.

- É pegar ou largar, Zoe.

Contrato EscarlateDonde viven las historias. Descúbrelo ahora