18. don't touch him

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a segunda feira chegou, e junto com ela o dia em que josh e debby finalmente mostrariam para o grupo o que haviam descoberto no dia anterior.

os três amigos foram juntos para a escola como já era de rotina, com um ryan de ressaca no banco de trás e brendon irritado pelas reclamações vinda do garoto. a cabeça de josh não parava de amadurecer a ideia e tentar bolar inúmeros planos.

como debby e katherine estudavam em salas diferentes da que os três estudavam, então a oportunidade de conversar sobre o dia passado só chegaria no intervalo. a aula que antecede o horário, entretanto, era química e todos os alunos foram guiados ao laboratório do colégio.

brendon, como sempre, foi um dos primeiros a acabar com o experimento e entregar o relatório para a professora. acenou um tchau para os amigos que ficaram presos na sala, tentando terminar de escrever o que os exercícios pediam.

josh foi o segundo a terminar e, por conhecer ryan, sabia que o menino perderia a paciência e colocaria qualquer coisa nas questões, então resolveu espera-lo do lado de fora da sala de azulejos brancos.

— maldita, que porra era aquela?! a gente nem viu essa matéria! — ryan reclamou enquanto saia da sala, caminhando ao lado do amigo.

— na verdade, a gente viu isso semestre passado. — josh corrigiu, enquanto os dois viravam o corredor, sendo presos por uma multidão agitada que ia mais apressadamente do que o normal em direção ao refeitório.

— o que será que aconteceu? — ryan perguntou, ao apressar o passo em direção a multidão que se aglomerava.

— não me parece bom... — josh disse, com uma sensação ruim instalada no peito.

quanto mais se aproximavam, mais as vozes envolvidas na discussão pareciam aumentar. aumentando tanto que reconheceram a voz de brendon como uma delas. os dois meninos tentaram passar pelo grande número de pessoas se esticando para ver o que acontecia.

— quem você acha que é pra ficar me secando daquela jeito, hein urie? — finalmente ouviram e viram mark, uma das pessoas que brendon mais desprezava no mundo, parado de frente pra ele.

— para de ser burro, eu acabei de falar que não tava olhando pra você. — o menino disse, tentando escapar da discussão ao desviar do corpo do jogador que parecia avançar em sua direção.

boiolinha, todo mundo já sabe quem você é! — ele disse, empurrando um dos ombros de brendon com o punho.

— vai se foder, mark. — brendon se virou de costas, preparado para sair andando daquela roda de pessoas que observavam a briga. porém, a sua chance de escapar não veio, pois mark o puxou pelo braço, chocando seu punho contra a maçã do rosto de brendon logo em seguida.

depois disso, tudo passou rápido demais. ryan e josh, que já estavam quase na frente, empurraram os corpos parados e avançaram até a cena. josh chegou a tempo para segurar o corpo do amigo que cambaleou para o chão, enquanto ryan avançou de punhos fechados para o que tinha agredido brendon.

quase como se brotasse ali, katherine e debby apareceram. a ruiva segurou o corpo abalado de brendon, enquanto josh e katherine quase pulavam em ryan que socava o rosto do outro, tentando separa-los.

— não toca nele! tá me ouvindo?! — ele berrou, enquanto os dois amigos puxavam ele para direção que debby e brendon estavam. — se você tocar nele, eu te cego, seu desgraçado!

ryan continuou a berrar ofensas e ameaças enquanto os cinco saiam arrastados do refeitório que estava cheio. debby os guiou até a parte de fora do colégio, onde eles só pararam ao chegar ao antigo clube de jardinagem que a menina costumava a cuidar.

— caralho ryan, você não consegue ficar uma semana sem sair no soco com alguém? — katherine resmungou, se sentando de pernas cruzadas na grama.

— você viu o que aquele filho da puta falou pra ele?! — ele passava os dedos no machucado que havia se formado em sua mão — eu não ia deixar isso acontecer!

— era só tirar o brendon de lá! você vai acabar se fodendo por causa disso!

— eu não ligo, caralho! não vou deixar isso acontecer com ele... nem com nenhum amigo meu.

katherine bufou, desistindo de discutir contra a suposta lógica inabalável do amigo. debby se sentou ao lado de brendon, colocando a mão no joelho do amigo, que levantou o rosto que antes estava abaixado.

— você 'tá bem, beebo? — ela perguntou com a doçura e sensibilidade, de sempre.

— eu 'to... — ele disse, passando a mão entre os fios escuros. a bochecha que fora atingida estava um pouco arroxeada, e talvez chegasse a escurecer mais devido à força do impacto. — obrigado por me defender, ryan. — ele completou, com voz um pouco mais baixo.

— sempre que precisar, testudo. — o outro respondeu, quebrando um pouco o clima pesado. — o que vocês tem para nos falar, josh?

o menino concordou com a cabeça e, junto de debby, começou a explicar tudo que eles haviam descoberto.

— ... então, se vocês tiverem alguma ideia do que tudo isso pode significar, estamos ouvindo. — josh finalizou, encostando as costas no banco de pedra.

— eu não entendi a parte do medo. — ryan disse, coçando a nuca.

— eu acho que sei o que ele quis dizer... — brendon se pronunciou, atraindo os olhares de todos. — pensem comigo. essa, sei lá, criatura, supostamente se alimenta das inseguranças e medos, certo? — um murmúrio de concordância o respondeu, então ele prosseguiu — logo, se medos e inseguranças deixarem de existir, ele ficaria fraco e vulnerável.

— isso é absolutamente brilhante, brendon. — josh disse, impressionado com a lógica do amigo.

— só tem um problema... — ryan começou a falar — todos nós temos inseguranças e medos, isso é inevitável.

— eu acho que não importa se temos ou não, ryan. — debby respondeu. — o que importa é se deixamos ou não isso nos afetar.

— como assim?

— eu tenho minhas inseguranças, — brendon tornou a falar, se utilizando como exemplo — mas eu não tenho mais medo. vocês dois me conhecessem a tanto tempo, sabem como eu era. tinha pavor de socialização e do que as pessoas podiam fazer comigo... mas agora, eu não tenho mais esse medo.

— você não tem?

— não, por que eu sei que tenho vocês ao meu lado, não importa o que aconteça. — ele passou a mão pelo braço, dando um sorriso torto — e isso é tudo que importa.

the boy who cried wolf  ᤴ  joshlerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora