CAPÍTULO: 7 ✓

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A agenda do senhor Ogletree viajava com ele, seu computador estava dentro de sua casa e seu escritório tinha um bom sistema de segurança. Demi não podia saber quando ele estaria de volta. Nem mesmo Raven conseguiu aquela.

Demi tinha outros casos para cuidar, por isso passou a próxima semana concentrada nas traições e testamentos, mas uma ligação de Maite na quinta havia a perturbado um pouco. O pequeno Robert estava com outra cirurgia marcada. A 5ª desde que nascera. Ela nunca se importou com a nova vida de sua ex-esposa, mas estava determinada a realizar pelo menos aquele pedido. Por isso, finalizou todos os casos pendentes na sexta, deixando apenas a senhora Perci aguardando naquele mês, e voltou a investigar os dados que tinha sobre Troy Ogletree.

Sem sucesso, ela tentou novamente o escritório e a casa de campo, mas ninguém deixou-a entrar daquela vez. Demi estava começando a questionar suas habilidades quando um telefonema interrompeu seu raciocínio na segunda de manhã.

"SENHORA LOVATO?"

"Sim, quem fala?"

"NICK JONAS."

"Ah, senhor Jonas, a que devo a ligação?"

"Descobri hoje que Troy esteve viajando durante o mês passado, mas ele tem um horário na corte esta tarde. Achei que devia saber."

Demi levantou uma sobrancelha. "E como sabe que ele tem que estar na corte hoje? Vocês não trabalham juntos."

"É o meu caso. Ele é advogado do chefe do meu cliente."

Mais tarde naquele dia, Demi se encontrou escorada em um dos pilares do lado de fora do ministério público. Não podia entrar sem identificação e não correria o risco de ser pega numa mentira para entrar em um prédio do governo. Ela estava esperando por mais de duas horas quando Nick saiu conversando com um homem que ela imaginou ser seu cliente. Mãos calejadas, bolhas nos dedos, unhas pretas. Um ferreiro, talvez.

Assim que a viu, Nick fez um sinal de espera discreto - para ele, pelo menos - e continuou conversando com o cliente. Minutos depois, Demi viu o homem que perturbou seu sono nas últimas semanas descendo as escadas com pressa e uma maleta na mão.

Demi considerou abordá-lo ali, mas era um espaço muito aberto e cheio de pessoas. Ela se esqueceu do senhor Jonas por um momento e se concentrou apenas em Ogletree, atravessando a rua para comprar flores em um vendedor ambulante.

"Aposto que não são para Allison." A voz de Nick soou bem próxima de seu ouvido e Demi conteve um som de surpresa. Era uma detetive, por Deus, como se deixou ser pega de surpresa mais uma vez?

"Obrigada, senhor jonas, sua ajuda foi muito útil. Mas pode deixar que eu prossigo daqui. O assunto é pessoal." Demi começou a andar antes que o advogado pudesse sequer começar seu protesto contra aquela decisão.

O senhor Ogletree pagou pelas flores e começou a caminhar para o final da rua, onde estaria seu carro, Demi imaginou. Ela usou tudo que sabia sobre seu treinamento de investigação para chegar ao carro antes do dono. Era, talvez, um golpe de sorte acertar, mas ela o viu olhando para o carro enquanto procurava as chaves.

Ele estava distraído com o molho de chaves e as flores e só percebeu sua presença quando desligou o alarme e se preparou para entrar. Seus olhos se arregalaram e as flores caíram no chão. Em segundos, ele passou de surpresa para raiva e se conteve para não dar a volta e esmurrar aquela mulher escorada em seu carro.

"VOCÊ." Murmurou.

"É Relativo." Demi comentou com um encolher de ombros.

"O QUE FAZ AQUI?!"

"Devo admitir que foi difícil encontrar o senhor, senhor Ogletree. Mas aqui está você. No trabalho. Lugar bastante óbvio, na verdade."

"O que quer comigo?! Disse para ficar longe!"

"Não, o senhor não disse. Queria que eu ficasse, mas não falou nada sobre isso. Eu não leio mentes, senhor Ogletree."

"SUA PUTINHA DO CARALHO."

"Sou detetive particular, na verdade. Acho que já havia comentado isso. Oh, bem, pessoas costumam ter memórias curtas." Demi deu de ombros mais uma vez. "Preciso do seu telefone."

"POR QUE DIABOS VOCÊ QUER ISSO?"

"Não posso lhe responder ainda, senhor Ogletree. Mas prometo que nunca mais me verá se me der os números."

"SAIA DAQUI!"

Demi suspirou. "Não torne isso mais difícil do que já é."

Troy entrou no carro e arrancou pela rua vazia. Demi foi deixada para trás com a testa franzida e uma sensação de enjoo na boca do estomago. Não queria ver aquele homem de novo, mas, graças à sua atitude, teria. Só lhe restava levar Maite até sua casa ou até seu escritório.

Ela optou pelo seguro. Disse a Maite que tinha as informações, mas que o homem que procurava estava viajando e só voltaria em duas semanas. Durante este tempo, Ogletree teria tempo de esfriar a cabeça e pensar que ela havia desistido. Depois disso, levaria a ex-esposa ao seu encontro, receberia seu pagamento ou seu dinheiro de volta, e poderia enterrar o passado mais uma vez.

•Demally• √ E͟y͟e͟  F͟o͟r͟  A͟n͟  E͟y͟e͟Onde histórias criam vida. Descubra agora