four: goodbye

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— Está em casa agora — eu disse quando estacionei o táxi na rua do prédio de Seokjin. Era um condomínio de dezoito andares e, apesar de sua altura, não parecia ser tão nobre como imaginei. Ele brincou com seus dedos de maneira pensativa antes de relaxar o corpo no banco e deitar a cabeça no mesmo, olhando para o horizonte que amanhecia. O relógio no rádio informava ser oito e meia da manhã.

O que se ocorreu em seguida ao beijo de Seokjin foi um silêncio gostoso entre nós dois. Eu apreciava a sensação deleitosa que seus lábios haviam me causado e tinha certeza que ele reorganizava os pensamentos — ainda com a cabeça apoiada em meu ombro. Não sabia quando foi a última vez que beijei alguém sem interesse físico, provavelmente quando tinha nove anos e nem sabia direito o que era sexo, mas era muito bom apenas apreciar sua companhia e beijá-lo genuinamente.

Desde o momento em que o vi tão frágil em meus braços e  presenciei seus sentimentos jazidos em lágrimas, soube que não se tratava mais de um mimado egoísta, mas sim de alguém que estava desesperadamente emotivo e desesperadamente pedindo consolo. Eu não fazia ideia de como consolar alguém, o único amigo que chegava perto de me proporcional tal experiência era Stuart, meu labrador; mas quando Stuart estava pra baixo, o problema era a) falta de atenção, então eu brincava com ele, b) ração de menos, aí eu enchia mais sua tigela mesmo ciente de que isso não era recomendado pelos veterinários, ou c) carência, como era comum um cão solteiro e virgem ter. Nisso eu procurava no Google fotos de cadelas que eu julgava serem atraentes para um cachorro e colocava o notebook em sua frente na cama. Ele ficava admirando até seu estomago lembrá-lo de comer e ir ao encontro de sua ração.

Bom, eu não podia fazer carinho na cabeça de Seokjin e jogar uma bola para ele, nem procurar fotos de celebridades ou entrar num site pornô, mas a ideia de comida não parecia ser tão ruim, por isso o levei ao Burguer King e o empaturrei. Foi uma surpresa quando ele me abraçou — ação que provava o seu estado crítico — e mais ainda quando levantou a camiseta para me mostrar sua barriga polida, a qual tive vontade de beijar para ficar compreensível a sua beleza. Ele também deve ter percebido a minha atenção incomum à sua boca e ombros, mas é impossível não ficar hipnotizado por lábios tão cheios e ombros tão largos quanto.

Fiquei encatado ainda mais ao ouvir falar de sua paixão pelo Teatro e o trabalho voluntário que se dispôs a fazer. O fato de ele não ter mostrado surpresa com minha história envolvendo o táxi também foi crucial para que seus datalhes luzentes se juntassem numa constelação. E, quando aceitou dançar comigo sem ter vergonha de qualquer passo em falso, essa foi a estrela mais brilhante do agrupamento de estrelas que eu estava fazendo dele mesmo.

Kim Seokjin era um tipo de cristal desconhecido e raro, que quando foi visto não viram também a sua preciosidade, o trocando por uma bijuteria qualquer — suponho.

— Me desculpe por todo o transtorno, você nem dormiu por minha causa — não dormi, mas sonhei acordado mesmo assim — Apesar de tudo, foi realmente incrível o tempo que passei com você, eu não poderia estar mais agradecido.

É isso. Ele se despediria de mim como se nada demais tivesse acontecido, deixando aquela boca longe da minha como se eu nem a tivesse tão próxima antes. Estava tudo ok, não é como se eu esperasse algo maior. Era apenas um taxista dando uma força ao seu cliente.

— Eu não poderia estar mais agradecido também por ter me proporcionado essa aventura — respondi, porém percebi meu duplo sentido e tentei consertar com desajuste — Quer dizer, não que a parte má tenha sido uma aventura, mas foi o estopim pra ela.

Seokjin riu: — Eu entendi o que quis dizer.

Então mais silêncio, até ele quebrá-lo.

— Vou sentir sua falta, e do seu cantinho e do seu táxi também — Jin analisou o interior do automóvel, apalpando o banco acolchoado. Quis dizer que também sentiria sua, junto com o carro, e que meu cantinho não seria mais o mesmo depois de ele o ter conhecido e o transformado em algo ainda mais legal.

— Você ainda pode se aproveitar de minha profissão para me ver. Até se precisar ir para fora da cidade ou na padaria também, eu te levo. Não importa — seus lábios abriram a curva simples do sorriso simples, sem me mostrar a complexidade real dele. Me inclinei para abrir o porta-luvas, ficando mais perto do seu corpo, e tirei de lá uma caneta. — Me dê sua mão — ele deu sem questionar — Eu até te daria um cartão com meu número, mas como sou muito a favor das árvores, tento não usar papel ao máximo.

— Ah, claro que você é a favor delas — ele revirou os olhos, rindo em seguida. Terminei de escrever os números, colocando o telefone para clientes e o meu celular pessoal. Se ele ligasse primeiro para o telefone do táxi, significaria que não me queria sequer como amigo; se ligasse para o outro, a importância seria maior e assim portas com diversos destinos seriam abertas para mim. Num movimento súbito, ergui sua palma até a altura do meu queixo e a beijei, sentindo meu interior congelar.

— Lembre-se do que eu disse, ok? Vai ficar tudo bem se aceitar que está tudo mal.

— Acho que já estou melhorando — me respondeu, as bochechas vibrantes num tom de vermelho. Desci meu olhar para seus lábios, os quais permaneci fitando antes de umedecer os meus próprios e soltar a sua mão.

— Esse sobretudo ficou realmente bom em você — eu disse e era verdade. Havia algo na forma como a peça modelava a silhueta dele e o deixava mais afeminado.

— Eu também acho. Estava pensando em ficar com ele, depois de lavá-lo bem, claro.

— Vai dizer que não gostou desse perfume?

— O que me preocupa não é o perfume dele, mas sim a pessoa que estava com ele.

— Ela era uma garota legal, apenas dependia muito dos pais — repliquei dando de ombros. Eu ainda lembrava que se chamava Jieun e que gostava de dar nome à plantas.

Seokjin não ligou muito e disse que continuaria usando ele. Retirou o cinto de segurança e abriu a porta, prestes a sair quando se esticou por cima do freio de mão e me puxou para um abraço o qual eu não demorei em devolver. Deixou um selar molhado e rápido em minha bochecha e partiu, acenando até entrar no prédio. Fiquei encarando a grande estrutura até dar ré com o carro e dirigir em direção ao meu próprio apartamento, onde Stuart me esperava na porta com o rabo abanando.

Pareceu ser o fim de alguma coisa quando me distanciava cada vez mais.

🚕🚕🚕

oi gente

bom, agora falta só o prólogo pra terminar a fanfic e eu vou ser sincera: estou com dificuldades pra desenvolver ele, então pode demorar um pouco, se alguém se importar.

eu até que tô surpresa por ter alguém lendo isso aqui, já que é tão água com açúcar, porém também tô feliz com isso e agradeço mesmo a quem está acompanhando.

até mais 💜🍀

até mais 💜🍀

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taxi driver | namjinWhere stories live. Discover now