Capítulo II - divergem-se

49 7 1
                                    

Yifan chegou na casa de Chen de manhã depois de muito pensar sobre como falaria para a melhor amiga sobre o que estava acontecendo. Ele desejava do fundo de sua alma que ela entendesse e pudesse ajudar, sabia que Chen conhecia Suho e esperava que isso fosse um fator importante, mas por algum motivo que o chinês não soube definir ao certo estava nervoso e preocupado. A cena do rosto sujo da mulher ainda rondava a sua mente, bem como a cena dela caída no chão, mas o pior ainda era o sorriso sádico que ele via em seus pensamentos quando lembrava-se da forma que fora tratado no hospital.

Não que ele não estivesse acostumado com os olhares atravessados e confusos das pessoas, afinal Yifan estava farto deles. Mas ainda machucava, machucava mais que a faca que cortou a sua testa, deixando aquela cicatriz.

Entrou na casa da também chinesa e sorriu ameno, pensando na promessa que havia feito a mulher acamada. Yifan odiava fazer promessas pois isso era uma coisa muito séria em sua família, era uma questão de honra, e ele sabia que mesmo que as coisas tornassem difíceis ele seria obrigado pelo seu código de ética e de conduta a cumprir. E mesmo sem querer pensar nas dificuldades, sabia que elas existiam, sabia que as pessoas que a machucaram ainda estavam por aí e que todo aquele ataque era estranho, afinal Suho sempre foi considerada uma das mulheres mais belas de todo subúrbio parisiense. Ela nunca havia se envolvido em qualquer confusão. Aquilo gritava na mente do homem que sentava no sofá alheio bagunçando os fios loiros do cabelo e pedindo um copo de água a moça que não entendia o porquê o amigo estava na sua casa tão cedo – já que ambos trabalhavam a noite.

Chen era doce, delicada, sorridente e escandalosa – às vezes. Yifan era grato por tê-la como amiga, e naquele dia agradecia mais ainda por ela apenas assentir aos pedidos de Yifan – um pouco de água e companhia. Yifan precisava conversar com alguém, precisava verbalizar tudo que corroía a sua mente em balanços confusos de insegurança e medos – pela vida alheia. E silêncio era essencial, então ele agradeceu a Chen quando ela mostrou seu lado mais amável e sentou ao lado dele, apenas esperando que o chinês durão estivesse pronto para falar: – Chen... – Yifan começou bebericando mais uma vez da água que estava naquela caneca metálica. – Você conhece a Suho, certo?

Chen assentiu com um sorriso ameno e Yifan colocou o copo na mesa, suspirando logo em seguida.

– Eu a achei na rua, toda suja de sangue – Chen olhou-o assustada, arregalando os olhos felinos – ela levou uma surra feia, e – engoliu em seco – foi estuprada.

– Co-omo? – Chen perguntou com a voz subindo uma oitava – Onde ela está agora?

Yifan notou a surpresa nos olhos de Chen, mas notou algo mais quando ela desviou os olhos lentamente.

– Ela está no hospital, eu a levei lá, mas eu preciso de roupas e de coisas para ela, e da sua ajuda.

Chen assentiu, sabia que Yifan estava despedaçado com toda essa história, era visível nos olhos sempre nublados do melhor amigo.

– Yifan, você sabe então... – Chen queria conversar com alguém sobre os boatos que Svengal estava espalhando no something. – Que na verdade ela é um garoto?

– Você sabia disso? – Yifan começou a ligar os pontos mentalmente.

Chen sempre tratava Suho como alguém superior, como uma mulher belíssima, inclusive queria que Yifan a conhecesse, ela nunca havia falado sobre esse assunto que Yifan simplesmente não conseguia entender ao certo, afinal ele só conseguia ver Suho como Suho, uma artista fenomenal.

– Svengal andou espalhando alguns boatos em todo canto... – A mulher disse dando de ombros. – Todos ficaram chocados com isso, mas Clarisse nos acabou cortando as fofocas do Something.

Valsa comigoWhere stories live. Discover now