Love is a game [jikook]

[0.3] apresentações&curiosidades

Eu só me dei conta de que meu coração estava batendo forte por horas, quando as duas aulas de matemática terminaram. Eu tentei, por Deus, eu tentei, mas foi impossível prestar atenção em qualquer coisa que seja que o professor estava falando. Eu não consegui tirar os olhos do garoto novo.

É mais confortável para mim chamá-lo assim, já que seu nome real, Jimin, me assusta. Não bastava a aparência... Mas o nome tinha que ser igual também? Portanto, sigo chamado-o de ''garoto novo'' como se ele não possuísse um nome.

Minha cabeça está a mil. Eu estou alucinando? Isso tudo é literalmente um sonho? Escutei errado e o nome dele é algo PARECIDO com Jimin, e não Jimin em si? Essas e outras milhares de teorias passam pela minha cabeça. Eu não tenho a mínima noção de qual desses conceitos é o mais parecido com a realidade, ou qual é real, mas enquanto não obtenho respostas, minha saída é imaginar e idealizar tudo. Criar expectativas talvez.

Mas algo é óbvio: Não vou conseguir dormir em paz, não enquanto eu não atingir meu objetivo de saber tudo sobre ele. E bom, eu não vou me segurar por muito tempo... Eu preciso falar com esse menino. Não sei como, mas preciso.

Nada vai verdadeiramente acontecer se eu não tomar uma atitude, e passei essas duas aulas inteiras aceitando esse fato. Eu vou ter que ir até ele. Não paro de bater o pé nem por um segundo sequer, e sinto minhas mãos começarem a suar. E isso tudo por ter ouvido o som do sinal. É a troca de professor. Eu tenho alguns minutos, já que depois das duas primeiras aulas eles nos dão um intervalinho de 10 minutos.

Alguns alunos já está de pé, a maioria deles. Uns saindo da sala, outros se dirigindo aos amigos. Jimin continua em sua carteira, escrevendo algo em seu caderno, aparentemente para se distrair.

Eu ando até ele, com minhas mãos quase tremendo.

Percebo que a carteira na frente da sua acabou de ficar livre, já que o aluno que sentava ali saiu para provavelmente ir ao banheiro. Eu agarro a oportunidade, e me sento ali, me virando para trás.

Ele levanta a cabeça rapidamente, mas sem nenhuma expressão decifrável em seu rosto. Ele está esperando que eu fale algo. Ah, claro. Eu preciso falar algo.

- Jimin, né? - digo, como se não tivesse pensando nisso nas últimas aulas inteiras – Seja bem-vindo.

Isso é tudo que eu consigo dizer, e ficaria surpreso se conseguisse falar mais. Eu nunca imaginaria passar por uma situação dessa.

- Oi... - ele diz, não aparentando estar envergonhado – Obrigado... Qual é seu nome?

- Jeon Jungkook – afirmo, e ele acena com a cabeça.

E agora? Para onde eu vou? Em que tópico eu toco? Escuta, Jimin, você por acaso trocou de sexo e saiu do meu jogo favorito? Você é fruto da minha imaginação? É alguma espécie de amigo imaginário ou alucinação coletiva? Eu nunca poderia perguntar todas essas coisas, então apenas digo, tentando quebrar o gelo:

- Você é aqui de Busan mesmo? De que escola?

- Na verdade eu vim de uma cidade chamada Yeosu. - ele solta a caneta, a tampando logo depois. - É aqui perto, no litoral. Você já ouviu falar?

E então, outra coincidência. Anos atrás, quando meus pais ainda eram casados, passei um final de semana em um resort nessa cidade, com eles e com minha irmã.

- Jura que você é de lá? - digo, ficando mais tranquilo com o rumo da conversa - Já passei uns dias lá, uma vez, em um resort.

- Ah, o resort. Todo mundo conhece lá... - ele diz, sorrindo nostalgicamente. - E como foi a experiência?

- Ótima – sorrio - Menos quando, em um dos dias que passei lá, fui fingir que eu estava me afogando, só para assustar minha irmã mais velha. E bem... Eu realmente acabei me afogando...

A expressão dele fica neutra por menos de 3 segundos, e então ele solta uma gargalhada.

- Você é engraçado. - ele diz, coçando o olho esquerdo.

Ele disse isso tão inocentemente, mas provocou borboletas que eu nem sabia que existiam dentro do meu estômago. Pelo lado positivo, meu nervosismo vai diminuindo com o tempo.

- Então, o que te fez vir morar aqui em Busan? - pergunto, preocupado, já que existe a possibilidade de que ele me ache intrometido.

Mas não. Ele não demonstra em nenhum momento estar desconfortável, e até parece aliviado que alguém tenha vindo conversar com ele em seu primeiro dia.

- Meus pais se separaram. Estou morando apenas com meu pai agora. – Sua fisionomia muda, os olhos parecem tristes assim que ele responde. Talvez esse não seja o assunto certo, mas mesmo assim respondo.

- Ah, eu sinto muito. Bom, temos algo em comum... Meus pais também se divorciaram. Moro com minha mãe e minha irmã...

A expressão abatida dele se transforma assim que ele dá um sorrisinho de canto, dizendo logo em seguida:

- Para uma primeira conversa isso tá muito deprimente, não acha?

Acho, Jimin. Eu queria estar falando na sua cara cada coisinha que se passou pela minha cabeça nessa manhã, mas como não posso, uso os assuntos disponíveis. As coisas seriam tão mais fáceis se eu não fosse julgado se falasse o que penso...

- Também acho – sorrio, e me ajeito na carteira.

Mais uma das partes curiosas sobre ele é que sua voz é parecida com a dela, também. Só que a dele é mais masculina, obviamente, mas isso não anula a similaridade.

O dono da carteira em que estou sentado volta, então eu sorrio por uma última vez para Jimin, me levantando. Ele se senta em seu devido lugar, e antes que eu volte para meu lugar, Jimin diz:

- Obrigado por falar comigo, Jungkook.

Eu sorrio, colocando as mãos nos bolsos da calça.

- Não é como se você insuportável de conversar – solto, arriscando, com um tom de piada.

- Só um pouco, não é? - ele retruca, com um sorriso largo.

- É... - passo a mão no cabelo – Pelo menos conseguiu arranjar um amigo logo no primeiro dia. Onde estão os agradecimentos?

- Na verdade eu já agradeci...

O professor entra na sala logo depois que Jimin me fala isso, e os alunos começam a se sentar em suas carteiras. Faço o mesmo, vendo o garoto se virar para frente. O que obviamente não é um problema para mim, que ainda estou hipnotizado por sua semelhança com aquela personagem. Ele é bonito de trás também, então analisá-lo nessa posição é algo que me causa, de certa forma, mais curiosidade ainda sobre ele.