VELHOS HÁBITOS NUNCA MORREM

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No dia seguinte, a culpa estava me sufocando. Decidi ligar para minha noiva, precisava ouvir sua voz, e tranquilizara sobre minha viajem.

­­­­­— Oi meu amor, então deu tudo certo em sua viajem. ­— disse a voz mansa no telefone.

— Sim, não há com que se preocupar. Hoje já irei fazer minha pesquisa para começar a escrever.

— Isso é bom, não vejo a hora de você terminar essa historia logo, para voltar para mim.

— Logo estarei ai meu amor. E como vão as coisas ai na capital?

— Vão bem, mas — hesita a garota. — Não, deixa, você não precisa saber.

— Como assim? O que houve? — Insisti, preocupado.

— Amor, preciso desligar, chegou um cliente, até mais, te amo até a lua e voltando.

— Espere! Conte-me, o que houve? — Perguntei mais uma vez, e em seguida a reposta que tive foi à ausência de voz do outro lado da linha.

O que poderia ter acontecido que Jaque não quis contar?

Seria algo grave?

Isso não sairia de minha cabeça.

Recebo uma mensagem de texto: "Eai seu cuzão, nem disse que estaria de volta pra nossa cidade, quero você na minha festa, agora. Ps: Se prepare pra beber todas." Era uma mensagem de Breno, um dos sobreviventes do massacre.

— Bom, não vou ter escolha, preciso ir à festa — falei, olhando para a mensagem. Peguei minha jaqueta de couro, vesti e sai do quarto. — De toda forma eu não iria conseguir fazer a pesquisa agora, não depois da curiosidade que Jaque me deixou com esse telefonema.

O que ela não quer contar? Será que me traíra de novo? Sei que horas atrás eu acabei de fazer isso, mas não fui tão longe quanto ela naquela vez...

Decidi tentar não pensar nisso agora, talvez esteja ficando paranoico, ou talvez, projetei nela aquilo que eu fiz.

Chegando a casa de Breno, pude avistar; vários carros parados, pessoas caídas no quintal, um casal se beijando próximo a uma arvore, e um jovem vomitando dentro do lixo. E a música alta que vinha de dentro da casa, semelhante a rap, mas um pouco mais dançante.

— Ei, olha quem chegou?! Nosso escritor favorito! — Gritava um homem alto, de aparência atlética, forte, com uma regata do Cleveland. Era Breno, o dono da casa.

— Eai Breno — falei, um tanto quanto desanimado.

— Eai, cadê seu espirito de festa? — Diz o atleta enquanto me puxa e bagunça meu cabelo, como ele sempre o fizera. — Até parece que não esta feliz por me ver irmãozinho.

— Ah não, meu cabelo — respondi, aborrecido.

— Velhos hábitos nunca morrem né meu amigo? — Diz Breno sorrindo — Quer uma cerveja?

— Velhos hábitos nunca morrem né meu amigo. Claro que quero essa cerveja — ajeitei meu cabelo para trás e comecei a caminhar lado a lado de meu amigo.

— Vamos lá "Mi casa, és su casa" — Diz ele com sotaque espanhol, um tanto enrolado.

Ao entrar na casa Breno disse para ficar à vontade, e se retira com uma linda loira nos braços.

— Vou marcar uns pontos ali meu amigo. — Breno sempre usa uma linguagem ligada aos esportes quando se refere a garotas.

Foi então que me perguntei sobre Katherine, minha amiga e namorada de Breno, os dois teriam terminado?

O pesadeloWhere stories live. Discover now