DESLIGAR

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Ao chegar à frente de casa, avistara uma mulher loira, baixa, de olhos cor de mel limpando o quintal.

— Olá, a senhora não quer uma ajuda?

— Johnny! Meu filho — Diz ela indo ao meu encontro. — Quanto tempo! Como foi a viajem?

— Foi bem, mãe. — Menti ao me lembrar das alucinações.

— Vamos entrar, acabei de fazer café, sei o quanto gosta de café.

Ao entrar em minha antiga casa, observei cada centímetro do meu lar de infância, aquilo me fazia ficar nostálgico, lembrar-me de cada vez que corri pelos cômodos fugindo de uma surra de minha mãe.

Mas foi em meu quarto o ponto ápice de lembranças, me fez voltar para os tempos de adolescência, aos tempos de namoro com Thea Ries.

Em minha parede estava um pôster da obra de Stephen King : It a coisa, que ganhara de Thea.

Meus discos de vinil permaneciam ali pregados em cima da minha cama. A antiga maquina de escrever que meu avô me deu antes de falecer quando eu tinha sete anos, permanecia limpa e bem conservada, minha mãe manteve tudo em ordem e bem organizado. tudo ainda estava como antes.

— Filho, você nem imagina quem está aqui! — disse minha mãe, um tanto entusiasmada, do andar de baixo.

— Já vou descer, só um segundo — falei, passando minha mão sobre aquela incrível maquina me recordando de meu avô. Começo a pensar em abandonar meu notebook e enquanto estiver por aqui, escrever a lá moda antiga.

— Não se preocupe, eu pedi para ela subir.

— Vejamos só o que o vento nos trouce de volta. — Diz a garota com cabelos negros e pele branca, vestida com uma camiseta do Beatles, sua marca registrada, e uma câmera fotográfica presa em seu pescoço.

— Você não mudou nada, continua usando camisetas de bandas. E legal ver que você continua fotografando.

— Mas é claro, rock 'n roll sempre! — Diz ela enquanto passa sua mão por sua camisa. — Estava fazendo umas fotos por perto, e foi quando sua mãe disse que estava aqui. Venha cá, me dê um abraço.

— Não tenho certeza se quero, na ultima vez que nos abraçamos no meu quarto, sabe como terminou né? — brinquei. — Só um abraço, Thea.

— Idiota! — disse ela sorrindo, tirando a câmera e colocando em cima da mesinha ao lado da maquina de escrever. — Venha me abraçar logo.

Ficamos ali no quarto conversando por horas, relembrando o passado juntos.

— É tudo poderia ter sido diferente naquela noite. — disse a moça com um olhar triste.

— Você disse que ia para a festa pra transar com meu melhor amigo — falei, magoado. — Só fui lá, por você.

— E eu nunca fui, só disse aquilo por esta brava. Jamais faria isso com você.

— De toda forma, palavras machucam Thea. E essas palavras me machucaram muito naquela noite. Mas se não fosse por você não teria vivido aquele pesadelo e não seria um escritor renomado hoje.

— Você esta me agradecendo pela noite horrível que teve? — A indaga confusa.

— De certa forma, sim. Sempre tento fazer das experiências ruins coisas boas — respondi, olhando aos olhos de minha antiga namorada. — Mas gostaria que aquela nossa briga não tivesse acontecido, poderíamos ter tido um final diferente.

— Eu sempre penso naquela noite, enquanto fui tola por ter brigado com você. — disse ela se aproximando de mim. — Sempre te amei.

— Não diga isso. — Falei, minutos antes de receber um beijo.

O pesadeloOnde as histórias ganham vida. Descobre agora