O DESPERTAR

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Ele estava assustado.
Com frio, roupas manchadas com sangue e barro.
Uma faca em sua mão que escorria o sangue ate o chão daquela enorme casa.
Era uma noite escura e chuvosa, mas todo o barulho que se ouvia dentro daquela residência, foi a respiração ofegante de pavor dele.

— Johnny? Você esta vivo! — grita a garota de cabelos longos e pretos.
Katherine Raves. Esse é seu nome. Amiga de infância de Johnny Darko. Uma moça de pele escura, olhos castanhos levemente puxados, claramente de descendência indígena, cabelos negros como a mais pura e profunda escuridão.

— Rápido! Ajude-me a bloquear essa porta com o sofá! — gritou em resposta o sujeito apavorado.

— Não podemos fechar essa porta! Não com o Breno lá fora — disse a garota indo em direção à saída.

Neste momento Johnny a pega pelo braço e a joga contra o chão.

— O que está fazendo? — disse ela com medo. — Johnny... O que vai fazer com essa faca?

Só agora que o garoto percebeu a faca em suas mãos.

— Eu Estava assustado demais... Eu... Estav...

E antes que ele terminasse a frase Katherine o interrompe histericamente.

— O que foi que você fez? Diga-me que ele está bem!?

— Eu Não sei o que houve com ele — disse Johnny amedrontado. – Depois do que aconteceu nos separamos, e eu corri para cá.
Então ele olha para sua mão, fixa seus olhos na faca que não para de respingar sangue e continua:

— Eu estava assustado. Nunca foi minha intenção. Perdoe-me Adam.

— DIGA-ME O QUE ACONTECEU! — grita a garota enquanto enxuga as lagrimas de seus olhos com sua blusa xadrez vermelha na qual devido o ocorrido está com uma manga rasgada.

— Estava escuro — disse o garoto com uma respiração lenta. —Breno, e eu tentávamos ligar a lanterna de nossos celulares, foi quando ouvimos o barulho no mato, se aproximando cada vez mais e mais. E então por reflexo na hora que apontamos a luz atrás de nós... Eu o atingi com a faca, Adam. — Ele ficou em silencio por um curto tempo, até que continuou:

— Pensei que fosse o Smile. Breno tentou ajuda-lo... Mas ele apareceu com uma faca enorme e arrastou Adam para a mata escura, Breno correu em direção à cachoeira, e eu vim para cá.

Contou Johnny pausadamente e ofegante.

— Tudo bem. Você não teve culpa. Mas precisamos encontrar o Breno, não podemos deixa-lo sozinho — disse a moça enquanto segurava nos ombros de Johnny o olhando fixamente.

Aquela noite parecia nunca se acabar. Talvez fosse a ultima noite desses jovens. A ultima.
A chuva forte lá fora parecia nunca ter fim. O céu chorava assim como um pai chora ao perder um filho. E como gritos de raiva e desespero, vinham os trovões, em intervalos de tempo de cinco minutos.
Em um desses pequenos intervalos foi possível ouvir gritos de dor e agonia vindos do lado de fora da casa

— Meu Deus! Breno — disse ela, com um aperto no coração.

— Não vá lá fora.

— Se você quiser fique aqui, seja um covarde. Você sempre foi — falou Katherine, enquanto saia correndo pela porta.
Um raio cai clareando toda a sala principal do casarão e com isso ficam visíveis atrás de Johnny alguns corpos caídos em volta da mesa do DJ, dois desses corpos estavam com um grande sorriso estampado em suas faces, feitos por uma faca. E na parede em cima dos corpos a frase feita de sangue "Ela saiu desse mundo sorrindo, e é assim que vocês vão sair" E a marca de Smile desenhada, um rosto feliz feita com sangue.

O pesadeloWhere stories live. Discover now