Capítulo 3

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🌜Only Told The Moon🌛
Capítulo 3

Nam Joon saiu da cafeteria com dois copos de café na mão já se atrapalhando com a porta e seu cachecol sendo carregado pelo vento pelo seu rosto. Eu estava o esperando do lado de fora da cafeteria, encostada na parede ao lado da porta, aquecendo minhas mãos nos bolsos do casaco. Ele tentou me convencer a entrar, mas eu sabia que não teria coragem de sair do ambiente quentinho de lá de dentro para andar pelas ruas sem rumo com ele caso o fizesse.

Mesmo duvidando muito da habilidade de Nam Joon de não quebrar coisas, dei a ele esse voto de confiança. Confiei que meu café expresso chegaria até onde estou em segurança. Ele estava indo bem até boa parte do caminho, mas conseguiu a proeza de derrubar um pouco de um deles no seu sobretudo pouco antes de parar perto de mim.

- Aish! - Reclamou, focando na mancha amarronzada no tecido vermelho que se espalhava lentamente.

Eu ri e peguei um dos copos dele antes que algo pior acontecesse. Pelo menos o meu estaria a salvo.

- Eu deveria parar de te pedir tarefas difíceis - brinquei. - Ficar com a parte de esperar seria melhor.

- Eu tinha tudo sob controle, em minha defesa.

- Penso o que aconteceria se não tivesse - bebi do meu café e umedeci os lábios ao ter o líquido quente melhorando um pouco a temperatura do meu corpo.

Nam Joon tentava limpar a mancha passando os dedos por cima, mas apenas piorava a situação. Movida por uma sensação de diversão, estiquei a mão e baguncei seus cabelos na frente do rosto, chamando sua atenção que tinha perdido segundos atrás.

- O quê? - Indagou, erguendo o rosto e me encarando.

- Vamos andando - acenei na direção do caminho que seguiríamos. - Você só está piorando isso aí - abri um sorriso fechado, no fundo sabendo que Nam Joon precisava desse incentivo para deixar de lado esse pequeno detalhe.

Ele olhou para a mancha, depois olhou para mim e depois para a mancha. Por fim, acabou rindo até seus olhos formarem suas linhas e suas covinhas amolecerem meu coração e soltando o pano do sobretudo.

- Melhorou, pelo menos, não melhorou?

- É para mentir ou ser sincera? - Fiz careta de nojo e Nam Joon fingiu uma risada sem humor, empurrando meu ombro com o seu.

De repente, um silêncio extremamente confortável se instalou entre nós. Andávamos lado a lado a passos lentos, despreocupados, observando as luzes do centro da cidade e eu reparava um pouco demais em como as nossas mãos estavam se encostando casualmente e em como ele não fazia questão de se afastar. Passei até mesmo a duvidar de que o que estava me aquecendo era o café mesmo.

Passamos por um cartaz anunciando um musical e a imagem me chamou a atenção, tanto que eu parei em frente a ele e sorri ao observá-lo.

- O que foi? - Nam Joon perguntou, parando ao meu lado, mas pousando o olhar sobre meu rosto.

- Lembra de quando participamos daquele teste para o musical da escola?

Estendi a mão e deixei as pontas dos dedos tocarem o papel colorido. Só então me dei conta de que eu mesma tinha me jogado dentro de uma zona cinzenta, um assunto complicado de se falar sobre. Pelo menos para mim.

Escutei a risada fraca e nasalada de Nam Joon ao meu lado.

- Você desistiu de participar de última hora. Até hoje não entendo por que fez isso. Nós seríamos o par romântico, lembra? Seria divertido. O Sr. Choi contava conosco, éramos os prediletos.

Curvei o canto dos lábios em um mínimo sorriso.

É, nós éramos.

Sem dizer uma palavra, eu recuei minha mão e tornei a caminhar. Passei por uma lixeira, deixei o copo por lá e continuei.

- Ya! - Nam Joon me chamou e logo surgiu ao meu lado. Pareceu correr até mim, e também aparentava um cansaço bem típico de pessoas fora de forma.

Sorri internamente com o pensamento. Ainda bem que ele conseguiu uma bolsa pela sua inteligência. Dois dos pontos fracos do Nam Joon eram justamente não conseguir andar sem tropeçar nos próprios pés e praticar exercícios físicos.

- Você não respondeu minha pergunta. Na verdade, todas as vezes que perguntei, você desviou o assunto - insistiu após estabilizar sua respiração ofegante e me acompanhar normalmente.

Mantive-me em silêncio e apenas dei de ombros, pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha e mantendo minha atenção a minha frente.

- Ya! Por que ficou calada do nada? Isso não é do seu feitio - Nam Joon tocou meu braço e me impediu de continuar a andar, e apesar de ter uma camada de roupa entre nós, senti pequenas faíscas formigarem pela minha pele e me desnortearem um pouco.

Nam Joon não sabia disso, mas eu era um livro aberto na sua frente, ao alcance das suas mãos. Cada gesto, cada sorriso causado apenas por ele ser ele, cada vez que eu me retraía e ficava em silêncio... tudo era um sinal tão óbvio para qualquer pessoa que convivesse comigo por mais de um mês. Infelizmente, ele não conseguia perceber isso.

Olhei para o encontro da sua mão com meu braço e depois o olhei, usando um pouco de força para desvencilhar-me dele.

- A Ha Neul ficou com o meu papel, lembra? - Quebrei meu estado de silêncio, rindo fraco e tornando a andar. Pela minha visão periférica, via que ele me acompanhava. - Foi a parti dali que vocês começaram a sair. No final das contas, te arranjei uma namorada, mesmo que indiretamente. Não foi bom?

- Foi por isso que desistiu?

Dei de ombros e enfiei as mãos nos bolsos do casaco.

- Eu sabia que ela tinha interesse em você, Nam Joon. Apenas facilitei as coisas.

- Mas você sempre dizia que queria aquele papel. Era a sua história favorita e você adorava a mocinha... - murmurou. Duvido que tenha sido para mim especificamente. Nam Joon parecia apenas transmitir verbalmente seus pensamentos, as engrenagens trabalhando numa resposta coerente para a situação.

- Além disso - continuei, na tentativa de acabar com sua linha de raciocínio -, não seria divertido fazer um papel romântico com você.

- Por que não? Seria uma atuação épica de nós dois! - Ele mordeu a isca e eu sacudi a cabeça negativamente de maneira discreta. Se dependesse de si próprio, Nam Joon nunca descobriria o quanto o amo, mesmo estando a poucos centímetros da verdade.

Abri um sorriso amargo, corri para sua frente e passei a andar de costas para a direção que íamos.

- Nós somos melhores amigos, lembra? - Rebati, abrindo os braços e deixando o vento contra meu corpo levar meus cabelos para frente do rosto. - Melhores amigos não são feitos para pares românticos.

Naquele momento, não consegui decifrar o olhar que Nam Joon me lançou. Era diferente de todos os outros que já recebi. Mas ele não disse mais nada após isso, e não respondeu minha pergunta também.

De alguma forma, fiz com que o clima entre nós pesasse.

Determinada a mudar isso o quanto antes, vi o cinema do outro lado da rua e a atravessei rapidamente. Ouvi ele chamar por mim, talvez temesse que eu fosse atropelada. Foi apenas um reflexo, mas logo soube que ele me seguiu também – o sinal estava fechado, de qualquer maneira. E antes que ele pudesse reclamar comigo, disse:

- Vamos ver um filme? Não quero mais falar disso.

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Beijos amores e até o próximo capítulo. 💙⛄

ONLY TOLD THE MOON | NamjoonWhere stories live. Discover now