Capítulo 18 - Ciúme

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Os soldados estavam fazendo abdominais na área externa do quartel, fazendo com que algumas moças parassem e admirassem aquele momento. Otávio realmente não se importava mais, não depois de Luccino lhe dizer algumas vezes na noite passada que ele só tinha olhos para o "meu major". Era difícil ver Luccino ali tão perto dele e não querer abraça-lo, aperta-lo...

-Luccino, agora entendo o que Lídia fala. – disse Randolfo, entre Luccino e Ernesto. – Otávio não sabe disfarçar de maneira alguma.

-Randolfo, você está mais fofoqueiro que sua noiva. – riu Ernesto. – Só pensa na vida amorosa das pessoas.

-Falando nisso, olha quem chegou, Ernesto. A sua vida amorosa.

Os três viraram em direção a Otávio, que cumprimentava um rapaz baixo com um cabelo castanho, um bigode bonito, acima de uma cheia barba, e óculos redondos com lentes azuis. Os olhos de Ernesto brilharam, mas logo balançou a cabeça, tentando recobrar a consciência, e respirou fundo, passando cansado a mão no rosto.

-Esse maluco! – Ernesto exclamou baixinho, se levantando do chão e indo em direção aos dois homens que conversavam. Luccino e Randolfo foram juntos.

Luccino alcançou Ernesto e viu que ele tinha uma expressão de preocupação misturada com contrariação. Com certeza Ernesto não estava pronto para ser visto em público com Camilo Bittencourt, mesmo que visto como um amigo dele.

-Ernesto, acalma-se. – pediu Luccino. – Não seja tolo de destrata-lo.

-Soldados, o treino ainda não terminou. – o major disse ao perceber a aproximação dos rapazes, e olhou com curiosidade para a expressão que Ernesto tinha no rosto. – Soldado Ernesto, esse rapaz disse que deseja falar com você.

-Vim lhe entregar sua boina, que você deixou na fazenda na última vez que foi visitar Ema. – Camilo falou mais alto que o preciso, como se quisesse que todos na cidade pudessem lhe ouvir. – E aproveitei que vinha à cidade fazer umas compras para lhe devolver, e lhe transmitir o recado que ela... – Camilo não se conteve e deu um sorriso. – Ela está morrendo de saudades de suas visitas.

-Ainda bem que todos aqui sabem, - Randolfo sussurrou para Otávio. – senão eles seriam desmascarados agora.

-Então... – Ernesto pigarreou, mantendo-se numa posição séria e firme. – Então quer dizer que veio fazer compras? Na cidade?

-Sim. – disse Camilo, com timidez.

-Você nunca faz compras, Camilo.

-Soldados Luccino e Randolfo, vamos aqui no meu gabinete ver algumas notas contábeis desse mês. – Major Otávio disse, olhando para os dois, e indicando com a cabeça para eles irem andando.

Os dois soldados acataram a ordem e foram andando até a sala do major, que era praticamente do lado. Só quando eles chegaram dentro da sala foi que eles se sentiram seguros o suficiente para darem risadinhas da expressão de Ernesto, que por baixo da bronca que ele estava, escondia o medo. O medo que Luccino e Otávio sentiam todas as vezes que se cumprimentavam ou quando trocavam olhares que deviam ser de milésimos de segundo mas que duravam mais de meio minuto.

-Camilo... – eles ouviam Ernesto sussurrar. – Você não pode vir aqui. É suspeito.

-Mas, Ernesto...O que posso fazer se eu não consegui esperar até depois de amanhã? – a voz de Camilo era manhosa, como de um menino querendo persuadir a mãe a não coloca-lo de castigo.

-Você nunca sai de casa e no meio da semana vem no quartel, do nada? As pessoas daqui olham demais para essas coisas. Irão falar.

-Desculpa, Ernesto, é porque... – por algum motivo, Otávio imaginou Camilo olhando para o chão (pois era o que Luccino faria nessas horas).

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