22 - Mary Alice Brandon

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3:00h da madrugada.

Todos estavam em casa, se distraindo da melhor forma que podiam. No entanto havia uma atmosfera estranha sobre nós. Havia uma conversa pendente entre Alice e eu. Não tinha encontrado uma maneira fácil de contar a sombria história da vida humana que ela teve. James havia deixado um pouco do que sabia gravado em uma fita, onde tinha imagens de sua tortura com Isabella. Edward e Carlisle tinham ido direto para o hospital com Isabella enquanto ficamos para trás para montar uma história e criar evidências, e nessa versão humana tínhamos vindo atrás dela para conversarmos e tentar trazê-la de volta, mas ela acabou caindo da escada e acertando uma janela com as costas. E também tinha a leve irritação de Edward em relação a mim. Ele ainda me dava uma parcela de culpa pelo eu tinha acontecido, só que não diria isso em voz alta, pelo menos não até encontrar uma ótima situação para me mostrar que estou errada em alguma coisa.

Eu via podia ver a ansiedade de Alice para que eu me manifestasse, e agora que estávamos em um ambiente mais tranquilo, não haveria nenhuma desculpa ou impedimento para adiar o momento em que contaria a ela tudo o que tinha visto na mente doente de James. Ela estava tão apreensiva que quase achei graça da situação. Quando nos sentamos no sofá, Jazz nos acompanhou se sentando ao lado dela, o restante se acomodou na sala para ouvir a história. Eu poderia tocar nela e no mesmo instante sua mente seria preenchida por todas as informações que eu tinha, mas ela queria que todos ouvisse sobre seu passado.

-No estado de Mississippi, no ano 1920, James sentiu seu cheiro, que era tão atraente quanto o de Isabella é, e como perseguidor passou a te seguir, mas na mente dele, teve um tempo que você desapareceu. Ele te conheceu humana e com sua família. Na verdade, era um homem que parecia ser seu pai e sua irmã mais nova. Ele investigou até descobri que você tinha sido internada em um manicômio. Particularmente, acredito que tenha sido por causa de suas visões, você já devia ser sensível ao futuro de alguma maneira. Seu nome completo é Mary Alice Brandon e você tinha dezenove anos quando foi transformada.

Ela respirou três vezes antes de olhar para mim e silenciosamente pedir para eu continuasse. Se eu pudesse poupá-la do fato de que tinha sido abandonada naquele lugar, faria sem pensar duas vezes, no entanto ao me colocar em seu lugar, onde não sabia nada sobre seu passado, percebi era ainda mais terrível. Em seu interior, ela sentia uma lacuna vazia, por não saber nada sobre sua vida humana, era uma parte de quem ela era e isso não poderia ser negado de maneira alguma.

-James sabia que aquele... - não chamaria de manicômio novamente para não chateá-la, sua história já era difícil o suficiente. - Aquela clinica tinha um tratamento de choque e os pacientes perdiam a memória, então o motivo por você não se lembrar de nada é o tratamento, não o fato de ter ficado no escuro em uma floresta.

Minha irmãzinha arfou e abraçou Jasper. Esme estava tão perturbada que tinha paralisado ao lado de Carlisle. Rosalie e Emmett não expressam nada, como se fossem estatuas sem emoções. E eu me sentia a pior pessoa por ter que trazer essa notícia a ela.

-Sinto muito Alice. - murmurei. - Sua família devia estar assustada demais para pensar nas consequências que isso traria.

-Eu sei. - ela sussurrou. - Continue, por favor.

Assenti.

-Bem, tinha um vampiro que trabalhava na clinica e ele gostava de você. Quando percebeu o que James queria, te levou para a floresta e te mordeu, deixou apenas um bilhete onde dizia que seu nome era Alice. Provavelmente àquela altura, você nem se lembrava de quem era e nem de sua família.

-Minha família foi atrás de mim? Depois que eu desapareci? - pude ver uma fagulha de esperança em seus olhos. Uma pessoa tão boa quanto Alice não merecia nada do que eu tinha visto na mente dele.

Inconstante - Livro II (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora