Escolhida

Capítulo 17 - Partindo

"  Devolve-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito pronto a obedecer. 

Salmo 51:12"

Hoje completa quinze dias que eu e Fred tivemos nossa despedida na beira do lago, desde aquele dia que o deixei para trás ele não vem falar comigo, eu evito me encontrar com ele e até o rei perguntou o que aconteceu mas desconversei.

Não posso dizer que foi melhor assim, mas é como aconteceu e eu não vou fazer o que Estrela disse para eu fazer que era ir até ele dizer o que sinto, se ele deduziu que eu adivinharia os sentimentos dele por mim, porque não adivinhou o que eu sentia por ele?

Estou indo embora hoje, claro que não queria ir sem falar com ele só que não posso dar o primeiro passo nessa briga que ele começou. Não ligo podem me chamar do que quiser igual Estrela chama de boba, orgulhosa e outras coisas mais, porém eu não posso me render aos caprichos de um principezinho mimado que não tem a dignidade de  vir pedir perdão e pedir para eu ficar só porque ele me ama. Talvez ele nem ame, seja uma confusão da cabeça rica dele e hoje após esses dias todos ele tenha caído na real.

- Não acredito que você vai mesmo partir sem falar com ele. - Estrela diz me ajudando com as malas.

- Não acredito que pude gostar de alguém como ele diga isso. Não custava ele ter vindo se declarar a mim e pedir para eu ficar, eu conheceria minha tia e voltava por ele, mas não o  riquinho bobo tinha que fazer uma seninha? - rebato Estrela que revira os olhos.

- São dois cabeça dura vocês, Glauco disse que ele falou que se você gostasse dele iria até ele, se não foi é porque não tá nem aí para os sentimentos dele por você.

- Não estou mesmo. - digo mas já sinto que estou com vontade de chorar. - Vamos mudar de assunto não quero partir com raiva de você também. 

- Sim vossa alteza real. - ela zomba sabendo que eu não gosto disso.

Mostro a língua para ela que fica rindo e jogando roupa em mim. Terminamos de arrumar minhas poucas coisas e desci para me despedir do resto do pessoal que estava no saguão do palácio a minha espera.

- Iremos sentir falta de você aqui, tem sido um sol para nossas vidas. - o rei disse me abraçando. - Não vão mesmo fazer as pazes? - ele pergunta ao meu ouvido.

- Acredito que não. - disse me soltando do abraço dele.

Abracei todos que fiz amizade e até aqueles que eu não era bem chegada veio me cumprimentar, menos quem eu queria que viesse.

- Ele se trancou no quarto. - Estrela disse ao me abraçar.

- Eu não perguntei. - disse a ela que me beliscou.

- Pessoal vamos deixar Beatriz parti se não ela não chega na estalagem antes do anoitecer. - o rei falou me puxando para uma carruagem muito linda na porta do palácio. Antes de entrar olhei para  a janela do quarto dele e vi sua sombra, uma lágrima rolou no meu olho e disfarcei para ninguém ver.

Fred narrando:

Passei um sufoco horrível para convencer meu pai desistir da seleção e me dar tempo para apresentar minha futura esposa pois eu já tinha escolhido, quando eu consigo descubro que a tia de Beatriz vem buscar ela, eu a amo não quero que ela vá, só não consigo dizer a ela pois sou tímido demais para isso.

No dia que meu pai recebeu a carta da tia dela e me mostrou eu pedi que não dissesse ainda a ela mas meu pai veio com uma história de que eu tinha que aprender a romper minhas limitações e que havia prometido a Deus que nunca mais seria ilegal com nada, mandou chamar ela e deu a carta para ela ler, eu fiquei tentando decifrar o que se passava na sua mente e não consegui perceber pelo seu jeito se estava feliz ou triste por partir.

Então meu pai teve a brilhante ideia de irmos dar uma volta, acredito que tentando que eu fizesse a coisa certa, mas eu não sei o que há comigo que penso de um jeito e faço de outro pelo menos em relação a ela. Resumindo deu que ela não entendeu minha declaração de amor, acho que ela pensa que, não sei o que ela pensa. Só sei que ela ficou com raiva e nesse exato momento estão todos se despedindo dela no saguão e eu aqui chorando sem saber o que fazer, pelo gosto de meu pai e Glauco eu teria batido na porta dela no mesmo dia e me declarado novamente, mas eu tenho medo de um fora e então fingi que estava magoado e disse que acredito que ela não gosta de mim se não viria até mim.

Me aproximo da janela e a vejo sair de dentro do palácio com meu pai segurando sua mão e antes dela entrar na carruagem abraça ele e olha para a janela do meu quarto, me afasto ligeiro da janela e penso: "Ande Fred impeça ela de partir assim, desça lá e diga o que sente." E pela primeira vez em quinze dias escuto meu coração e desço correndo as escadas, mas ao chegar na entrada a carruagem já vai longe demais então corro até os estábulos feito um louco e monto meu cavalo e sigo em direção a carruagem. Mas no meio do caminho me falta a coragem que fez eu sair de dentro do quarto e paro o cavalo impedindo-o de alcançar a carruagem.

- Fraco, tolo e mole. - digo para mim mesmo devolvendo o cavalo para o estábulo.

- Quisera eu ter visto esse Fred que saiu do quarto determinado a vencer uns minutos antes. - disse meu pai saindo de dentro do estábulo com Glauco.

- Porque não prosseguiu garoto? - Glauco pergunta para mim.

- Talvez não fosse a coisa certa a fazer. - digo cabisbaixo.

- Glauco meu amigo sinto muito vamos ter que viver mais um tempo com um Fred rabugento.

- Ei vocês dois não sou rabugento. - fiz cara feia para meu pai.

- Sinto muito garoto mas seu pai está certo, faz quinze dias que você anda um porre. - eles começam a rir e saem cada um no seu cavalo, sei que Glauco iria acompanhar ela até Lusoc mas meu pai não sei para onde ia.

Volto a me trancar no quarto. O que fazer? A quem recorrer? É quando me lembro que ela sempre falava para mim das maravilhas que Deus fazia e como era bom está servindo a esse Deus, vou a procura de Clotilde e pergunto.

- Clotilde, como a pessoa faz para conhecer o Deus de Beatriz?

- Leia a Bíblia, ore e o conhecerá. - ela me respondeu e achei tão vago mais fui em direção a biblioteca.

Procurei na biblioteca toda algum livro que tivesse por nome Bíblia e não encontrei então decidi ir no quarto de Beatriz ver se descobria algo. O quarto que ela estava instalada era todo em tons rosados parecia muito com ela, a cama e o travesseiro ainda tinham o cheiro dela mas me assusto com uma pessoa saindo do closet.

- Aaaiiiii. - Estrela grita colocando a mão no peito.

- Que susto Estrela quer me matar? - pergunto soltando o travesseiro no lugar.

- Nunca imaginei que tivesse alguém aqui. - ela diz olhando de mim para o travesseiro.

- Estou a procura de descobrir como que faço para ser próximo do Deus de Beatriz.

- Ah é isso? Eu te ajudo vem vamos sentar.

Sentamos e passamos várias horas falando sobre Deus e Jesus e eu fazia muitas perguntas e ela com muita paciência respondia.

- Tome essa é a Bíblia da biblioteca eu a peguei a algum tempo e Beatriz lia ela todas as noites.

- Obrigada Estrela, você me salvou. - disse saindo do quarto, não sem antes dar uma ultima olhada.