Capítulo 22 - Despedidas

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Não consegui dormir direito perdi o sono, minha mente estava a mil com a presença de Fred debaixo do mesmo teto que eu. Passei muito tempo achando que ele não me amava que tudo que imaginava que ele sentia por mim não passava de uma amizade, mas eu entendi tudo errado no dia que ele me propôs ficar não era para eu não vir e sim para eu aceitar ter algo com ele. Nossa quanta confusão que nos maltratou tanto poderíamos ter evitado tais sofrimentos esses anos.

Ao ver que amanheceu o dia eu levanto e me arrumo para ir me despedir dele, mas ao descer vejo apenas Victor na mesa fazendo sua refeição.

- O nosso convidado ainda dorme? - pergunto a ele ao chegar na mesa.

- Acabou de partir. Fui deixar ele até a porta - ele responde calmamente me olhando pelo canto de olho.

- Como disse? O rei Frederich partiu assim nas pressas?

- Não faz cinco minutos. - Victor me diz.

Eu saio correndo até a entrada e ainda o vejo indo dentro dos terrenos do castelo com seus homens. Volto cabisbaixa para a mesa, confusa sem saber o que está acontecendo de fato. Não entendo como é que ontem nos abraçamos e trocamos juras de amor e hoje ele parte cedo sem ao menos se despedir de mim. Será que se arrependeu? Seria possível estar ele apenas rindo de mim? De minha ingenuidade? Com a cabeça fervendo vou passando pela sala de refeições sem me sentar para comer.

- Beatriz? Algum problema? - Victor me pergunta fazendo eu voltar e lembrar que ele estava ali.

- Não Victor nenhum problema, só vou para meu quarto tudo bem?

- Não fez sua refeição. O que houve com Frederich ontem a noite, quer me contar o que ele fez para lhe deixar assim?

- Está tudo bem, só me permita ir ao meu quarto. - eu achava que as lágrimas iriam cair ali na frente dele coisa que eu não queria.

- Vá, mandarei levar seu desjejum lá. Mas saiba que estarei aqui para lhe ouvir se quiser desabafar, minha esposa e sua tia também devem estar chegando esses dias. - ele diz e eu saio quase correndo para meu quarto.

Chego no quarto com os olhos já derramando lágrimas agradecida por não ter encontrado ninguém no caminho até aqui. Bato a porta e me jogo na cama e choro muito mais.

- Não é possível que ele tenha me enganado, não posso crer, tem que ter havido algum motivo forte para ele ter partido assim. - eu  dizia para mim mesma.

- Senhorita? Seu desjejum eu trouxe. - Era Lia minha criada de quarto que me acompanha desde que eu cheguei aqui e a única para quem contei meu drama com Fred. - A senhorita está bem? Porque chora? Está me preocupando Beatriz.

Ela era uma negra dos cabelos encaracolados e olhos de jabuticaba, eu gostava do jeito dela e permiti ela me chamar de Beatriz, mas as vezes eu e ela eramos tão intimas que ela me chamava de Bia.

- Oh Lia ele se foi sem se despedir de mim. - digo sentando e tentando enxugar as lágrimas que não param de cair.

Vejo ela deixar a bandeja na mesa e vir para perto de mim, senta na cama e puxa minha cabeça para seu colo alisando meus cabelos com carinho.

- Bia nem sempre o que pensamos é como achamos que é. Me conte tudo que aconteceu entre vocês, quem sabe eu possa ajudar?

Começo a contar tudo desde o primeiro momento que o vejo até a nossa despedida na frente do quarto que ele dormiu.

- E foi isso que aconteceu. - concluo meu relato.

- Bom pelo que vi, houve uma tremenda confusão entre vocês, os dois se gostam mas não tiveram coragem para se declarar e lutar pelo amor, ambos ficaram se fazendo de desentendido e alimentando mágoa no coração, sem ao menos analisar o que houve.

- Isso mesmo, mas acreditava que tinha ficado tudo esclarecido ontem entre nós. Mas acho que me enganei. - volto a chorar.

- Bia, talvez tenha tido um motivo forte para ele ter ido assim nas pressas, vou investigar na rádio peão. - era assim que ela chamava as conversas que saíam na cozinha.

- Por favor tente descobri se realmente estou enganada, porque no momento eu só penso que ele zombou de mim o tempo todo. - digo segurando as suas mãos.

- Tudo bem vou descer e ver o que descubro.

Frederich narrando:

Quando me despedi de Beatriz na frente dos aposentos onde eu iria pernoitar, eu me sentia o homem mais feliz do mundo, era como se um peso de uma tonelada tivesse saído dos meus ombros. Me dirigi a casa de banho e degustei do banho que ela mandou preparar para mim, então me deitei e dormir logo pois fazia muito tempo que pensamentos ruins me atormentavam a noite e nessa noite um anjo veio e dissipou todos eles.

Eu ainda estava para me vestir quando ouço bater na porta do quarto e autorizo a entrada, era Victor, ele sempre foi amigo do meu pai, mas também era o melhor amigo do homem que meu pai diz que tirou a mulher dele. Apresso terminar de me compor e vou até ele.

- Bom dia, espero que tenha repousado bem. - diz ainda na porta do quarto.

- Bom dia foi uma noite renovadora, entre pode entrar. - disse me referindo a Beatriz.

- Desculpa vir aqui a essa hora, mas preciso conversar com você. - ele diz sentando na poltrona que havia ali e apontando a outra para mim.

- Eu também preciso falar com você amigo.

- Frederich eu os vi no jardim ontem a noite. - ele disse me analisando com o olhar inquiridor. - Tomei a liberdade de vir falar com você, pois Beatriz não tem pai e me preocupo com ela. Tem certeza que quer levar esse romance para frente?

- Eu nunca faria mal para Beatriz Victor, você é amigo do meu pai, frequenta nossa casa e é conhecedor de minha índole, por favor não pense que faria mal para ela.

- É por ser amigo de seu pai e saber que ele sempre teve o desejo de tomar Lusoc para si que temo essa sua aproximação nas vésperas da coroação dela. Concorde comigo que é estranho, porque não veio antes atrás dela? Por que só agora que ela está prestes a ser rainha?

- Meu pai quis tomar Lusoc que história é essa?

- A invasão a Lusoc  junto com o atentado que matou os pais de Beatriz e a mesma foi sequestrada foi realizado por uma equipe de piratas que tinham seu pai como o Príncipe dos piratas azul. - ele diz e eu me reteso na poltrona ficando desconfortável lembrando do bando que se rebelou contra meu pai por querer mais ouro.

- Prossiga meu caro. - o incentivo a continuar queria ver até onde ele iria com essa história infame.

- A invasão na época foi improdutiva, mas seu pai mudou a tática forjou ter se afastado dos piratas e passou a cortejar a rainha Eloísa até pouco tempo atrás, mesmo ele sabendo que ela casou e tem filhos nunca deixou de cortejar a mesma.

- Eu estou pasmo com suas palavras. - digo me levantando. - quer dizer que o homem que frequenta nossa casa e se faz amigo de meu pai pensa isso tudo dele?

- Frederich eu estou lhe contando o que seu pai me contou e outras coisas que presenciei pessoalmente. Todos vêem o jeito que ele olha para Eloísa com olhos de desejo. E você sabe que seu pai é filho de um rei com uma cigana que tinha sangue de pirata.

- Por favor Rei Victor, não quero discutir com o senhor, não preciso defender a honra de meu pai pois para mim é intocável. Faça um favor diga a Beatriz que agradeço a hospitalidade mas que tive que partir, pois aqui não fico nem mais um minuto, você pode acreditar que meu pai saberá o que o amigo pensa dele.

- E as juras de amor que trocou com ela? Só me diga que não são falsas e lhe darei minha benção. Fugir agora só mostrará que minha suspeita é verdadeira.

- Não preciso de sua benção para amar ou casar com ela, pelo que sei esse é um assunto que terei que tratar com a tia dela e não com o senhor. E se acha que me retirando estou fugindo fique a vontade para pensar assim, agora fique bem claro que estou indo para não lhe chamar a um combate e defender a honra de meu pai.

Não dei brecha para que ele falasse mais nada, peguei minha espada e minha capa na cama e parti. Ao chegar na frente do palácio vi um de meus homens ali e mandei chamar os outros que iriamos partir imediatamente. Fui embora magoado não queria pensar que Beatriz estar por trás dessas acusações contra meu pai, o pior de tudo que desconfia que eu esteja forjando um sentimento em prol de tomar o reino.

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