Capítulo 2 - Renata Dumont

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Fazia muito tempo que eu estava querendo ter alguém que me sucedesse no trono de rainha das trevas. Após quatro abortos e só ter ficado com Uzias que comparado a nada era a mesma coisa, eu precisava encontrar alguém que lhe passasse tudo que sei. Uzias era meu filho amado, mas quando eu percebi que puxou a bondade eterna do pai eu me afastei dele pois o meu desejo era matá-lo e eu não podia pois era meu filho. Aliás eu podia, mas não queria, ele me lembrava o bobo do meu marido que eu  acho que amei um dia.

Continuando com meu plano, eu precisava de alguém diferente que pudesse ser digna de assumir o reinado que minha mãe passou para mim. Então fiquei fazendo pesquisas pelos reinos vizinhos e finalmente encontrei a meninas perfeita para meus planos. Era de sangue nobre e tinha uma expressão curiosa no olhar.

Voltei para meu castelo e reuni os melhores piratas que trabalhavam para mim, mandei que eles fizessem de um jeito que a culpa ficasse para alguém longe de nós, mas que matasse os pais da criança e me trouxessem ela viva.

Tinha algo de muito diferente na expressão daquela menina, ela sorria até com o olhar, eu iria ter muito trabalho para ensinar a ela ser rude mas paciência era uma coisa que eu tinha de sobra, estava eu ajeitando o berço onde ela passaria a dormir quando escuto chamarem por mim lá da sala.

- Diga. - falo ainda sem descer as escadas.

- Senhora, a operação foi um sucesso a criança está aqui. - disse Glauco. 

Ele era um homem alto de meia idade, cabelos grisalhos e pele bronzeada, eu gostava do jeito rude como ele se referia aos seus subordinados e ao mesmo tempo comigo era doce e calmo.

- Suba ela. - disse voltando para o quarto e deixando a porta aberta.

No quarto que preparei não coloquei enfeites não, apenas uns desenhos de lua e estrela e tudo em tom madeira mesmo, esse negocio de mimar não era comigo.

- A senhora que que eu a coloque onde? - ele perguntou com a menina adormecida em seus braços.

- No berço. - respondi me afastando para dar lugar para o mesmo passar com ela.

- Deseja mais alguma coisa?

- Não Glauco obrigada. Ah só uma coisa.

- Diga madame.

- Sabe como chamavam a menina?

- Na corrente que tem nela tem o nome Beatriz e uma flor desenhada.

- Obrigada, pode se retirar.

Me aproximei do berço e fui olhar minha mais nova aquisição. Já tinha uma babá para cuidar dela e eu não precisava me preocupar com nada.

- Então você é Beatriz? - perguntei para ela que sorria até dormindo. - Não poderei lhe chamar assim minha cara criança a partir de hoje você será Liza.

A babá que mandei trazer de longe, entrou no quarto com uma mamadeira para ela me olhou e se aproximou da menina.

- A senhora sabe se já trocaram a roupa dela? Pobre criança quando soube que os pais morreram fiquei triste demais, ainda bem que ela tem a senhora para proteger.

Essa tinha sido a história que Glauco contou para ela pois na minha idade não poderia mais conceber nenhuma criança. Então era bom ela pensar que eu estava apenas ajudando.

- Não sei dizer, Glauco a trouxe agora, mas como está dormindo tranquila subtendesse que está seca não? - perguntei me afastando para perto da janela.

Fiquei ali olhando a menina de longe e minha mente maquiavélica fervia de ansiedade por ensinar a ela tudo que eu sabia.

- Como se chama? - indaguei a babá.

- Estrela senhora.

- Mas eu pensei que esse nome era dado para as éguas. - vi a menina baixar a cabeça triste e sorrir aguado.

- Bom todos na minha terra me chamam assim, meu verdadeiro nome não sei dizer não pois sou órfã.

Eu acenei com a cabeça que sim e me retirei do quarto indo para o meu, precisava descansar um pouco pois os últimos dias foram de muitas mudanças, agora eu tinha minha substituta e iria dar tudo de mim para ela aprender bem.

- Liza, Liza você será a mais nova rainha das trevas num futuro bem próximo.

Adormeci logo pensando em como ela ficaria perfeita na formatura dela de bruxa. No dia seguinte ao acordar escuto um choro de criança e me lembro de Liza me dirijo até seu quarto e a vejo agitada no berço, acredito que a babá égua deva ter ido pegar a mamadeira.

 No dia seguinte ao acordar escuto um choro de criança e me lembro de Liza me dirijo até seu quarto e a vejo agitada no berço, acredito que a babá égua deva ter ido pegar a mamadeira

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Chego perto dela e aperto meu colar perto dela fazendo sair o gás que tem dentro que se misturando com o gás carbônico fica num tom esverdeado. Ela rapidamente para de chorar e fica curiosa olhando para a fumaça verde a sua volta.

- Quando você crescer vou lhe ensinar a fazer isso também minha pequena, tenha paciência.

Não demorou muito para a fumaça verde sumir e ela voltar ficar agitada me deixando sem ação, ouvir ela chorar de certa forma me incomodava, eu não poderia me apegar a essa menina, ela é uma aprendiz e só isso.

- Senhora? 

- Onde estava? A menina estava chorando.

- Fui pegar a mamadeira senhora.

- Vou dizer a Clotilde que faça as mamadeira e mande trazer aqui, não quero que a deixe só entendeu? - eu estava com raiva e não sabia de que.

Me retirei dali e fui para o meu laboratório o lugar onde eu fazia minhas bruxarias. Mas os olhos daquela menina não me saiam da cabeça.

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