20. Homens Velhos e Nojentos

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Wade tentou ignorar a clara inquietação de Peter durante o caminho de volta, ele se mexia no banco do passageiro como se houvessem formigas. Que infernos Dominó tinha dito para fazê-lo querer correr pra casa tão desconfortável.

- Petey, o que houve? Por que está inquieto? O que ela disse?

Peter olhou para ele, as sobrancelhas enrugadas fitando Wade de forma incomoda.

- Ela disse que o quer falar sobre um parente meu. Tirando tia May e Harry, sobra apenas minha mãe, e acredita em mim Wade, nada que vem daquela mulher é bom, mesmo que Dominó pense diferente.

Era duro alguém falar daquele jeito da própria mãe, mas considerando o quão passiva ela tinha sido a situação dos filhos, Wade só assentiu com calma.

- O que você acha que pode ser Peter?

Peter chacoalhou a cabeça como se quisesse tirar da mente a ideia que saia pela boca.

- Acho que ela vai cobrar algum valor pela guarda de Harry.

Wade esticou o braço fazendo carinho na nuca de Peter, sem tirar os olhos da estrada.

- Não importa o preço querido, vamos pagar, você sabe que dinheiro não é problema, e por favor não se sinta mal por isso. Eu vejo muito de mim nele, não me perdoaria se deixasse ele voltar para um ambiente que o faz ter pesadelos.

Peter deixou aquele carinho aconchegá-lo melhor, fechando os olhos e respirando fundo, tentando se acalmar.
Ainda de olhos fechados e respiração levemente descompassada, algumas lágrimas teimosas começaram escorrer pelo seu rosto.

- Eu não entendo Wade! Como uma mãe é capaz de colocar os filhos nessa situação. Como mercadorias.

Wade queria parar o carro e abraçar Peter, queria se sentir menos inútil pra poder ajudá-lo com aquela dor que tomava o carro, Wade trocaria de lugar se pudesse.

- Petey, ainda não sabemos o que é, mas independente do que seja, lembre-se que você tem a tia May e tem a mim, nos nunca iremos deixá-lo desamparado.

Peter olhou pra ele, precisava de qualquer forma desviar a atenção ate chegarem no local, sentia que ficaria louco se continuasse pensando sobre aquilo.

- E sua mãe?

Wade enrijeceu aos mãos sobre o volante, pensando na pergunta.

- Eu amo minha mãe, mas ela nunca me protegeu realmente, eu entendo Peter, ela não sabia como lidar, e me pai era um babaca, depois que ele morreu, ela se tornou mais ela, e mais presente. Mas eu não consigo passar por cima do rancor de lembrar dela observar em silêncio os comentários maldosos que meu pai falava sobre mim. Digamos Peter, que sei como se sente.

Neste momento Peter estava novamente de olhos fechados, sobre a mão de Wade que continuava em sua nuca.

- Mas ela também te ama?

Um pequeno sorriso surgiu no canto da boca quando ele lembrou os momentos que compartilhou com sua mãe nos últimos dias.

- Sim, Peter, ela me ama.

- Então deveria perdoa-la.

Eles ficaram poucos minutos em silêncio e então já estavam em casa.
Peter pulou do carro indo em direção ao escritório, dando de cara com Rasputin e Dominó em completo silêncio, um silêncio desconfortável de quem se cala rápido quando o assunto chega.
Peter olhou direto para Dominó, com Wade chegando e parando atrás dele.

- Quanto ela quer?

Dominó balançou a cabeça negativamente de forma dramática.

- Ok, começamos pela parte ruim.

Quando Faltam as PalavrasWhere stories live. Discover now