Resident Evil: O debutante do mal (09/04/2011)

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Detalhe que, nesse período, um tipo de interação curiosa acontecia, no meu grupo de amigos de mesma faixa etária: nenhum de nós jogava, mas nos tornamos fãs de carteirinha do game por vermos nossos pais jogarem. Tanto que o pai de um desses amigos terminou o primeiro Resident antes do meu – todos nos reunindo então numa tarde na casa dele para assistirmos ao desfecho. Brincávamos de S.T.A.R.S. no quintal desse mesmo amigo, inventávamos histórias... isso sem ainda jogarmos. Imaginem só quando começamos...

A trama do primeiro jogo é simples e bem fechadinha, mas ainda assim clássica: um esquadrão de elite da fictícia Raccoon City é enviado para a floresta próxima à cidade com o intuito de investigar estranhos assassinatos com traços de canibalismo. O primeiro time do esquadrão vai e não retorna. É enviado então outro time – composto pelos personagens principais, Chris Redfield e Jill Valentine – para averiguar o que houve. Descobrimos então uma mansão cheia de zumbis e outros monstros clássicos de filmes de terror, uma ingênua sobrevivente do primeiro time, um traidor na equipe, uma mega-corporação inescrupulosa por trás de tudo... até culminar com aquele belo final, em que nos sentíamos no próprio paraíso com o nascer do sol e os três sobreviventes (se você fizesse o melhor final entre os disponíveis) partindo aliviados no helicóptero de resgate...

Apesar do final encerrando a história, todos queriam continuação. Aquele jogo magnífico não podia terminar ali! E como a Capcom logo viu que poderia lucrar muito em cima da franquia...

CONSOLIDA-SE O MITO

Em 1998 e 1999, respectivamente, foram lançados "Resident Evil 2" e "Resident Evil 3: Nemesis". Neles somos introduzidos a uma escalada dos eventos do primeiro jogo: o T-Virus, responsável pelos zumbis e outras criaturas mutantes, infectou também o setor urbano de Raccoon City, dois meses após os eventos do game na mansão. Se no jogo original explorávamos um complexo de instalações no meio da floresta, agora o gameplay nos oferecia uma cidade inteira! E sim, para mim, a Raccoon de RE2 e RE3 continua perfeita. Com seu casario antigo, vielas e becos tortuosos, prédios misteriosos (com destaque para o Departamento de Polícia de RE2), a necrópole constituía única experiência de exploração para o jogador – tudo embalado por uma trilha sonora que oscilava entre o suspense e o drama, o constante coro dos mortos-vivos, e um realismo intensificado em relação ao primeiro jogo, com uma jogabilidade dotada de novos e interessantes recursos. Agora podíamos customizar armas e munição e, olhem só, o personagem até manca se estiver ferido! Surgiram novos monstros, novos vírus, novos personagens, novas intrigas... Um chefe implacável que até perseguia o jogador de sala em sala (Nemesis de RE3, um dos melhores vilões da história dos games)! Se o primeiro RE havia causado impacto e conquistado já uma legião de fãs, as duas primeiras continuações consolidaram sua fama.

Lembro-me que a ansiedade pelo lançamento desses dois jogos foi imensa. RE2 tinha data inicial de lançamento em 1997, e as revistas muitos meses antes do dia previsto já forravam suas páginas de fotos do que seria o primeiro jogo da série num ambiente urbano. Nem tudo são flores, todavia, e o RE2 original teve seu projeto descartado quando estava concluído em mais da metade. A Capcom alegou que a continuação estava parecida demais com RE1 e, se aproveitando de algumas idéias e descartando outras, RE2 foi refeito e atrasado – sendo lançado somente em 1998. Lembro-me da confusão nas revistas, que passaram a divulgar juntas tanto fotos da versão descartada quanto da nova a ser lançada. E esse dito projeto inicial, que teve até vídeos revelados, tornou-se o infame Resident Evil "1.5", que até hoje atiça a imaginação dos fãs.

Ainda em 1997, foi lançado o "Resident Evil: Director's Cut", uma "versão do diretor" do primeiro jogo, com novos modos e cenas. O game vinha em dois CDs, o segundo contendo um demo jogável de Resident Evil 2. Foi uma febre. Vi meu pai jogar, e o fiz prometer comprar o game completo quando saísse. Meses depois surgiu, antecipadamente, uma cópia do que já seria Resident Evil 2, mas logo descobrimos termos sido enganados: era o infame beta, uma versão incompleta que vazara. Revistas postaram avisos na época para que os jogadores evitassem essa versão – com seus inúmeros bugs e a Ada com skin de Leon que valeriam uma fortuna hoje se colocados à venda no Mercado Livre...

GOLDFIELD - Nerdices e análisesWhere stories live. Discover now