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Bernardo:

Eu não tinha certeza de nada, tudo o que eu sabia era que estava indo ao encontro do meu filho, e somente quando eu o visse em segurança que eu o apertasse em meus braços era que eu iria ter noção do que fazer para mantê-lo longe de Glauco. Eu estava cansado de deixar a vida do meu filho nas mãos daqueles policiais esperando qualquer notícias, eu tinha que agir.

Cheguei no lugar marcado, porém não via nenhum sinal de Glauco por ali, fiquei em torno de quase dez minutos esperando e nada, até que um rapaz que eu nunca havia visto na vida se aproximou:

_ Moço você tem horas?

Estranhei pois ele tinha em seu pulso um relógio bem chamativo, entretanto eu informei:

_ 17h e 15m.

_ E você está sozinho aqui?

Eu logo percebi que aquele rapaz não era apenas um curioso, então respondi exatamente o que ele queria ouvir:

_ Não tem nenhum policial comigo. 

_ Muito bem então, coloque essa venda e eu te levarei para o encontro de quem você veio encontrar. 

Obedeci sem questionar e ele foi me conduzindo por um caminho reto, até que paramos de caminhar  e um carro parou próximo a nós, eu sei que parou porque fui colocado nele e acredito que cinco minutos depois nós paramos, o caminho foi bem curto então Glauco estava perto de onde ele havia marcado comigo. 

Empurrado eu entrei, e já pude ouvir a voz de Samuel:

_ Pai, eu quero o meu pai. 

_ Cala boca moleque malcriado. 

O rapaz que me trouxera retirou a venda dos meus olhos e eu pude ver o Glauco segurando nos braços o meu filho que esperneava para poder vir ao meu encontro: 

_ Amarre ele ali naquele ferro.

Glauco deu a ordem  para outro homem que estava ao seu lado: 

_ Eu farei o que você quiser, mas cumpra o que prometeu, mande meu filho para o Guilherme.

_ Aii que bonitinho Bernardo, você acreditou na minha promessa, seria muito interessante se eu fizesse algum mal a ele na sua frente não seria, te causaria uma sensação de impotência não causaria, você me odiaria por isso não é?

Enquanto ele falava, ele apertava Samuel nos seus braços e Samuel chorava me chamando, eu me debatia enquanto estava amarrado sem poder fazer nada para impedi-lo:

_ Você me odeia Bernardo?

_ Sim eu te odeio.

Ele soltou o meu filho, entregando ao rapaz que havia me trazido até ali, e aproximando de mim segurou o meu queixo:

_ Muito bom, eu estou feliz com o seu ódio, melhor do que a sua indiferença, que tal essa sensação de depender de mim para manter esse menino em segurança hein, me diga eu quero ouvir você me implorar pela vida dele, assim como eu implorei pelo seu amor. Eu te ofereci o meu amor e em troca o que eu recebi hein, só ingratidão, desprezo e sua indiferença, é um deleite para mim ouvir você dizer que me odeia. 

_ O seu problema é comigo Glauco, manda o meu filho para o Guilherme, eu estou te pedindo.

_ Mas o menino está se comportando tão bonzinho que eu pensarei duas vezes em mandá-lo novamente ao babaca do meu irmão.  

_ Glauco ele é só uma criança.

Interrompidos por um dos cúmplices de Glauco que reclamou:

_ Cara fizemos tudo o que você disse para nós fazermos, agora nos dê o combinado para podermos ir embora. A gente só entrou nessa pela grana mesmo, se pegar cana por sequestro é treta cara, o nosso trabalho acaba aqui, foi o que combinamos que quando o cara aeh chagasse aqui você nos daria a grana.

_ Claro que darei a grana a vocês, eu vou pegar ali na maleta. 

Glauco me olhou com um sorriso maléfico e abrindo a maleta retirou de lá uma arma de fogo apontando para o primeiro rapaz o que segurava o meu filho, eu gelei, pois amarrado ali eu não poderia fazer nada para proteger o meu filho: 

_ Acho que agora vocês não tem nenhuma condição de exigir nada.

_ Cara, não precisa disso não, nós vamos embora e você não precisa se preocupar em pagar nada não, só nos deixe ir embora.

O assustado rapaz arregalava os olhos ao ver a arma mirando o seu rosto como alvo. E sem dó ele mirou no outro homem dando o primeiro disparo, o corpo do homem foi dobrando  os joelhos e arqueando o tronco para trás, já sem vida, o rapaz que segurava Samuel o largou no mesmo instante, Samuel correu para o lado em que eu estava assustado ele se agarrava as minhas pernas e eu me debatia para tentar me soltar, mas os nós nas amarras estavam bem apertados. Um segundo estampido era ouvido e um novo corpo caía imóvel no chão, depois ele virava a arma para Samuel:

_ Glauco -eu o chamei _ Não faça nada que venha a se arrepender depois, meu filho é uma criança apenas, solte ele, eu estou te pedindo, solte o meu filho, faça o que quiser comigo mais não faça mal ao meu menino.

_ O seu pedido não irá salvá-lo, sabe disso não sabe, eu poderia ter te feito tão feliz Bernardo, mas você me rejeitou, me humilhou, eu preciso me vingar - ele gargalhou _ Esse moleque remelento, você o ama e daria a sua vida por ele, ele não vai viver para vivenciar o seu amor, eu sei que foi por causa deles que você e o Guilherme voltaram a ficar juntos.

_ Glauco me escuta, me mata, faça o que for contudo faça a mim, deixe o meu filho em paz. 

_ Eu prometo que será rápido, ele não sentirá nenhuma dor, será apenas um tiro na testa e pronto, morreu. 

Ele puxou Samuel pelo braço que se chocou contra o seu corpo e com um sorriso no rosto apontou a arma na cabeça do meu filho:

_ Glauco não faça isso, por favor, não faça isso. Eu te imploro deixa o meu filho ir embora. 

A invasão da polícia se deu nesse momento:

_ Polícia,  larga a arma. Glauco Andrade larga essa arma agora mesmo, coloque a mão na cabeça e ajoelha de costas. 

_ Não, e é melhor vocês não se aproximarem ou eu esmago a cabeça desse menino com um tiro certeiro.

_ Por  favor não façam nada, cuidado com o meu filho. 

_ É melhor escutarem ele, é a vida do remelento que está em jogo. Você... - Glauco apontou para um policial_ jogue suas armas para cá e algeme o seu braço ao dele, ou vocês preferem que eu atire no garoto?

_ Por favor façam o que ele está pedindo, é a vida do meu filho que está em risco. 

Acreditando que estava no controle ele não percebeu que o policial ao invés de retirar a algema retirava uma pequena arma que estava presa na parte de trás de seu uniforme e atirava acertando-o no ombro o que fez ele recuar dois passos soltando Samuel, mas o impacto do choque de ter sido atingido fez Glauco efetuar mais um disparo acertando as costas de Samuel , que caía a minha frente, paralisado eu olhava o meu filho ali caído com os olhos cheio de lágrimas, e enquanto um dos policiais algemava Glauco, o outro me soltava já pedindo uma ambulância pelo rádio comunicador.

Em busca de redençãoWhere stories live. Discover now