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Guilherme:

Com a cabeça latejando ouço as palavras de Bernardo um arrepio de medo transpassa por meu corpo, o modo convencional não estava funcionando, até parecia que a policia não estava fazendo nada, dois dias e nenhuma notícia relevante apenas pistas que não levava a nada, o que tínhamos de evidente era a exigência  de Glauco e depender a vida de Samuel a ele era a coisa mais dolorosa e pesada que eu já havia enfrentado na vida. 

Eu estava a ponto de surtar em ter que concordar com aquela loucura de Bernardo ir se encontrar sozinho com Glauco, mas resoluto nós dois já havíamos decidido que faríamos de tudo para ter o nosso menino novamente em segurança. 

Ficou combinado de que eu despistaria os policiais enquanto Bernardo daria um jeito de escapar sem ser visto, ele havia me prometido que traria a minha criança de volta para os meus braços, mas então porque eu sentia aquele aperto terrível no coração?

_ Bê.. você acha que isso é o melhor a se fazer, não sei eu não estou com um bom pressentimento.

_ Eu tenho que fazer alguma coisa, não posso ficar com os braços cruzados.

_ Eu sei, eu sei, mas sei lá a gente pode avisar os policiais, ele deve estar armado e enfurecido ele pode fazer qualquer loucura. 

Paro um minuto para olhar para Bernardo, meu olhar com certeza deve está assustado, porque eu mesmo estou apavorado, Samuel é meu filho amado, aquele a quem eu daria a minha vida no lugar se necessário fosse, Bernardo era o homem da minha vida, aquele que eu amava, colocar um deles em risco era demais para mim, ter que escolher entre um e outro era demasiadamente desumano: 

_ Não Bernardo, nós temos que agir com a cabeça e não apenas com o coração, eu não posso deixá-lo ir sabendo que algo de ruim irá acontecer a você. 

_ Nada vai me acontecer Gui, e se acontecer eu quero que me prometa que cuidará dos nossos meninos. 

_ Não fala assim. Se você realmente vai se encontrar com ele, você tem que me prometer que voltará para mim, me promete Bernardo.

_ Eu prometo.. 

Nos abraçamos e nos beijamos, e decidido que ele cederia a chantagem de Glauco nós não avisamos aos policiais que ele voltou  a ligar. 

Combinamos que se em meia hora ele não retornasse com o nosso menino aí sim eu avisaria a policia para ir ao local onde eles se encontrariam. 
Aproximei-me dos policiais fazendo perguntas repetitivas tirando a atenção deles enquanto Bernardo disfarçadamente se esgueirava até a saída da escola, em menos de quinze minutos os policiais deram pela ausência de Bernardo e pressionado eu acabei dizendo:

_ Nós não aguentamos mais, ficar sem noticias e vocês cruzarem os braços dizendo que tem pistas, para vocês esse é apenas mais um caso aleatório, para nós é a vida do nosso filho, nós tínhamos que fazer alguma coisa, o Glauco ligou e pediu que o Bernardo fosse encontrá-lo sozinho sem vocês, e mesmo achando arriscado nós dois decidimos ceder a chantagem dele. 

_ Nós estamos fazendo o possível para trazer seu filho em segurança, mas quando vocês agem precipitadamente agindo por conta própria, não apenas se colocam em risco como coloca em risco a vida do refém, que garantia vocês tem que o sequestrador devolverá a criança em segurança?

_ Ele prometeu.

_ E a palavra dele vale alguma coisa para vocês, pelo perfil que apresentaram a nós, podemos defini-lo como um psicopata em acessão. E só lembrando que esse caso não é o padrão onde o sequestrador quer uma quantia em troca, o que ele deseja é vingança o que o torna ainda mais perigoso. Sabemos que deve ser desesperador saber que o seu filho está nas mãos desse meliante, mas estamos trabalhando com afinco para trazer o seu filho em segurança para casa, o desespero nessa hora só atrapalha, vocês estão dificultando o trabalho de investigação.
Agora é mais favorável que nos diga para onde o seu companheiro foi encontrar o sequestrador.

Anotei em um papel o endereço onde Bernardo iria encontrar Glauco, passando para a mão do investigador, já arrependido de tê-lo deixado encontrar o louco do Glauco sozinho, o policial tinha toda a razão nós dois agimos impulsivamente:

_ Agora com a localização nas mãos ficará mais fácil rastrear e trazer eles em segurança. Por não confiarem na polícia agora estaremos em busca de duas pessoas ao invés de apenas um. 

Só quem passa por algo semelhante é que sabe o quão transtornado a pessoa fica, você age irracionalmente, tudo o que você deseja é que aquilo tenha logo um fim e você possa novamente ter a pessoa em segurança, aqueles são os instantes que você acha que qualquer sugestão por mais absurda que ela possa parecer se torna a solução, eu entendia que os policiais não se entregasse a emoção, eles estavam ali trabalhando e haviam se preparado emocionalmente para aquele serviço, contudo  eu era pai, e não sei se eles conseguiria manter a cabeça  tão equilibrada emocionalmente falando se fosse um dos filhos deles, o medo, o desespero de ver as horas passando e nenhuma solução ser apresentada, nos fizeram agir daquela forma, e agora Samuel e Bernardo estava nas mãos de Glauco. 

Emitindo a ordem do mandado de  prisão e apreensão pelo fax a um distrito perto de onde ficava a localização, deram a ordem para que a patrulha se encaminhasse para lá, onde em quinze minutos no máximo todos estariam por lá, eu segui em um dos carros da policia, me recusando a ficar ali a espera na escola, eu queria que quando Samuel fosse liberado o primeiro abraço que ele recebesse fosse o meu. 

O telefone do policial tocou e ele atendeu colocando no viva voz:

_ Acabamos de chegar no local, demos uma rápida analisada nas proximidades e percebemos que tem pelo menos quatro pessoas lá dentro, estamos em posição, precisamos de uma autorização sua para invadirmos. 

_ Não! não façam nada até que eu chegue aí, estou a caminho já. 

De repente ouvimos um tiro: 

_ O que foi isso, droga quem foi que atirou?

O policial do meu lado perguntava quase aos gritos, meu coração pulsava tão rápido que eu quase não conseguia respirar. 

_ Entrem lá agora, agora vai. Eu quero os reféns bem, garanta a segurança dos reféns, nós estamos chegando já. 


Após um desesperador dois minutos de silencio o outro policial informou:

_ Duas pessoas mortas. 

Levei a mão na boca já em crise de choro, quem será que estava morto?




Em busca de redençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora