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Guilherme:

Acordar e ver o rosto de Daniel para mim era um alento, mas ao saber que Samuel ainda estava na mão daquele maluco do meu irmão me angustiava, pois eu não fazia ideia do que ele era capaz de fazer ao  meu filho para me atingir. 

Só de pensar nas atrocidades que ele poderia estar pensando em fazer ao meu menino já me deixava com um aperto no coração. 
Abracei Daniel o meu filho apertando-o em meus braços, não querendo soltar,  querendo mostrar a ele que ele estava protegido de qualquer perigo eminente. 

Eu estava com medo, Samuel deveria estar assustado, e eu não estava lá para segurar sua pequena mãozinha e dizer que eu o amava, mostrar que ele estava protegido.

Ignorei a recomendação da professora:

_ É melhor que fique deitado, você ainda está febril.

Bernardo me abraçou assim que me viu:

_ Você deveria estar descansando Gui.

_ Você que deve descansar um pouco Bê.. 

_ Nem pensar nessa possibilidade. 

Olhei para Lana que até então não havia se aproximado, e quando nosso olhar se encontrou ela de forma tímida se achegou:

_ Me perdoa Gui, é tudo culpa minha, se eu não tivesse me atrasado. 

_ Lana... - eu chorava, ela chorava _ Não é sua culpa. 

Bernardo era mais duro, mas firme e não sei se para nos confortar ou para ele mesmo acreditar dizia:

_ Vai ficar tudo bem com o nosso moleque Gui, os policiais vão encontrar o nosso menino logo, e colocar aquele louco atrás das grades.

_ Ele ligou... falou alguma coisa?

_ Até agora nada. 

_ Mas já fazem 6 horas, e se ele ligar lá em casa?

_ Gui, está sendo televisionado então ele deve saber que estamos aqui na escola. Alias vários pais vieram nos dar apoio. 

_ Tudo o que eu quero é o meu filho, o nosso menino Bê. 

Ele me apertou em seus braços:

_ Eu também Gui, eu também.

Bernardo me pedia para ir descansar pois eu ainda estava febril mas eu me recusava veementemente, embora vez ou outra acabava cochilando com a cabeça recostada em seu ombro, a policia não havia feito nenhum avanço  e assim passou o primeiro dia.

Não tinha como pensar algo bom vindo da parte de Glauco, se tudo o que ele queria era me atingir, e estava usando uma arma poderosa para isso. Ele bem sabia que aqueles meninos eram tudo para mim, usá-los foi um golpe cruel.

Aquele silencio era aterrorizador, nos deixava impotente, enquanto tento me manter forte, ouço o telefone de Bernardo tocar, ele foi mais rápido que eu em atender:

_ Glauco.. cadê o meu filho, o que você fez a ele? 

Enquanto os policiais tentava rastrear a ligação, tudo o que eu desejava saber era o que aquele psicopata havia respondido para Bernardo.  
Não deu tempo dos policiais rastrear, perderam o sinal antes disso, ao que tudo indicava o celular pré pago estava bloqueado.  
Assim que ele desligou os policiais o cercaram para saber a melhor forma de trabalhar, porém eu queria saber do meu filho, se ele estava bem, se Bernardo havia escutado a sua voz.


Ouvir Bernardo explicar aos policiais que o que Glauco queria era encontra-lo sozinho em um lugar que ele ligaria avisando onde, desde que a policia saísse do caso, eu não sabia o que era mais desesperador, se deixar que Bernardo fosse se encontrar com ele sozinho ou se tirar os policiais do caso, contudo  tínhamos que pensar com a cabeça de Glauco, para ele aquilo era um jogo e ele estava apostando todas as fichas dele. Tudo o que eu mais queria era meu filho em segurança, do meu lado na nossa casa.


Os policiais não haviam feito absolutamente nenhum avanço, ainda assim eles contestavam as nossas dúvidas quanto a aceitar a imposição de Glauco, ao invés de fazerem algo, eles perdiam tempo nos fazendo perguntas sem sentido como
"Porque seu irmão faria algo assim?", ou do tipo "Seu irmão é homofóbico?", como se qualquer uma daquelas perguntas fosse atenuante para uma monstruosidade como aquela: 

_ Eu quero saber o que vocês estão fazendo para encontrar o meu filho ao invés de ficarem nos questionando se ele é homofóbico ou se ele tem motivos para fazer mal a uma criança, ele a sequestrou e eu não estou vendo vocês apresentarem nenhum resultado que me traga uma solução.  

Bernardo foi firme em dizer:

_ Eu imagino que vocês dois estão nervosos, mas vocês devem nos informar tudo o que sabem para que analisemos o perfil do sequestrador. 

Foi a minha vez de explodir e dizer elevando o tom da  minha voz:


_ O que querem saber que ele é um psicopata, que tem ódio de mim, por que acredita que eu tomei o lugar de único filho do meu pai, que ele é apaixonado pelo meu marido, que ele é obcecado, que ele fazia intriga para que brigássemos e ...


Fui narrando tudo o que houve aos policiais que escrevia as informações em suas pranchetas, depois fizeram um mural com o nome de Glauco no topo fazendo uma árvore genealógica com todas as informações fornecidas:


_ Eu imagino que seja desesperador ver o filho de vocês com uma pessoa assim, mas vocês devem nos deixar trabalhar, prometemos encontrar o filho de vocês e trazê-lo em segurança.

_ Que garantia vocês nos dá, por que até agora vocês não apresentaram nada e meu filho ainda está nas mãos daquele maluco, até o grampeador que vocês tentaram usar não deu certo. 


_ Nós já estamos com o retrato falado do meliante, iremos mandar dois policiais para o local onde o outro filho de vocês foi deixado, e também estamos vendo a conta dos cartões de crédito dele, em qualquer lugar onde ele usar será localizado, vamos divulgar o retrato dele na mídia e se dermos sorte alguém que os viu poderá nos informar.   

_ Eu não aguento mais, é enlouquecedor ficar esperando, eu não consigo eu quero saber onde meu filho está, se ele está bem, se está com medo, eu quero meu filho comigo. 

_ Calma Gui, nós vamos trazer nosso menino para casa, nós iremos trazer. 

Nós tínhamos que lidar com os nossos sentimentos, nosso medo, aqueles policiais dizendo que ficaria tudo bem, o assedio da mídia mais nenhuma solução era nos apresentada. 

Em busca de redençãoWhere stories live. Discover now