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Eu enfrentava uma solidão nada bem vinda, o meu único consolo, enquanto eu contemplava o teto daquele quarto era saber que Guilherme ainda me amava, então ainda havia esperança. 
Havíamos prometido um ao outro caminharmos juntos pela mesma estrada, e nós desviamos o caminho mas eu faria o possível e o impossível para retornarmos a caminhar lado á lado de mão dadas.

Nesse momento eu queria alguém que me ouvisse, que me entendesse, lembrei-me então de Lana, minha irmã e melhor amiga de Guilherme, ela seria a pessoa indicada para fazer ser esse elo, liguei imediatamente e ela veio ao meu encontro. 

Eu tinha plena noção de quão magoado Guilherme estava, mas se tinha uma pessoa que poderia servir de intermediadora seria minha irmã.

Não me surpreendi quando ela me disse:

_ Você está horrível meu irmão.

Ela dizia enquanto me abraçava. Eu me limitei a balançar a cabeça.

_ Como pôde fazer isso Bê... ?

_ Lana... eu agi impulsivamente. 

_ Você é um babaca, magoou o Gui, por um ciumes doente e sem fundamento. 

_ Eu sei Lana, eu sei - Levei a mão no rosto sentando-se sobre a cama _ Acha que eu não fico me martirizando com isso todos os dias, em todos os momentos?

_ O Glauco é uma cobra peçonhenta, mas foi você quem cravou a faca nas costas do Gui. 

_ Você veio aqui para me colocar mais para baixo é?

_ Não! Desculpa... eu sei que você também está sofrendo.

_ Eu vi ele hoje. 

_ E o que aconteceu?

_ O Samuel bateu em um amiguinho na escola, por causa do nome do menino. 

_ Como assim?

_ O menino chamava Bruno, e ele escutou o Gui falar para você que eu beijei o Bruno e por isso ele não poderia me perdoar. 

_ Ele associou o garoto com o Bruno?

_ Isso. 

_ Não acredito nisso, o Gui deve está mal com essa história. 

_ Eu também estou Lana. Eu jamais iria querer que meus filhos passassem por algo assim, ver os olhos dos dois tão perdido, foi a pior coisa que eu já vi. 

_ Eu sei Bê, eu sei o quanto você e o Gui amam aqueles meninos. 

_ Eles queriam saber o motivo pelo qual eu não podia ficar em casa, tentamos explicar da melhor forma possível aos dois. 

_ Está muito recente Bê... o Gui ainda está muito magoado, mas ele te ama.

_ É eu sei, eu sei que ele me ama é essa a certeza que me mantém em pé, é a única esperança que eu tenho. 

_ Não se ofenda com o que eu vou te perguntar meu irmão, mas você e o Bruno...?

Nem deixei ela terminar de perguntar para respondê-la:

_ Não, nunca tive nada com ele, eu o coloquei em uma má situação por puro descontrole. 

_ Meu irmão, ele não me parecia desagradado com a situação, pode apostar esse rapaz gosta de você. 

_ Imagina, o Bruno é apenas um colega de trabalho. 

_ Um colega de trabalho apaixonado por você. Se quer a minha opinião, é bom que tenha uma conversa com ele e deixe bem explicado que você ama o Gui. 

_ Vou conversar, Lana... o que o Gui falou para você?

_ Ele está muito chateado e com razão, mas ele te admira, admira a forma como você cuida dos meninos, admira a sua dedicação entre outras qualidades, isso é um bom sinal meu irmão, entretanto você vai ter que trabalhar muito no quesito confiança, ele está decepcionado demais. 

_ Ah se eu pudesse voltar no tempo, você acredita que o Glauco teve a coragem de vir aqui?

_ Como é?

Relatei tudo o que Glauco proferiu antes de sair e tudo o que havia dito enquanto esteve ali:

_ Lana, será que ele está certo e o Gui não vai me perdoar? _Já é ruim o bastante ficar sem o Gui, não ter certeza de nada piora a situação. 

Ela nada respondeu, apenas me abraçou apertando-me em seu abraço, ela passou a tarde ao meu lado:

_ Eu te amo meu irmãozinho inseguro, mas agora precisarei ir, você ficará bem?

Balancei a cabeça afirmativamente.

_ Prometo tentar conversar com o Gui tá. 

_ Obrigado.

Ela se foi, e novamente me vi ali solitário. Desnecessário dizer que novamente meus pensamentos tinha um único dono. 

"_ Mais uma noite sozinho " - Eu reclamava a mim mesmo, censurando o meu próprio desalento. 

Sentei-me sobre a cama servindo-me de um copo de 
whisky, acabando com todo o conteúdo da garrafa, e assim adormeci.
Ao amanhecer meu estômago revirava e eu me sentia nauseado, me recriminando por ter bebido tanto. 

Depois de um banho gelado e um café amargo eu me sentia um pouco melhor, embora não estivesse na minha melhor forma. 

Olhei no relógio e era o horário de levar os meninos na escola, me arrumei, coloquei um óculos escuro no rosto para esconder os efeitos da noite anterior e fui para casa encontrei-os já saindo de casa, tive que buzinar para que eles me vissem. 
Eles correram ao meu encontro quando eu sai do carro e eles se acolheram em meus braços, Guilherme não dizia nada:
 

_ Bom dia pai. 

_ Bom dia pai.

Diziam os dois, dei um beijo na testa de cada um e os acomodei no carro: 

_ Depois precisaremos falar sobre isso

Guilherme dirigiu as palavras a mim, mas o sorriso que desenhou em seu rosto foi direcionado  para os meninos:


_ Pai, o senhor vem buscar a gente depois da aula também?

Nem tive tempo de responder pois Guilherme foi mais rápido em dizer:

_ Não, Samuel, o pai de vocês tem que trabalhar, ele não poderá vir buscar vocês, e nem levar todos os dias. 

Era óbvio que a minha presença ali não havia agradado a Guilherme,  eu permaneci em silencio, chegamos na escola, os meninos entraram após dar um beijo em cada um de nós e sozinho Guilherme me olhou:

_ Precisamos definir como será com os meninos, para que não fiquemos nesse impasse. Você pode ir lá em casa a hora em que quiser, pode levar e buscar os meninos e até levá-los para passear a hora em que você quiser, mas eu peço que me avise antes, para não acontecer igual hoje. Acho que assim como eu, você não quer confundir os meninos, se todas as manhãs você aparecer para levar eles, ir buscar, e se toda hora você aparecer em casa, vai dar uma falsa sensação a eles que estamos juntos ainda. 

_ Não precisa ser uma falsa sensação Gui.

_ Bernardo, não insista. Eu venho buscar eles hoje e peço que você não apareça. 

Em busca de redençãoWhere stories live. Discover now