Nº11

54 3 0
                                    

Pensei ter-te visto recentemente

mas fiquei apenas pelo pensamento

Era como uma miragem turva

Uma projeção do meu descontentamento


Foi longe demais esta obessessão

Criei demónio que jamais irei destruir

Tinha tudo para funcionar

E a minha estupidez fez de tudo para a destruir


Chorei uma perda platónica

Nunca foste minha nem nunca serás

Foi um jogo tão bem jogado

E eu, derrotado, ainda fui atrás


Qual era a minha ideia?

Nem sequer eu sei qual seria

Talvez a ideias de que esse amor platónico

Pudesse funcionar um dia


Como fui estúpido, fraco

Nem depois de derrotado entendi

Não foi o amor que desapareceu

Fui eu que te impedi


Mas impedi de que?

Impedi-te de seres livre e voar

Tentei cortar-te as asas

E fui eu que caí do meu pequeno altar


Pensei que era o teu dono

Mas nem o meu pensamento controlo

Perdi-me sem perceber

E já nem tenho consolo


Porque será? Desconfio

Talvez pelo meu falso altruísmo

Todos me viam como alguém bom

Mas tu sabias que eu era quase um Cataclismo


E agora aqui estou eu

Só e com remorsos do que fiz

Pensei que te tinha na mão

Mas nas mão só tinha uma atriz


Boa atriz já agora

Quem se prendeu fui eu

Morri sem dar conta

Uma morte que nem doeu


Foi tão rápida, tão repentina

Não chorei, nem sequer senti

Chamei por Deus para me ajudar

Mas Deus sabe que só te quero a ti.


Poemas SoltosWhere stories live. Discover now