Dia 22 de Março:

Pensei que as coisas não poderiam ser piores, mas sempre podem... Dormir em cima de pedra desnivelada por si já era algo desconfortável, mas passar a noite ouvindo aqueles malditos zumbidos... Aqueles estalos... E despertar vendo apenas a escuridão à frente torna tudo pior. Se eu sair dessa, vou todos os dias agradecer pelo nascer do sol, pois só agora vejo a falta que ele faz...

Devo confessar que estou duvidando que vamos sair daqui, mas coloquei em minha cabeça que deverei ser forte. Por mim e pelos que me são caros. Esse diário é o único lugar onde eu posso realmente desabafar...

Acordamos pouco depois das sete e meia, comemos uma porção das rações, tentando racionar ao máximo, e bebemos um gole d'água, e então começamos a preparar as coisas para explorar.

Íamos apenas explorar, tentar achar uma possível saída. No fundo, ninguém acreditava que estaríamos fora hoje, mas tínhamos de tentar. Talvez amanhã...

Além disso, eu estava muito preocupado com Jim. Algo me dizia que ele ainda estava vivo, e eu queria encontrá-lo.

Deixamos nossas coisas em nossa "sala segura", e, como as coisas tinham medo de fogo, no lugar dos lampiões, acendemos algumas tochas.

Avançamos pelo caminho, todos bem pertos, a ponto de sentirmos todos o calor das tochas, apesar do vento gelado que corria por ali. Pegamos o caminho de onde as criaturas vieram ontem.

Eu podia ouvir os estalos e zumbidos, que se aproximavam e se afastavam. Kate tremia um pouco, mas aparentava estar mais calma que ontem. Mr. Morris estava atento, com a espingarda na mão, olhando para o teto.

Fomos andando em um ritmo bom, nem muito rápido nem muito lento, até que chegamos em uma seção onde o túnel se dividia em dois.

"E agora?", Lonhorn suspirou, "Esquerda ou direita?"

"Se formos todos juntos, levaremos tempo demais e talvez não consigamos explorar os dois túneis...", comentei

"Mas se nos separarmos..."

"Vamos nos separar.", Mr. Morris disse com uma voz de comando, "Tomem cuidado. Nos encontramos aqui nesse ponto ao meio dia. Se tiverem problemas gritem. Vou com o professor."

Assentimos todos, apesar de Longhorn não ter gostado muito da ideia de nos separarmos. Foi, afinal, quando Gisborne se separou de nós que tudo aconteceu.

Eu e Kate seguimos pelo túnel da esquerda. Andávamos lado a lado. A tocha iluminava uma área não muito grande. Eu estava segurando o revólver. O som dos estalos parecia aumentar um pouco.

Levantei meu braço para ver mais perto do teto. Os sulcos estavam repletos de olhos avermelhados.

"Ótimo!", murmurei

"Ao menos Mr. Morris tinha razão. Enquanto estivermos com essas tochas, eles não nos atacarão."

Ouvimos um som semelhante a um gemido de dor, quase imperceptível. Estava mais a frente nesse túnel, fosse o que fosse, e não parecia em nada com os sons daquelas coisas que nos olhavam.

Uma das criaturas surgiu em minha frente e tentou pular sobre mim, como fez com o guarda ontem. Rapidamente, bati nela com a tocha, e ela entrou em combustão, soltando um guincho que me deu um calafrio. Em pouco tempo, não havia mais nem sinal da criatura.

"Está tudo bem?"

"Sim... Mas fique atenta. Essas coisas estão começando a ficar ousadas..."

O corredor foi ficando mais estreito, e tivemos de ficar em fila. Era uma sensação angustiante. Ao menos, antes eu podia ver o rosto de Kate, e isso me acalmava um pouco, mas agora nem isso. Tudo o que tinha era a escuridão à frente e as criaturas acima.

Terror em MaltaWhere stories live. Discover now