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Avril Lavigne – I wish you were here

"I can be tough, I can be strong

But with you it's not like that at all

There's a girl that gives a shit

Behind this wall, you just walk through it"

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"Antes de tudo quero que saibas que nunca pensei que esta se fosse tornar a nossa vida" disse batendo na cama ao seu lado "Nunca quis que desistisses dos teus sonhos para tratar de nós, esse era o meu papel" suspira "Não vou ter muitas mais oportunidades para te dizer o quão orgulhoso estou de ti, da mulher que te tornaste. És e sempre serás o amor da minha vida filha, quando eu..." antes que ele conseguisse dizer esta palavra eu interrompo-o

"Nem penses em dizer essa palavra pai" grito "Tu vais conseguir, eu sei que sim. Se tu morreres eu morro também. És a minha única família eu não posso perder-te" disse desesperada

"Filha tu tens que aceitar que mais cedo ou mais tarde eu vou morrer" fez uma pausa para ver a minha reacção "Mas meu amor eu vou sempre estar aqui a olhar por ti, a proteger-te mesmo depois de morrer. Eu só preciso de ter a certeza que tu vais ficar bem e que vais ultrapassar a minha morte, porque tu tens tanto para dar" aponta para o meu peito " És a melhor pessoa que eu conheço não quero que a minha morte pare a tua vida" suspirou quando viu que não ia a lado nenhum com esta conversa "A assistente social veio aqui falar comigo e ..."

"Veio aqui? Porque, que ela queria?" bombardeei-o com perguntas 

"Calma filha" riu-se um pouco "Sabes que és menor ainda e eu vou morrer em breve" assim que as palavras saem da sua boca eu começo a chorar "Vais ser sempre a minha menina" diz baixinho abraçando-me "Quando eu morrer" solucei baixinho e ele fez me festinhas no cabelo "Tu terás que ir viver com alguém, eu não tenho família, sempre fomos só nós os dois" ganhou coragem  "A única pessoa que vai poder ficar contigo legalmente é a tua mãe" uma bomba arrebentou na minha vida e eu solucei ainda mais

"C-como pa-i eu não posso ir viver com ela, eu não a conheço e ela abandonou me quando eu era ainda um bebé indefeso, não não não por favor" olhei-o nos olhos

"Meu amor por favor não dificultes isto, não tenho mais ninguém com quem te deixar" disse "Que morrer sabendo que não estás no sistema, quero morrer descansado sabendo que nada te vai faltar" disse com lágrimas nos alhos

"Pai tu não podes dizer isso, só tenho 17 anos eu não quero, nem posso ficar sem ti" sussurei "Sou muito nova para te perder, tu és tudo o que eu tenho na vida e eu consigo. Porque é que dói tanto..." chorei como nunca

"Vai ficar tudo bem" enrosca-me mais nele e dá-me um beijo na testa " Espero que saibas que te amo com tudo o que tenho e que não tenho" disse sincero

"Eu também te amo mais que tudo neste mundo pai" disse

Depois de chorar muito nos braços do meu pai e de falarmos sobre o dia dele, entrou uma enfermeira que me disse que já passavam das horas de visita e que eu teria que ir embora. Despedi-me do meu pai com um beijo na testa e fui para o nosso apartamento, eram quase horas de jantar mas a minha fome não chegava por isso fui dar um passeio pelas ruas da cidade.

Parei ao pé do rio e tudo o que surgia na minha cabeça eram as memórias com o meu pai, sem dar conta como cheguei a casa e adormeci enroscada à almofada do meu pai.

 .......

3 semanas depois

Estava agora a começar mais um turno do meio dia na loja. O meu pai tinha melhorado um pouco mas segundo os médicos não havia nada a fazer por isso só restava a esperança.

"Hoje há pouca coisa para fazer por isso ficas na caixa registradora" informou-me o meu chefe

"Ok então" sorri

Passei o resto do dia na caixa e já estava a sair da loja com os meus pensamentos quando recebo uma chamada.

Chamada on'

"Boa tarde, estou a falar com a Sophia Foster?" perguntou uma voz que eu não conhecia

"Sim a própria quem fala?" perguntei curiosa

"É da assistente social, informaram-nos que o seu pai piorou e então nós temos estado a apressar as coisas para quando for viver com a sua mãe..." interrompi-a

"Eu não vou viver com ela, com licença" desliguei

Chamada off'

Depois de mais uma tarde passada com o meu pai, o médico pediu para falar comigo de parte.

"Como sabe a saúde do seu pai estava bastante debilitada" disse "Nos últimos dias tem vindo a piorar" suspirou "Aconselhava-a a passar o máximo de tempo possível com ele" explicou-me e fez-me uma cara de pena

Assim que ele disse isso eu comecei a chorar, olhei para trás do meu ombro e pelo vidro da porta do quarto vejo o meu pai tranquilo.

Todo o tempo que eu tinha era agora passado ao lado do meu pai, nada era mais importante do que fazer memórias com ele, mesmo que fossem dentro destas quatro paredes. Tive que despedir-me da loja para poder ter tempo com ele, como teria que ir viver com a mulher que me trouxe ao mundo foi um dos motivos para me despedir, a mudança de cidade estaria para breve.

Nunca lhe disse tantas vezes na vida "Amo-te" mas agora, por mais vezes que lhe diga não vai ser suficiente.

Tem-me custado tanto não ser capaz fazer nada, é como se também estivesse a morrer por dentro. Sinto uma coisa a mexer-me na mão e vejo os olhos castanhos do meu pai. 

"Então meu amor como estás? Já tens as malas feitas para ires viver com a tua mãe" perguntou

"Estou bem pai, não te preocupes comigo" ignorei a outra pergunta "E tu como estás?"

"Espero que saibas que te amo daqui até ao fim do mundo" tosse "E não há nada que nos vá separar, sim?" eu assenti

"Eu sei" suspirei com lágrimas "Eu também pai" beijei-lhe o rosto

"Amo meu anjo, onde quer que eu vá tu vais estar sempre aqui" apontou para o coração.

Depois de muitas histórias e filmes, acabamos por adormecer os dois, ele na cama e eu na cadeira do hospital, que por mais desconfortável que fosse tinha sido a minha cama durante esta semana. 

A meio da noite eu comecei a ouvir as máquinas a apitarem e acordei sobressaltada, olhei à minha volta e percebi do que se tratava. Levantei-me rapidamente e sai do quarto até ao corredor onde comecei a gritar e a chorar ao mesmo tempo. 

"AJUDA POR FAVOR, ENFERMEIRA" gritei

No que pareceu demorar horas, vieram as enfermeiras e os médicos rapidamente para dentro do quarto e obrigaram-me a ficar do lado de fora. Foi quando o médico saiu de dentro do quarto a abanar a cabeça que eu soube.

O meu herói morreu. 

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Anaxx

Amanha se calhar ponho mais :))

Abandoned || H.S.Where stories live. Discover now