Wonderland?

III

— É Dr., existem muitas coisas que dizem sobre esse lugar. Eles dizem que para sobreviver aqui você precisa ser louco, o que, por acaso, eu sou.

...

Talvez Jung Hoseok fosse o gato.

Na mente de Kim Namjoon, aquilo faria sentido, já que a cada comentário, o garoto abria um sorriso enorme, e isso o lembrava o gato, com uma certa loucura no olhar.
Porém, todos ali eram loucos, e o que o jovem mais temia, era ferir algum inocente, não se perdoaria caso algo assim acontecesse.

— Você pensa muito — Park Jimin observou — O que tanto passa por essa cabeça?

Enquanto o garoto contornava seus olhos com lápis de olho preto, na mesa do refeitório, Nam o observava, com a mente rodeada pelos palpites sobre os outros pacientes.

— Acho que já tenho alguma noção de alguns personagens.

O garoto baixinho lhe abriu um sorriso debochado, guardando a maquiagem.

— E sobre a Alice?

— Nem ideia — teve de admitir.

— Então não importa o resto.

Park Jimin era uma incógnita, e nunca se era possível saber a que lado pertencia, o que fazia o Kim questionar o papel que ele havia pego.

Sorriu miúdo, balançando a mão em um tchau, seguindo pelo refeitório, até o corredor dos quartos.

Em seu caminho, sua mente jamais descansou, e por esse motivo, nem sentiu o toque de mãos suaves em seu abdômen, lhe abraçando.

— Dahyun?

A garota sorriu, balançando os cabelos desgrenhados.

— Dr. Kim disse que estavam fazendo um jogo, e que eu tinha que participar.

O sorriso gracioso da mesma, impediu a mente do Namjoon para raciocinar propriamente a situação.

— Uh, e vai me contar qual personagem você é?

Um estalar de língua e um sorriso, foi tudo o que teve.

— Só direi, que vou proteger e acompanhar vocês.

Então, Namjoon deu de ombros, se encantando com a borboleta multicolor que ficava na janela. Quase tomou o rumo dos jardins, quando foi impedido pela mãozinha fofa da garota.

— Jonnie, não. — antes de perguntar o motivo, Dahyun apenas sorriu fraco, aproximando a boca do ouvido do mesmo — Tem um garoto surtando lá, alguém derrubou o canteiro de flores vermelhas.

...

— É óbvio que eles são os gordinhos!

Jackson bateu na mesa com ambos os punhos.

— E aposto que sabem sobre isso! Não param de discordar e ficam sempre desmentindo um ao outro.

Apesar da regra sobre não falar de suas descobertas e palpites com os outros, Jackson Wang falava sobre isso com Jung Hoseok.

— Seria óbvio demais — Hoseok explicou — Seria maluco ao extremo que eles fossem exatamente o que eram antes.

— Você não fala coisa com coisa — o outro revirou os olhos ao ter sua teoria questionada, se levantando para seguir Jung Hoseok.

— Ou talvez, seja você que não entenda.

Diferentemente dos outros, mesmo que cada um tivesse uma personalidade de destaque, a própria personalidade de Hoseok era questionável, nem mesmo os médicos sabiam a que tratamento o mesmo deveria ser submetido, então apenas o mantinham ali.

O Jung apenas aproveitava a comida, fazia piadas, reclamava das poucas cores nas paredes e achava quase tudo sem graça.

— Você acha que Daehyun é a Alice? Ela entrou no jogo só depois, e ainda é uma menina.

Novamente, Jackson recebeu uma risada em resposta.

— Você é muito óbvio, Wang! Até parece que um sorteio ia fazer com que a única garota fosse a Alice. — riu fraco,  se sentando no sofá — É como sugerir que Park Jimin seja o Dormidongo por ser baixinho, ou que Jinyoung seja o Dodô por gritar como a "narceja" de Up Altas Aventuras.

Ponderando, Jackson acabou por concordar, nem tudo era tão claro e fácil assim.
Talvez ele apenas quisesse descobrir quem era a Alice logo e acabar com aquela palhaçada, já que tinha plena consciência que poderia levar séculos para um final de jogo.

Próximo a eles, Min Yoongi mexia em um bloco de notas, e quando perguntaram o que o garoto tanto analisava, ele murmurou:

— Teorias — e com um olhar esnobe, franziu o nariz — Vocês não entenderiam.

Ao terminar sua frase, um jovem, batendo o pé, adentrou o cômodo também, com os tênis cobertos por terra, assim como suas mãos.

Os olhos de Yoongi brilharam em provocações.

— Olá, majestade.

Ao ser fuzilado com os olhos, o Min piscou para Hoseok, entregando a oportunidade perfeita de um dos pacientes descobrir um dos personagens.

O Jung entre abriu os lábios, baixinho, sorrindo como um lunático, falou.

— Fora cabeçuda.