07 - Seus dias estão contados

7 1 0
                                    

Foi duro para Derick receber a notícia de que – quando grandes – os patos serviam de alimento.

— Eles não são como os outros animais – começou Judith — que aprendem a falar como nós, são como os animais da vila – o menino se lembrou da imagem das galinhas e porcos que eram criados na pequena vila — um pato não serve para ser um bichinho de estimação, tão quão não são os melhores para se ter como amigo.

Derick pareceu triste. E estava realmente.

— Então... Não vou poder ficar com ele?

— Eu não posso dizer não pra essa carinha! – encostou o indicador no nariz de Derick que sorriu.

— Não vai querer assá-lo depois, vai? – perguntou o menino para se certificar.

— Não, não mesmo! Por acaso já falei sobre assar Esquilo?

— Não.

— Aí está, agora, vamos jantar antes que o caldo esfrie! – abraçou o menino e lhe deixou um beijo na testa. Olhou para o pequenino Pato que dormia na pequena caminha que Derick lhe providenciou.

Desceu com Judith para a câmara de jantar com abóbada com janelas de vidro. Derick desde que entrou pela primeira vez naquele lugar se perguntou do que era feito o teto branco curvado, mas nunca soube se explicar, nem ousou perguntar para a mulher lhe o levou para lá tão gentilmente.

— Parece uma casca de ovo gigantesco! – comentou com Rally, a menina de cabelos cor de rosa e pele escura.

— É, olhando bem! – a menina apertou os olhos para assim tentar ver melhor.

Judith olhou para o rosto de cada uma das crianças sentadas a mesa, apenas os aguardando para o jantar. Rine, e Suh ajudaram Judith a servir as tigelas com o caldo de cenoura, beterraba e ervilhas. A mulher sábia bem como usar as ervas que cresciam na floresta para dar um ótimo sabor aos pratos que preparava por mais simples que fossem.

Judith buscou uma travessa de madeira com pães de grão-de-bico, para que as crianças comessem junto ao caldo.

Judith estava diferente nos últimos dias, algo que não passou despercebido por alguns dos mais velhos, dentre as crianças, que percebiam que a diferença na face da mulher não era causada pela luz das velas de cebo.

Derick virava a tigela, bebendo o pouco que restava do espesso e delicioso caldo.

Pegou um pedaço de pão arrancou-lhe um ou dois pedacinhos para comer e já se ia para seu quarto com o restante em mãos.

— Ãn ãn ãn, onde vai? – Foi Judith quem o parou — O que já disse sobre sair da mesa sem todos terem terminado?!

— Tudo bem. – Derick se sentou novamente na cadeira, um pouco alta a ponto de seus pés ficarem suspensos. O menino começou a balançar os pés.

Assim que todos terminaram de comer, Derick enfim deixou a mesa com um suspiro. Foi para o quarto, levando consigo o pedaço de pão que reservou consigo.

Ao chegar lá se deu com Pato que lhe saudou: — Quack!

— Oi pra você também amiguinho. – Aqui! – esmigalhou o pão sobre sua mão. Pato apanhava os pedacinhos com o bico fazendo cócegas na mão do menino, que ria largamente.

— Ei Derick – Alle apareceu — este aí é seu amigo pato? Ele é bem engraçado.

— É sim. – são disse ao que respondia.

— Ei pato amigo do Derick, você já sabe não é?! Espere só você crescer, sabe o que vai acontecer? – disse ao animalzinho que deu um “Quack” como resposta. — Você vai virar jan...

— Chega! – Charle falou alto da porta. A luz das velas não o iluminavam bem. — Deixe Derick em paz! – disse como um irmão mais velho.

Alle apenas saiu de perto dos dois(Derick e Pato), o outro se aproximou.

— Posso? – perguntou a Derick, indicando o pão. O de cabelos azuis concordou com a cabeça sorrindo sem mostrar os dentes.

Charle encheu a mão de migalhas. Pato abicanhava tudo... Espera... Essa palavra existe? Agora existe! O menino mais velho também riu, enquanto o outro estava deitado em sua cama com cara de emburrado.

Quando os passarinhos cantaram anunciando o nascer do sol Derick pulou da cama, afinal a luz radiante lhe entrava pela janela ao lado da cama.

Pato ainda dormia, mas Derick o acordou, o seu querido Quack lhe subiu na mão e o menino o pôs no ombro. Os outros dois meninos ainda dormiam. Aliás, todos ainda dormiam. Derick com o máximo de cuidado para minimizar os ruídos do chão de madeira, andou inflado, levando um pé após o outro, bem devagar...

Abriu a porta e saiu da casa, da qual o quintal era a floresta. Naquela hora, as fadas ainda não haviam revoado do prado, então este pegou Pato e pôs entre as mãos para assim correr a ponto de ver a dança das cincitilantes fadas verdes ser encerrada pelo sol. Mas chegando lá, o espetáculo não era o esperado, não havia a graciosidade, nem a relva de antes. O prado fora limpo da relva, e fadas não haviam alí. Ao menos ele reconheceu sua árvore falante presa próxima ao riacho, com alguns galhos em falta, e folhas também.

— Ei Tutto... – pôs Pato ao seu lado. A árvore não respondeu.

— Ei Tutto!!! – vociferou a criança.

— Criança...

— Está tudo bem Tutto?

— Está sim... – disse a árvore como se um esquilo houvesse feito uma toca em seu interior. — Quem é esse aí?

— Ah, este é Quack, ele é um pato! – ficou feliz em afirmar, o garoto.

— Sim, sim... – a árvore chiou — Mas os patos só vivem no lago solitário. – chiou mais uma vez.

— Tutto, não parece estar bem como disse.

— Estou sim – disse calmo — apenas é difícil respirar, logo minhas folhas crescem. Aquela enxurrada foi realmente forte.

— Sujou toda a casa!

— Ah, foi?

— Foi sim! Para onde as fadas foram? – perguntou à árvore.

— Tem algumas entre minhas folhas, poucas na floresta... A maior parte... Deve ter fugido para longe... Ou teve os ninhos levados pela água...

— Isso é mau.

— Nem todas as coisas nestas terras são boas... A maioria é injusta... E causa dor – chiou mais uma vez. Derick assistiu sobre as palavras.

— Vou deixá-lo descansar! E ah, me desculpe por não ter vindo antes...

— Eu é que não fui te ver! – Tutto disse. Derick apenas cerrou os olhos. Chamou por Quack que o seguiu com pés ágeis demais para seu tamanho diminuto.

O menino e seu patoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon