Jantar em Família

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Deixamos a escola um pouco depois do Bokuto, afinal Dan tinha o carro dele e o restaurante preferido do meu pai era um pouco mais distante da escola.

Estava com o cotovelo apoiado na janela apenas observando a paisagem passar.

Senti Dan olhando para mim com o canto dos olhos e virei a minha cabeça na direção dele. – O que foi? Se quer falar alguma coisa fale logo.

Ele suspirou e sorriu – Você sempre está na defensiva... Não podemos tem apenas uma conversa como bons irmãos? Afinal quanto tempo faz que não conversamos como família e não como treinador e jogadora?

Olhei pra ele e sorri sarcástica – Jura? E sobre o que você quer conversar nii-san.

-Bem... você é uma jovem... é normal se interessar por caras e tam-

-Não. – Interrompi ele no meio da fala – Eu não preciso ouvir esse tipo de conversa.

Uma veia saltou na testa dele e ele apetou o volante nas mãos – Escuta aqui pirralha! Isso não está sendo fácil pra mim também tá? Mas eu sou o mais velho e tenho o dever de te avisar sobre meninos e s-

Tampei meus ouvidos – Não estou te ouvindo! La la la.

-Pare de agir como uma criança – ele puxou meu braço logo depois de ter parado no estacionamento, enquanto eu lutava contra ele ainda com o cinto de segurança – Você precisa saber como se proteger das –

-Eu sei como bebês nascem não preciso ouvir isso de você, seu mulherengo de araque! – empurrei os braços dele. 

Três batidas no vidro o fizeram paralisar – Hey! O que vocês estão fazendo? Vamos logo.

Acho que eu nunca fiquei tão feliz por ter visto o rosto do meu pai, salva pelo gongo. Mostrei a língua pra Dan e saltei pra fora o mais rápido possível. Ele também saiu arrumando o cabelo e a camisa que estava desalinhada.

Abracei meu pai pela cintura e ele passou a mão no meu cabelo rindo – Vocês dois nunca tomam jeito não é?

-Humpf – Dan colocou as mãos nos bolsos – Podemos só entrar logo?

-Claro, sua mãe já está na mesa – Seguimos pra dentro do restaurante, não era muito grande mas tinha a maioria das mesas cheias e a atmosfera familiar e tradicional parecia muito aconchegante.

Minha mãe conversava alegremente com a garçonete já conhecida e sorriu quando nos viu aproximando da mesa – Oh, porque vocês demoraram? Dan, [Nome] vocês estão meio vermelhos aconteceu alguma coisa?

-Ah, esses dois estavam quase se matando dentro do carro – meu pai comentou assim que se sentou – O porque, fica na dúvida.

-[Nome] precisa se tocar que ela está na idade de saber algumas coisas sobre a vida escolar – Dan me fuzilou com os olhos.

-Dan que precisa aprender a não meter o nariz onde não é da conta dele – retruquei me sentando.

Minha mãe riu e apoiou as mãos embaixo do queixo – Oh isso é novo mesmo vindo de vocês, será que tem algo que eu e seu pai deveríamos saber? – Minha mãe me olhou nos olhos, isso não tinha nenhuma possibilidade de terminar de uma maneira boa.

Ela era uma mulher bem peculiar, uma psicóloga especializada em comportamento, mestre em observação e rainha em me fazer passar vergonha.

-Será que a minha [Nome] arrumou um namorado? – ela bateu as mãos junto e sorriu animada.

Engasguei com a minha própria saliva e enquanto me afogava ela continuou – E Dan está preocupado em preservar a inocência da irmãzinha? Agindo como o mais velho? Ou será que está com ciúmes?

Quem engasgou com a conversa agora foi ele – Eu não estou com ciúmes! É só que... Eu sei como os garotos pensam nessa idade.

Me afundei na cadeira, porque uma vez na vida não podemos ter um jantar normal?

-Vamos lá, eu tenho confiança na filha que eu criei. – Pelo menos alguém me defendia nessa família. – Tenho certeza [Nome] vai se cuidar quando tiver uma vida sexual ativa e vai tomar as providências necessárias.

Falei cedo demais – Pai! Isso não é coisa que se fale num jantar! Podemos mudar de assunto? Obrigada!

-Tudo bem! – Minha mãe levantou as mãos em rendição mas ainda com um tom de risada – Chegar de brincar com a [Nome] hoje, como estão indo as coisas com o time?

Suspirei, pelo menos ela mudou de assunto.

***

O jantar depois de toda a cena com meus pais se unindo a Dan para tirar uma com a minha cara não teve nada de especial. Apenas comentários sobre os parentes, as reclamações dos serviços e planos de viajem para as férias.

Meu pai pagou a conta e nós voltamos para casa, alguns pensamentos martelavam na minha cabeça. Por isso logo após colocar meu pijama eu desci para a cozinha, todos os dias meus pais tomavam um chá antes de dormir e hoje não era diferente.

Os dois estavam sentados lado a lado no balcão levemente escorados um no outro, meu pai tinha o braço nos ombros da minha mãe enquanto ela tinha a cabeça no ombro dele. Enquanto isso a fumaça do chá subia em espirais e se dispersava quando se igualava a temperatura do ar.

Até parecia uma cena de um romance qualquer... Bati no batente da porta anunciando que eu estava ali, e eles se viraram na minha direção. Não precisei falar nada eles apenas sorriram.

-Acho que vou deixar as meninas terem uma conversa – meu pai se retirou da cozinha mas não sem antes bagunçar o meu cabelo.

-[Nome] quer uma xícara de chá?

Acenei com a cabeça, me sentei na frente da minha mãe. E ela esperou pacientemente eu começar a falar.

-Eu tenho essa amiga na escola... – comecei a falar – Qualquer coisa a deixa muito animada ou muito pra baixo. Normalmente costuma ser bem fácil de ler as expressões no rosto dela. Mas hoje depois do jogo eu não consegui ver nada, era como ela estivesse perdida dentro dela mesma sem saber como voltar...

-E você ficou assustada pelo desconhecido? E com medo de não saber como ajudar? – minha mãe perguntou.

Concordei.

-Algumas pessoas são extremamente sensíveis a falas e gestos. Por isso tendem a se apoiar em alguém com quem elas se sentem confortáveis e confiam... 

-Provavelmente se você ficar perto dele e o apoiar vai ser a melhor ajuda que você vai poder dar. - ela segurou a minha mão em cima do balcão e deu dois tapinhas

-É... – resmunguei e algo estalou na minha cabeça – Espera... como a senhora sabe que é ele?

-Quando você fala das meninas sempre usa o nome delas, achei estranho não falar – ela se levantou sorrindo e eu senti meu rosto esquentar – E outra, eu sou sua mãe sempre sei o que se passa no coração dos meus filhos.


N/A: Yay! Capítulo mais levinho hoje, mais bobinho pra dar uma quebrada na linha mais séria do negócio. Obrigada por continuarem dando apoio a história! Até mais Xx.

Legends - (Bokuto x Leitora)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora