⛈|Is raining here

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  Eu havia perdido a noção do tempo enquanto estava ali o observando e ouvindo-o. Eu mal sabia que horas eram, ou quanto tempo eu havia passado ali junto à ele, mas sei que fora muito tempo, pois cheguei com o céu um pouco claro por causa das nuvens cinzas que o cobriam anunciando que uma chuva viria, e eu já não via mais as nuvens agora.

  Dentro desse tempo, eu havia aprendido um pouco mais sobre experimentar coisas novas, descobri que o chocolate-quente dali era realmente muito bom, e que eu poderia sim me apaixonar por alguém vendo-o apenas uma vez.

  Digo isso pois o ruivo a minha frente me fazia me sentir desta forma, mesmo o conhecendo hoje, seus olhinhos brilhantes - cujo chamaram mesmo minha atenção - aqueceram meu coração, e eu nunca tinha tido uma experiência como essa, deixar me levar a uma conversa com um estranho, e acabar com coração batendo mais forte pelo mesmo.

  Era incrível, pois nesse curto período que passamos juntos, eu pude ver o quão fofo alguém poderia ser. Ele corava quando ficava envergonhado, cobria o rosto com as mãos quando gargalhava, junto com seus olhinhos que sorriam junto aos seus lábios. Suas pernas balançavam mesmo alcançando o chão, e eu perdi a conta de quantas vezes ele passou a mão do cabelo. Sentia inveja dele mesmo por fazer isso, pois queria ter aqueles cabelos em minhas mãos também.

  Ele tinha uma voz doce, calma e rouca - por conta do frio ele havia me dito - que eu passaria horas e horas ouvindo e não me enjoaria, pois além de sempre puxar um assunto novo, sua voz parecia música em meus ouvidos, daquela que você põe no repeat e esquece que ela está lá.

De repente, um estrondo invade o local em que estávamos, e o céu que anunciava a tempestade, agora está caindo em chuva, uma chuva repentina e forte, muito forte, ela não começou fraca e fora se agravando, ela desceu de vez, e pude ver o desconforto da criatura em minha frente.

— Eu não gosto de chuvas, elas me trazem más lembranças. — Ele resmungou.

— Bem, eu gosto das chuvas. — Pensei em algo para dizer, e logo lembrei: — Se você parar pra pensar, a chuva está muito bonita agora. Nós estamos compartilhando da presença um do outro aqui dentro, estamos aquecidos e protegidos da chuva, além de ter a visão dos vidros embaçados e as gotas que se prendem a eles. É uma visão bonita, e me faz pensar que se você prestar atenção ao seu redor, a chuva é algo bonito de se apreciar.

— E quanto às pessoas que dizem aquela frase "Você diz que gosta da chuva, mas insiste em usar um guarda-chuva para não se molhar." Como que elas ficam? Elas não gostam realmente da chuva? —questionou tomando um gole de sua segunda xícara de chocolate.

Eu percebi que sempre que eu falava algo, ele demonstrava interesse em saber tudo sobre aquilo, e isso me fez ter uma pontinha de esperança sobre a sociedade em que as pessoas estão focadas em telas de celulares, e perdem uma oportunidade como essa de ter alguém com quem conversar pessoalmente e sentir o calor dessa pessoa, olhar para o céu, e imaginar desenhos nas nuvens, sentir o calor do por do sol, e não ver fotos disso pelas redes sociais. Eu uso celular, e com certeza tenho redes sociais sim, mas admirar as coisas a nossa volta parece mais interessante do que ver pessoas tentando seguir um estilo de vida único e monótono que estão expostos em uma timeline.

— Na verdade elas podem sim gostar da chuva, é que não é nada confortável se molhar todo, a não ser que você tenha essa vontade, por exemplo, quando mais novo, eu tomava banho de chuva. Era ótimo, depois minha mãe me dava um banho quente, e eu ficava com um belo de um resfriado, mas era diversão na certa. — disse e ele sorriu ao ouvir minhas palavras. — nós podemos achar essa chuva bonita daqui de dentro, não há problema nenhum, é apenas saber usar o próprio ponto de vista.

— Oh... entendi... — afirmou assentindo com a cabeça. — Eu estou aqui com você agora, então, a chuva está realmente bonita. Mas os barulhos assustam.

— Confesso que também tenho um certo medo de trovões e relâmpagos. Duas nuvens se chocando provocando um barulho imenso e um flash de luz momentâneo me parece assustador. Mas se você por sua música favorita para tocar, o som fica agradável.

O ruivo nada disse, apenas ficou me encarando fixamente com seus lindos pares de olhos, e tudo a minha volta pareceu ficar em câmera lenta. Ele pôs uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e sorriu tímido. Juro que esse ato poderia me ter feito morrer ali mesmo.

— Quando pequeno, eu estava passando as férias na casa de minha avó, era no campo, uma casinha simples mas aconchegante e bonita. — ele começou a contar e eu prestava atenção em suas palavras. Não é fácil falar sobre coisas ruins do passado. — Eu estava com a minha avó assistindo desenho na sala, quando um homem entrou pela porta da entrada, ele já havia entrado com a arma na mão, meu avô estava dormindo no quarto... E eu até hoje não consigo entender porque aquele homem matou a minha avó, eu vi com meus próprios olhos aquilo acontecer, e então começou a chover, chover muito.

Eu não fazia ideia do que dizer neste exato momento.

— Mas você não pode culpar a chuva por isso, ela só apareceu em um momento ruim, ela não é mal...

— Eu sei que não deveria culpá-la, mas ela me faz lembrar, e é ruim, mas... se for para estar com você aqui e agora, eu não quero que essa chuva acabe tão depressa. — disse sincero enquanto seus lábios formavam um pequeno sorriso.

— Eu sinto o mesmo, ruivinho.
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Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 09, 2018 ⏰

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