Capítulo 3 - O futuro Califa

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Aqueles belos olhos fitavam-me espantados. Vi-o a analisar-me e a fixar o seu olhar nas minhas mãos, na espada. O que faço agora? Ele levantou-se devagar e aproximou-se. Quanto mais ele se aproximava mais eu me afastava. Tinha de me lembrar que as mulheres naquela época não tinham praticamente nenhum direito.

- Vai devolver-me a espada ou terei de a tomar das suas mãos?-questionou tentando tirar-me a espada

- Só a devolverei quando me disser quem é e o porquê de o tentarem matar!-disse corajosa

- Se estivéssemos no meu país poderia mandá-la matar por essa ousadia!

- De onde vem?

- Das Arábias. Como vim aqui parar? Eu estava no meu chebec.

- Eu trouxe-o para a praia. Tinha as mãos atadas e os pés amarrados a uma âncora.

- Deve ter sido Kaim! Maldito! Quer ficar com o trono á força! Mas eu vou voltar e chegar primeiro que ele lá!

Não devo mencionar a minha religião, nem as minhas crenças. Isso poderia pôr-me em risco.

- Como pensa chegar lá?-questionei curiosa

- No meu chebec! Kaim nunca o afundaria! Agora devolva a minha espada para que eu possa ir à procura de meu barco!

- Não confio em si e não penso devolver-lhe a espada por enquanto.

- Desafia-me a tal ponto? Pois bem se não tenciona devolver-me a espada terá de vir comigo.-colocou-me ao ombro e entrou na floresta

- Largue-me! Não tem esse direito!

- Claro que tenho! Eu serei califa!

- No meu país as mulheres têm direitos e podem condenar um homem apenas por olhá-las!

Ele riu continuando a andar. Debati-me e tentar libertar-me, porém ele era muito forte. Desisti e fiquei quieta.

- Disse ser o próximo califa. Então isso significa que tem o sangue de Maomé?

- Sim. Sou Hassan Fadel Bagdá. De certeza que nunca decoraria o meu nome completo.

- Hassan? Eu conheço esse nome de algum lado. E Kaim é o mais velho?

- Não. Eu sou o filho mais velho. Por isso ouviu falar de mim! O primeiro da esposa favorita de Khaled Bagdá, a formosa Serene Davidson.

- Uma mulher inglesa?

- Sim. Poucos árabes possuem olhos verdes. Isso faz-me pensar... donde vem?

- Eu bem. Sou de Inglaterra, mas vivo em Portugal.

- Não parece uma mulher árabe. Tem os olhos e a pele demasiado claros.

- Pois. Não podia-me pôr no chão? Eu não vou fugir de qualquer forma. Eu sei que me apanharia.

- É verdade.-pousou-a no chão e olhou-a- Por que nome é conhecida?

- Ah! Tinha esquecido de apresentar-me! Sou Sarah Sea Lunar.

Cumprimentei tocando no peito, em seguida nos lábios e depois na testa.

- Conhece o cumprimento árabe. Poucas pessoas o fariam.

- Neste século reinam as vénias da corte de França por todo o mundo. Mas sei que se sentem ofendidos por serem cumprimentados dessa forma por isso uso a tradicional.

- Poderia ter dito em palavras. Muitos súbditos usam está saudação.

- Se insiste. Wassalem waleikom (que a paz esteja contigo).-disse com a mão ao peito

- Waleikom wassalem (que a paz esteja contigo também).-respondeu sorridente com a mão ao peito- Pensei que não sabia as palavras e por isso limitava-se a fazer os gestos. O que mais sabe na minha língua ou sobre a cultura árabe?

- Sei algumas tradições como o Ramadão e mais algumas palavras. Poucas para ser precisa. Estudei mais o português, o espanhol, o italiano e o alemão.

- Para uma mulher estou impressionado.

- Na vossa cultura dizem que nunca se deve questionar a inteligência da outra pessoa.

- De facto. Tenho uma dúvida que não sai da minha mente. Como veio parar a esta ilha? E como sabe tanto acerca do meu país sem nunca ter estado lá? Apenas uma pessoa que lá habitasse poderia saber tão bem os meus costumes!

- Sinceramente eu vim aqui parar, por mais incrível que pareça, por um livro. Magia é a palavra.

- Magia? No meu país acreditamos em poderosos feiticeiros capazes de matar alguém sem mesmo saírem das suas casas! E o que serias nesse caso?-questionou com desconfiança

- Não sei o propósito de ter entrado no livro mas tenciono descobrir.

- Nada de estranho lhe aconteceu desde a sua chegada?

- Nada que eu me possa lembrar.-pensou mais um pouco e...- As pulseiras! Não saíram das minhas mãos quando as tentei tirar! Se calhar se eu tentar tira-las de novo.-tentou removê-la de só que algo prendia-as aos pulsos

- Eu vou tentar!-disse tocando-lhes

No momento em que as tocou uma luz muito forte saiu de dentro delas.

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Um Amor De outro MundoWhere stories live. Discover now