Um

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Torpor 

— Como foi a escola, querida? — SeokJin questionou assim que a sobrinha entrou no carro, sentindo-se aquecida. Tinha uma aparência calma e serena, mas ele sabia que não era assim que ela se encontrava. — Fez amigos?

— Foi normal. — respondeu, colocando o cinto. — Podemos ir para casa?

— Claro, tenho que passar na delegacia mas será rápido, okay? — perguntou, recebendo apenas um aceno de cabeça como resposta.

Quando virou a esquina, ele teve que olhar duas vezes: achou ter visto um conhecido. Mas apenas balançou a cabeça em negação, não vira ninguém.

(S/N) estava mais uma vez com os fones socados no ouvido. O volume não era alto, mas ela parecia estar fora de órbita, como se em outro mundo. A expressão severa de tristeza era evidente agora, e Jin imaginou como realmente fora o primeiro dia de aula. A Kim não saiu do carro, não quis conhecer os colegas de trabalho, na verdade não quis nem abrir os olhos. Ver o tio naquele uniforme a machucava o suficiente: lembrava-lhe o pai, e a profissão — que ela amaldiçoava por ter lhe tirado a vida. Não entraria naquele lugar, não, ela conhecia o ambiente, aquilo era alegre, fervoroso, familiar.

Definitivamente, não.

— Pronto. — ouviu a voz de SeokJin, e o barulho do cinto sendo colocado. — Porque não abre os olhos, (S/N)? — disse de forma doce, olhando a menina.

— Eu não quero. — a voz dela parecia quebrada, e sentia uma falta de ar esmagadora. Começou a tremer novamente, mesmo com o ar quente do carro. SeokJin suspirou, murmurando um "desculpe pequena".

— Tudo bem. — falou, ligando o som, e finalmente foram para "casa".

Quando chegaram no apartamento do Prédio Central de Daegu, um prédio de época, ela passou reto pelo porteiro, pelo mediador eletrônico (que ficava no elevador auxiliando visitantes e moradores), pelos vizinhos e até Kai, o filho da Sra Jung, a quem se apegou levemente: o menino era encantador e a fazia sorrir de vez em quando, o que era quase um milagre. Tudo o que queria era deitar em sua cama, entrar na posição fetal e chorar, até que a falta de ar, o peso asfixiante no peito tivessem ido embora.

SeokJin adentrou o quarto, horas depois, e a encontrou chorando, — não era alto, mas os soluços eram perceptíveis — justamente em posição fetal. Ela se encolheu, agarrando-se como se sua vida dependesse disso.

— Meu amor... o que foi? — fez carinho por cima da coberta e o pranto aumentou. Já tinha tirado o uniforme, e se sentia culpado. Fazê-la reviver tão cedo... não era tão cedo, tinham quase 7 meses que NamJoon se fora, mas a menina recusava-se a aceitar, e no fundo, ele também. Mas tinha trabalho, e uma sobrinha para criar. — Me desculpe, eu... eu não pensei direito. Desculpa o tio, (S/N)?

A resposta foi um abraço: ela retirou a coberta e o apertou, forte, contra si. Apenas chorou, — as gotículas molharam por inteiro a blusa de malha do Kim — chorou muito.

Foi a última vez que SeokJin viu a sobrinha viva. Terrivelmente triste, mas viva.

Nos dias que se seguiram, ela parecia algo automático.

Como um robô.

Nos dias que se seguiram, (S/N) foi asfixiada pelo torpor.

[...]

— Bom dia, Assombração! — YoonGi a saudou, numa alegria maldosa. (S/N) no entanto, fingiu não ouvir, ela sequer suspirou como de costume, o que deixou o Min colérico. — Estou falando com você, meio metro.

Attention - Min YoonGiOn viuen les histories. Descobreix ara