Meu calcanhar de aquiles

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Yohana

Confesso que fiquei um pouco chateada por Marina encerrar nossa conversa e agi sem pensar, quando umas meninas me chamaram pra ir para o refeitório com elas e os amigos, eu fui sem nem falar nada com Marina.
Eu estava sem fome, tinha comido uma maçã no café da manhã, estava conversando com Camille sobre as matérias que eu perdi e se ela poderia me passar todas, mas foi em vão, porque ela não copiava nada, nem conversar a menina sabia, ela já estava me estressando com papo de que queria ficar comigo e eu não queria, então simplesmente dei um fora nela.

-Camille, quando eu quiser ficar contigo, pode deixar que eu te procuro.

-Ok. Respondeu Camille totalmente sem graça

Os outros me olharam surpresos com a minha resposta, mas quando aquela menina entrou no refeitório, eu não tinha cabeça para mais nada além dela, o que estava acontecendo? Eu nunca tinha ficado desse jeito por ninguém, talvez fosse só sisma, eu não estava sentindo nada além de uma culpa por ter sido idiota.

Quando observei ela direito, estava de mãos dadas com uma menina bem bonita, pra ser sincera, mas aquilo me incomodou, fuzilei a menina com o olhar e fiquei observando as duas, elas se sentaram em uma mesa cheia de meninos, fiquei encarando ela com muita raiva, até que nossos olhares se encontraram e ela corou, percebeu que estava com raiva, foi aí que decidi tomar uma iniciativa.

Andei em passos largos até a mesa dela e sentei do seu lado, olhei em seus olhos e pronto, meu mundo desabou, eu queria falar várias coisas, mas as palavras não saiam, a única coisa que saiu foi:

-Oi, queria me desculpar por vim ao refeitório sem ter te dado uma satisfação

-Oiii, você não precisa me dar uma satisfação, ta tudo bem e me desculpa por ter encerrado o assunto só não queria lhe prejudicar. Falou ela com o rostinho todo vermelho.

-Tudo bem, essa menina aí e sua namorada? Perguntei logo de cara, eu não queria que ela tivesse namorando, fiquei com ciúmes, admito e não gostava de me sentir assim.

-Quem? Scarlet? Nãoo. Ela gargalhou, aquela gargalhada maravilhosa e que eu estava adorando

Todos ficaram nos observando enquanto conversávamos, pareciam estar curiosos sobre o assunto, depois de toda essa conversa, fomos pra sala juntas e ficamos conversando durante várias aulas, foi quando eu descobri que ela tem medo de formiga.

Assim que a última aula terminou, guardei as coisas na minha mochila e me aproximei, ela estava guardando os materiais.

-Eu queria saber se posso te levar em casa. Dou um sorriso e seguro em sua mão.

-Não sei se é uma boa ideia. Senti seu toque em minha mão e meu corpo todo estremeceu, olhei em seus olhos e me perdi no mar verde de suas íris.

-Por favor, se você me deixar te levar em casa, prometo que amanhã vou trazer um brownie de chocolate maravilhoso que a rosa faz. Dei um sorriso meigo.

-Como falar um não pra uma proposta dessa? Vamos?

-Vamos.

Saímos da sala e fomos direto pra casa dela, ela me contava de sua infância e de como sentia saudade, conversamos tanto que quando reparei estávamos em frente a sua casa.

-Chegamos. Ela falou.

-Bom, então até logo. Soltei meu long e a abracei, bem apertei, seu cheiro de hortelã ficou empreguinado na minha blusa, minhas mãos estavam em sua cintura e o rosto dela estava na curva do meu pescoço.

Quando fomos desfazer o abraço, olhei nos olhos dela e parecia que estávamos conversando só pelos olhares, aproximei nossos lábios, porém ela recuou e sussurrou corada:

-Até amanhã, não esqueça meu brownie. Me deu um beijo na bochecha e adentrou em casa.

Subi em cima do long e cheguei em casa em 20 minutos, o caminho todo eu estava pensando nos seus lábios tocando a minha bochecha e minha pele queimando com seu toque. Cheguei em casa e o portão gigante de ouro se abriu, meu segurança Travis me olhou com reprovação e falou firme:

-Estamos todos preocupados, você saiu sem seu motorista e nem me chamou para lhe acompanhar Hana. Falou ele com uma expressão de alívio por eu estar ali.

-Desculpe Travis, eu só fui á faculdade, não vi necessidade de ser acompanhada, fora que eu iria pagar o maior mico, sendo levada com motorista e segurança. Abracei Travis.

Ela deu uma gargalhada com meu comentário e me abraçou. Contornei o jardim inteiro e me dirigi até a piscina, tirei minhas roupas, ficando apenas de calcinha e sutiã, pulei na piscina e fiquei nadando de um lado pro outro, graças aos céus, meus 10 anos de natação me ajudam muito. Fiquei nadando, até que decidi sentar na borda da piscina e na minha cabeça só se passava a loura dos olhos verdes, um sorriso surgiu em meus lábios sem perceber, estava tão distraída que nem vi D. Lola se aproximar.

-Quem é? A morena de corpo esbelto e olhos em um tom de mel esverdeado, de cabelos escuros, que batiam em sua cintura, ela era totalmente o meu oposto, tinha postura, era elegante e totalmente refinada, se sentou ao meu lado e me abraçou.

-Mamae, não tem ninguém, eu só estava perdida em meus pensamentos. Retribui o abraço e dei um sorriso.

-Ficamos preocupados Hana, como você sai assim? Sem segurança, sem motorista? Sabe como eu te amo e me preocupo.

-Mamãe, eu não posso ficar andando de motorista e segurança pra lá e pra cá, as pessoas iriam me olhar diferente.

-Não me importa Yohana, você sabe dos riscos que nossa família corre, você pode ser sequestrada a qualquer hora, não quero isso, amanhã Travis e Charles vão acompanhar você.

-Mas mamãe...

-Sem mas Yohana, estamos conversadas, agora vá tomar um banho, estamos lhe esperando na sala de jantar, rosa já preparou o jantar. Ela me deu um beijo na testa e se retirou.

Me levantei bufando, peguei minhas coisas e fui direto para meu quarto, tomei um banho bem demorado, lavei meus cabelos e coloquei uma roupa bem simples.

Desci até a sala de jantar com o cabelos úmidos e me sentei na mesa, olhei para meu pai. O louro de olhos azuis, que tinha um porte físico de atleta, papai tinha mais ao menos 1,91, isso explica o porquê de eu ter 1,80, encarei ele que já estava sentado com uma cara horrível, por sinal.

-Boa noite, papai.

-Boa noite Yohana, sua mãe já me disse que conversou com você e você já entendeu que não sairá para lugar nenhum sem segurança, mas eu queria saber se você entendeu realmente. Ele me olhou com uma expressão muito atenciosa em seu rosto.

-Papai eu não quero ficar privada, vocês estão interferindo na minha vida.

-Hana, tente entender, é para o seu bem, você sabe que nossas vidas valem muito para todas as pessoas dessa cidade, não só dessa cidade, desse país, aconteceu uma coisa no meu trabalho, uma parceria que foi encerrada e eles querem me atingir e para me atingir, certamente tentaram fazer algo contra você ou sua mãe, por favor, me escute e coopere.

Assenti e fitei um quadro que estava na parede, para qual minha mãe estava de costas. Papai pediu para que rosa e as outras empregadas servissem o jantar e foi isso que elas fizeram.

Comi e contei para meus pais sobre tudo que aconteceu na faculdade, tirando é claro algumas partes em que Marina se encontrava, depois de tudo, fui direto para a sala de filmes, que ficava no meu quarto e botei um filme qualquer e foi lá que adormeci, sem ao menos notar.

Um dia, três outonos. Where stories live. Discover now