CAPÍTULO 37-RICARDO SEQUESTRA ARMANDO (V.L.)

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Só de ouvir a voz da mãe conversando animadamente com alguém, Armando ficou mais relaxado.

Era tão bom saber que ela estava ali, tão próxima dele e tão segura...Sem a presença ameaçadora de Ricardo na casa, Armando já tinha conversado com Rodrigo e, assim que o irmão doente fosse embora, dona Célia se mudaria para a mansão.

Elaine abriu a porta e entrou, seguida por Armando que foi direto para o local onde a mãe estava sentada.

_Onde está a minha luz e a mulher mais maravilhosa da minha vida? Tá aí, minha linda? _disse beijando carinhosamente a cabeça da mãe que lhe sorria feliz com a visita do filho.

_Armandinho! Veio me ver, filho?! Que bom que você irá tomar café com a gente, pois olha que surpresa agradável. Veja quem veio me ver também!

Armando virou-se, ainda sorrindo, quando se deparou com uma visão surreal.

O coração do enfermeiro paralisou-se, enquanto ele não acreditava no que via: Ricardo segurava firme o braço de Elaine, de forma que dona Célia não podia ver, e a empregada parecia ter virado uma estátua de cera, pois estava paralisada.

Armando pensou que estava tento um pesadelo e se apoiou na beirada da mesa, se arrastando lentamente, para não assustar a mãe, até que, finalmente desabou ao lado dela.

O enfermeiro percebeu, mais do que nunca, as diferenças entre os dois irmãos, que, um dia, ele julgara serem idênticos: os ombros eram muito mais largos e as mãos maiores. Também os cabelos estavam bem maiores do que os de Rodrigo. Os olhos demoníacos e ferozes de Ricardo não tinham nada a ver com os olhos doces do homem que anoitecia e amanhecia fazendo juras de amor para Armando.

O prostituto agradeceu a Deus, mentalmente, o estado mental da mãe que não permitiu que ela percebesse nada e estivesse tranquilamente preparando o café para o filho.

Ricardo trancou a porta e colocou a chave no bolso da bermuda jeans que usava. Depois, pegou Elaine com força pelo braço e desapareceu com ela para os fundos da casa.

Armando, paralisado, ficou imaginando onde estaria Ana.

_Tome, Armandinho, como você gosta: o leite bem quente e com duas colheres de chocolate. Quando foi que você chegou de viagem?_perguntou a mãe inocente.

_Viagem?_gaguejou Armando sem conseguir desviar dos olhos de Ricardo que estavam focados nele.

_Sim. O senhor Rodrigo veio me avisar outro dia que você teve que acompanhar o irmão dele numa viagem.

_A viagem, Armando._disse Ricardo se sentando lentamente._Ele anda tão relapso, dona Célia. Coisa de jovem com a cabeça cheia de sonhos, não acha?

Aquele comentário fez com que dona Célia começasse a relatar casos de esquecimentos do seu filho, enquanto os dois homens se encaravam em silêncio.

A cabeça de Armando estava a mil: como poderia pedir ajuda sem colocar a mãe em risco?

_Armandinho, meu filho! Coma algo, menino. Vejo que voltou a emagrecer. Ele não está magrinho, senhor Rodrigo?

_Tem trabalhado demais, dona Célia. Sabe como é, seu filho é muito bondoso e, às vezes, além de servir a meu irmão, também gosta de servir a mim.

_E vejo que ele está cuidando bem do senhor, senhor Rodrigo. Meu Deus! O senhor parece estar mais forte, mais crescido...

_Pois é...ele cuida tão bem de nós dois que se esquece de cuidar de si mesmo._disse Ricardo irônico.

GÊMEOS: ENTRE A LUZ E A ESCURIDÃO/ versão light-não contém cenas de violênciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora