CAPÍTULO 15-ARMANDO DESCOBRE QUE RICARDO NÃO MORREU! (V.L.)

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Três dias depois, os empregados foram surpreendidos pelo enfermeiro que entrava na cozinha.

_Olha quem veio jantar com a gente._Nestor disse rindo amparando Armando.

As mulheres sentadas à mesa não esconderam o entusiasmo por vê-lo de pé.

_Ai, meu Deus...será que não irá atrapalhar a sua recuperação, Armando?_disse tia Eustáquia preocupada.

_Espero que não, tia. Já não aguentava mais ficar deitado. Daqui a pouco, criarei raízes!

Elaine e Judite não se controlaram e vieram ajudá-lo a se sentar, rindo e lhe dando beijos.

Nestor correu para colocar uma almofada enorme para o rapaz se sentar lentamente, ainda fazendo uma cara de dor e receio de sentar.

Armando não deixou de notar que o único que não esboçara reação alguma fora César que se limitara a parar de comer e a pregar os olhos na mesa.

Mesmo ainda falando meio rouco e parando várias vezes para recuperar o fôlego, Armando não poupou as garotas de suas histórias hilárias sobre os clientes mais estranhos que ele recebia no Gordo. Vez ou outra, era possível perceber que até tia Eustáquia não aguentava e ria também, assim como Nestor.

_Não vejo a hora de conseguir engolir algo mais sólido, gente. Sopinhas e gelatina estão me deixando enjoado.

Assustaram-se com Rodrigo chegando na cozinha.

_Que animação é esta, minha gente? Acho até que irei acompanhá-los.

O silêncio foi instantâneo e agora foi a vez de Armando colar os olhos na mesa.

Tia Eustáquia se adiantou.

_Claro, Rodrigo. Venha jantar conosco, sente-se aqui.

Se notou, Rodrigo não demonstrou perceber a mudança no astral da cozinha.

_Vim mais cedo e fui atraído pelas risadas de vocês. Qual é a graça, gente?_tentou empregar cordialidade à voz.

Ninguém teve coragem de falar o teor da conversa, até que Nestor pigarreou:

_São as histórias do Ar..._corrigiu-se rapidamente, diante do patrão._Do senhor Armando, senhor Rodrigo. Ele tem um jeito engraçado de contar as desventuras de sua vida que nos faz morrer de rir.

Não teve jeito: o clima que fora interrompido não poderia mais ser reconstruído.

_Senhor Armando...o senhor já parou de comer? Não comeu nada._observou tia Eustáquia.

_Desculpe-me, tia. Minha garganta ainda está doendo e eu ainda não consigo engolir certas coisas._disse em tom irônico que não passou despercebido a ninguém.

Talvez devido à tensão do momento, o enfermeiro pareceu se esquecer do estado em que se encontrava e, num impulso rápido demais, levantou-se da cadeira para sair dali.

Armando sentiu a cozinha girar e suas pernas cederam.

As mulheres gritaram e ele ouviu as cadeiras sendo agitadas, quando sentiu braços fortes o amparando antes que ele tocasse o chão.

Armando então percebeu que era Rodrigo quem o amparava.

_Tire suas mãos de mim!_disse com ódio._Nestor...você me ajuda?

Mas o enfermeiro assustou-se quando, apesar de olhar para Nestor que estava a sua frente, sentiu braços fortes o erguerem agilmente do chão e levantá-lo nos braços.

GÊMEOS: ENTRE A LUZ E A ESCURIDÃO/ versão light-não contém cenas de violênciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora